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Um brinde ao turismo de experiência

Em Otávio Rocha, Pauletti Vinhos e Vinhedos aposta na simplicidade e no aconchego para conquistar visitantes

Agregar valor ao cultivo da uva, principal atividade econômica da família, e melhorar a propriedade como um todo. Foi pensando nisso que os irmãos e sócios Mauro Pauletti, de 43 anos, e Rudinei Pauletti, de 40 anos, tiraram do papel a Pauletti Vinhos e Vinhedos, no Travessão Carvalho, no distrito de Otávio Rocha, em Flores da Cunha. 
O espaço, aberto ao púbico em 2018, ‘logo de cara’ teve que enfrenar os desafios impostos pela pandemia de Covid-19 que, por sorte, após o susto, acabaram fortalecendo o segmento. “A ideia da vinícola sempre existiu, desde os nossos avôs. Até os nossos familiares na Itália tinham e ainda tem alguns lugares com vinhedos e produção de vinhos. Então aqui nesse porão (local onde está situada a vinícola) sempre existiu vinho, desde a época que eles se estabeleceram aqui, e sempre teve essa coisa de montar uma vinícola, sempre ficou essa ideia na minha cabeça e na do meu irmão, que se formou em enologia e teve experiências na Itália, e aí fomos amadurecendo ainda mais essa ideia de trabalhar com o turismo”, lembra Mauro Pauletti que, enquanto isso, seguiu trabalhando com os parreirais e dando continuidade à tradição semeada pela família que, em 2018, ganharia um novo capítulo. 
“Desde o início trabalhamos com a ideia de turismo e venda direta de produtos, também abrimos para algumas poucas lojas especializadas e e-commerce, com produção em pequenos lotes, praticamente exclusividade”, revela o proprietário, acrescentando que atualmente possuem cerca de 4 mil garrafas engarrafadas e que a prioridade da vinícola familiar são os vinhos finos, mesmo que também trabalhem com os de mesa e com a produção de espumantes. “Temos, hoje, 10 rótulos com vinhos finos, desde o Moscato Giallo, deste ano, até o Tannat, de 14 meses de barrica de carvalho, então dentro desses vinhos finos a gente tenta agradar todos os públicos, até os mais exigentes, a gente está se preparando para isso, já temos os produtos, mas sempre estamos tentando melhorar”, frisa.
De acordo com Pauletti, as uvas utilizadas na produção de vinho não são apenas as produzidas na propriedade da família, afinal, antes ela era voltada para o comércio de uvas e a bebida era elaborada em pouca quantidade, por isso, é necessário todo um processo de adequação dos vinhedos à vinícola que, agora, já conta com o cultivo em espaldeira das variedades Chardonnay e Moscato Giallo: “Já modificou, já tem uma pequena parcela, mas, essas linhas de uva que a gente traz de fora nós não vamos deixar de ter, são uvas de regiões com selo, então vamos manter e seguir com outras linhas na propriedade também”, argumenta, acrescentando que ainda trabalham com outras culturas para poder manter a propriedade, contudo, em breve, almejam que ela trabalhe para a vinícola. 
No que diz respeito ao turismo, o proprietário acredita que integrar o Roteiro Otávio Rocha Vila Colonial ajudou bastante o empreendimento a se fortalecer e, ainda hoje, continua auxiliando: “É um caminho mais fácil para nós, uma organização, o primeiro contato é sempre no roteiro, claro que hoje já se espalhou, digamos, então muitas vezes entram em contato direto com a gente, mas sempre priorizando a rota”, esclarece.
Sobre a cooperação existente entre os estabelecimentos que integram o roteiro, ele explica: “Para os turistas a gente não indica lugares só daqui de Otávio Rocha, e sim de todas as rotas de Flores da Cunha, inclusive de Nova Pádua, e ocorre algumas situações de pessoas que não conhecem, por exemplo, Bento Gonçalves, e a gente indica. Acredito que todos façam o mesmo, porque muitas pessoas chegam até nós sem agendamento, por indicação, então grande parte delas por roteiro, é a região como um todo. É parceria e acredito que essa parceria só cresce. Se um não indicar o outro não acontece o turismo porque o turista ele só vai parar ali e voltar para casa, não vai movimentar a economia e mais destinos turísticos”, reflete o empreendedor. 
Na Pauletti Vinhos e Vinhedos o que o visitante vai encontrar depende muito da sazonalidade, mas uma coisa é certa: bons vinhos e degustação não irão faltar. Conforme o linha de frente, por vezes são feitos passeios até os vinhedos, para grupos agendados, nos quais é contada a história do local e, na época da colheita, é realizada a tradicional pisa das uvas. “Nesse período acontece muito de o pessoal vir visitar e a gente estar na poda, então o turista vai lá com a gente, explicamos, conversamos, e ele vive essa situação. O que nós oferecemos além dos vinhos é essa experiência do que se faz em cada época do ano”.
Embora haja diversos visitantes da Serra Gaúcha, a maioria deles vêm da capital, Porto Alegre, e de outros estados como Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, conforme Pauletti, geralmente são turistas que já passeiam por Gramado e querem descobrir um destino diferente no estado, aí encontram Otávio Rocha. “E aqui tem bastante essa coisa de vinhos, são experiências novas para eles, mas se pensar em hotelaria, em restaurantes, principalmente à noite em Flores da Cunha, é complicado. Então eles vêm até Bento Gonçalves, Gramado, Nova Petrópolis, Canela, ou Caxias do Sul, ficam em lugares que têm essa estrutura e depois se locomovem”, destaca, informando que o município perde muito com essa falta de estrutura, pincipalmente se levarmos em consideração o número de pessoas que vem à cidade para uma reunião de negócios, por exemplo, e poderiam aproveitar para ficar por aqui mais alguns dias, aproveitando os lugares, e que, justamente por isso, muitas vinícolas estão se movimentando para oferecer almoço em seus estabelecimentos. 
“De 2018 para cá notamos um aumento grande no número de turistas e isso, para nós, é surpreendente pela rapidez que está tendo essa demanda. Por outro lado, se for pensar, nós somos novidade, então eu acredito que tenha essa parte da curiosidade de conhecer e isso está fazendo com que tenha bastante movimento”, revela Pauletti, completando que nota que grande parte dos visitantes está em busca da simplicidade, característica que deve ser mantida no futuro, onde ele pretende investir na ampliação do local e melhoria dos produtos, o que inclui atender com uma cozinha para agregar à experiência, tornando-a ainda mais incrível. 
A Pauletti Vinhos e Vinhedos atende de domingo a segunda das 8h às 12h e das 13h às 18h30min. Preferencialmente as visitas devem ser agendadas pelo Roteiro Turístico Otávio Rocha Vila Colonial ou pelas redes sociais da vinícola no @paulettivinhosevinhedos.

Mauro Pauletti, de 43 anos, é um dos proprietários do empreendimento. - Karine Bergozza
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