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Um ano depois, a recuperação

Reflexos do temporal da madrugada de 31 de outubro de 2018 ainda são percebidos na agricultura

A madrugada de 31 de outubro de 2018 ficou marcada na memória dos moradores de Flores da Cunha e Nova Pádua. O temporal que assolou os municípios deixou postes de luz caídos, destelhou casas e pavilhões, arrancou árvores e destruiu plantações. O triste cenário foi ocasionado pela chuva de granizo acompanhada de vento forte, raios e trovões que, em pouco mais de dez minutos, causou muitos estragos em moradias e lavouras. Em um período do ano em que as safras estão ganhando forma, as mais diversas culturas foram afetadas e registraram perdas significativas. Produções de frutas como uva, ameixa, pêssego, pera, maçã e caqui e de olerícolas como alho e cebola sofreram danos com a tempestade. Segundo o engenheiro agrônomo do escritório da Emater de Flores da Cunha, Raul Dalfolo, as plantações de alho e cebola perderam qualidade. “Com a chuva, muitas folhas quebraram e, como entrou água, o produto acabou apodrecendo”, diz. Quanto às videiras, o engenheiro agrônomo acredita que a produção volte ao normal no próximo ano. “Após o temporal, os agricultores tiveram que podar de forma mais drástica para que as parreiras pudessem brotar de novo”, explica. 
Em Nova Pádua, de acordo com o engenheiro agrônomo da Emater local, Willian Heintze, o processo de recuperação das plantas está melhor do que o esperado. “Mudas atingidas pelo granizo foram rebaixadas para evitar a entrada de doenças e pragas e, agora, apresentam bom desenvolvimento, apesar do atraso na formação do pomar”, afirma. Apesar disso, danos podem ser observados. “O granizo causou ferimentos que ainda refletem nas plantas. Algumas apresentaram problemas como brotações ou quebra de ramos, como é o caso da videira”, aponta. O engenheiro agrônomo diz que o vento dos últimos dias tem causado quebra nas varas das parreiras. “Com o peso das brotações novas, folhas e cachinhos, aliado à incidência de ventos fortes, tem ocorrido quebras de ramos inteiros, normalmente em um ponto onde existia ferimento”, finaliza.

Trabalho para minimizar perdas
Tanto Flores da Cunha quanto Nova Pádua sentiram a força do temporal do último dia de outubro de 2018. No Travessão Mutzel, no município paduense, o agricultor Moacir Boldrin, 70 anos, registrou perdas em produções como a de uva, cebola e alho. De acordo com Boldrin, foi preciso trabalhar muito para minimizar os prejuízos – que foram contabilizados em cerca de 80%. A família tinha seguro nos parreirais e na plantação de cebola. “Nós podamos as parreiras e esse ano elas estão bonitas. Se o tempo colaborar, a safra vai ser boa”, conta. 
Segundo o agricultor, para que a uva venha mais doce, o ideal é que o sol predomine. “Seria bom uma chuva a cada oito ou 10 dias, mas não forte e nem seguida, para não entrar doença”, declara. Muitas tempestades já passaram pelo município, mas Boldrin garante que nenhuma foi como aquela. “Já vi diversos temporais, mas aquele foi o mais feio”, recorda. Quando o mau tempo se aproxima, o agricultor tem o costume de queimar ramos de oliveira. A tradição ainda é mantida por muitos quando uma tempestade está para chegar.

Em outubro de 2018, o agricultor Moacir Boldrin teve 80% da sua produção perdida com o granizo. - Camila Baggio Neste ano, se o tempo colaborar, Boldrin estima uma boa safra. - Bruna Marini
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