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Um autêntico homem-cinema

Quando ainda era criança, o crítico de cinema e diretor de teatro Rubens Ewald Filho começou a escrever em um caderno todos os filmes que assistia.

Quando ainda era criança, o crítico de cinema e diretor de teatro Rubens Ewald Filho começou a escrever em um caderno todos os filmes que assistia. Ali, colocava, além do título, o nome dos atores, diretores, roteiristas, entre outras informações. Hoje, esses cadernos somam mais de 30 e o número de filmes assistidos chega a 30.193. Não se sabe se é algum recorde, mas a marca é respeitável. "Como muitos fãs de cinema, eu comecei a anotar tudo num caderninho escolar. Primeiro o filme, depois a sala de cinema, o nome do ator e assim por diante. Comecei a dar cotações aos filmes, por sinal as mesmas que até hoje dou em meus guias", conta. Nesta entrevista, concedida via e-mail ao O Florense, o crítico fala sobre o cinema 2009, seus filmes preferidos e a marca de mais de 30.000 filmes vistos. Confira abaixo: Sobre ele Rubens Ewald Filho é jornalista, diretor de teatro, além de ser o mais conhecido crítico brasileiro. Foi o primeiro a falar sobre filmes na tevê. É autor dos livros Dicionário dos Cineastas (editado pela primeira vez em 1997, terá sua nova edição lançada ainda este ano), Guia de Cinema, O Cinema Vai a Mesa – Histórias e Receitas e Bebendo Estrelas. Estes dois últimos em parceria com a jornalista Nilu Lebert. Fez cinema como ator e roteirista, escreveu telenovelas (a mais premiada foi Éramos Seis, juntamente com Silvio de Abreu), e dirigiu peças teatrais, como Querido Mundo, Hamlet Gashô e O Amante de Lady Chatterley. É conhecido também como o Homem do Oscar, já que faz comentários da festa de premiação desde a década de 1980. Diretor de programação e produção da HBO Brasil, esteve uma temporada no Telecine e atualmente está no programa TNT Mais Filme, em sua terceira temporada e também na Band apresentando longa-metragens. O Florense: Quais são as novidades do Guia de Cinema 2009? Rubens Ewald Filho: O Guia em si não tem muitas novidades, é igual aos anteriores. Ele traz mil e duzentas indicações de filmes novos (os guias nunca se repetem, são inteiramente novos e inéditos). Este ano tiramos o nome DVD porque não sei qual será o futuro. Estou pensando no ano que vem mudar o formato. É que coincide agora com este número grande de filmes assistidos. O Florense: Como é para o senhor comemorar 30 mil filmes assistidos? É possível lembrar de todos? Rubens: São precisamente 30.193 filmes até hoje. Anoto tudo em cadernos desde criança, desde os 11 anos de idade. Ainda tenho todos eles e por isso é fácil comprovar a veracidade (risos). Também foi num caderno que comecei a fazer a pesquisa que me levou ao livro mais importante, dicionário de cineastas e até mesmo ao Oscar. O Florense: Desse contingente todo é possível apontar um favorito? Rubens: 2001 – Uma Odisséia no Espaço de Stanley Kubrick e Fellini, Oito e Meio, de Federico Fellini. O Florense: Quantos filmes o senhor vê por dia? Rubens: Neste ano já vi 623 filmes. O Florense: O senhor já chegou a dirigir ou roteirizar algum filme? Rubens: Sim, fiz cinema como ator, roteirista, diretor de curtas, assistente de direção, ou seja, peguei experiência para poder criticar. Mas, por uma questão de ética e imparcialidade, preferi não ser diretor de cinema, apenas de teatro. O Florense: É possível lembrar qual foi o primeiro filme que assistiu? Rubens: Tarzan e as Sereias, num domingo, às dez da manhã, no Cine Atlântico, em Santos. Devia ter três ou quatro anos de idade. O Florense: Qual seria um filme indispensável para assistir? Rubens: São muitos. São cento e tantos anos de história do cinema, parece lógico que existem centenas de filmes assim. Coleções da Veja e da Folha tem ajudado a preencher essa lacuna de memória que nos temos aqui. O Florense: Como o senhor avalia 2009 para o cinema? Rubens: Artisticamente não vi coisas muito boas. É um ano de crise mundial, de falta de grana. Mas no Brasil tivemos encontros bons entre público e filmes, sucessos merecidos. O Florense: Qual a sua dica para quem deseja trabalhar com cinema? Rubens: Tem que ter paixão, porque não é fácil, como profissão. Há outras mais fáceis e estáveis. Só agora o cinema começa a se abrir como trabalho fixo, como indústria, e assim mesmo. O Florense: Aqui em Flores, há 10 anos, existe um Festival de Cinema Estudantil em que os próprios estudantes roteirizam, filmam e atuam nos curtas-metragens. Isso é um incentivo para a sétima arte? Rubens: Sem sombra de dúvida isso é um grande incentivo e apoio ao cinema. Tomara que em todo Brasil isso se sucedesse. O Florense: Certa vez o diretor Martin Scorsese declarou: "não sou crítico, gosto muito de filmes para ser um". Como o senhor avalia esses dizeres? Rubens: Mentira dele (risos). Ele é o melhor crítico do momento nos Estados Unidos. Sabe valorizar um filme, explicar o porquê. Ele é um verdadeiro cinéfilo.
Desde criança, o crítico cinematográfico Rubens Ewald Filho anota os filmes que assiste. - Divulgação
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