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Trajes alinhavados para reviver memórias e contar histórias

Promovendo a integração do trio, os vestidos da 14ª Fecouva estão sendo desenvolvidos com o auxílio das soberanas

As peças que vestirão a rainha e as princesas da 14ª Festa Colonial da Uva (Fecouva) e 4ª Festa do Moranguinho, do distrito de Otávio Rocha, já estão sendo desenvolvidas e, na última terça-feira, dia 21, foi realizada a primeira prova. Um lindo processo que, neste ano, conta com uma dose extra de emoção: os croquis dos trajes oficiais e de passeio foram criados por uma das princesas da festa, Giovana Andreazza. 
“Sempre tive na minha cabeça a ideia de, um dia, desenhar os vestidos das soberanas, eu só não sabia que seria nessa hora em que eu me tornei princesa”, conta Giovana, formanda em Design de Moda, que se sente muito honrada e grata com a oportunidade de retratar as vestes com elementos tradicionais da festa, mas, de forma inédita. 
“Tive um tempo curto para confeccionar os croquis e sempre demora um pouco porque envolve pesquisa, criação, colocar no papel e adaptar, tudo isso dentro das possibilidades, mas, fiquei feliz com o resultado”, destaca a soberana, que colocou carinho em cada traço.
Sentimento compartilhado pela também princesa, Andressa Manosso, que acredita na simbologia presente nas entrelinhas das peças: “Cada vestido tem a sua cor, mas, eles vão se complementar e sempre trazem uma história, um significado e uma representatividade, sendo uma união do espiritual com o material, simbolizando a riqueza, a vitória e o triunfo daqueles que atravessaram o oceano e são responsáveis pelo que nós somos e temos hoje”. 
“Os vestidos vão lembrar a mulher, Otávio Rocha, a uva e o morango, os espumantes e os vinhos, o poder e o amor pelas nossas terras, a farta gastronomia, o trabalho, a união e a fé. Não são só trajes, eles significam Fecouva”, emociona-se Andressa. 
O trio conta ainda com o auxílio da soberana da edição anterior, Evelyn Marzarotto, que dará a sua contribuição nos bordados, que serão feitos a oito mãos. “Desde quando começamos os estudos para participar da Fecouva, vimos que todas as edições foram marcadas por grandes momentos e essa não vai ser diferente. Vamos ter uma edição em que, pela primeira vez, os vestidos das soberanas foram desenhados por uma soberana e vão ser confeccionados e bordados por todas elas. Isso tem um significado muito grande para nós, porque a nossa festa é marcada pela união de todas as pessoas e é a nossa comunidade que faz a festa”, evidencia a rainha, Marília Cagnin. 
“Os vestidos vão nos marcando, lembramos de cada detalhe, em qual momento da vida estávamos, e participar dessa etapa é muito especial. Estamos rodeadas de pessoas especiais e, no lançamento, o público vai perceber como vai ficar lindo, não só beleza exterior, mas tudo que está por trás, o carinho das pessoas que estão trabalhando neles, com o toque e o desenho das soberanas, é isso que queremos mostrar para todos. Eu digo que um vestido é uma verdadeira obra de arte”, salienta Marília. 
Obras de arte que ganham vida nas mãos habilidosas da costureira, Celuir Dutra, que há oito anos se dedica a esse universo e, carrega em seu currículo, um trabalho desenvolvido na 14ª Fenavindima. “Quando recebi o convite da Fecouva, em 2020, foi uma surpresa. A partir daí cada traço na parte modelagem e do corte foi pensado com muito carinho, tudo foi idealizado para que tenhamos um resultado perfeito em todos os detalhes”, frisa Celuir, que também adianta os materiais utilizados para a confecção dos vestidos: “O tecido é um cetim, para o da rainha, e um crepe, muito sofisticado, para as princesas. Também estamos usando o veludo, que representa muito os nossos antepassados”, elenca. 
 “Já o traje de passeio, estamos desenvolvendo para elas se sentirem mais leves e divulgarem a festa dessa forma. É mais simples, não envolve bordados, mas contempla muitos detalhes diferentes das edições anteriores. Eles vão trazer um legado e uma representatividade muito grande para a comunidade de Otávio Rocha”, destaca a costureira, que acredita que as vestes sejam apresentadas na primeira quinzena de janeiro.
O processo de criação e execução dos vestidos das soberanas teve de passar por algumas mudanças, uma vez que, inicialmente, seriam confeccionados pela mesma equipe que desenvolveu para as embaixatrizes, que além de Celuir, contava com a estilista Josiane Chiarani e a modelista, Milania Cavazzola. 
“A nossa festa é feita pela comunidade e os nossos recursos são escassos, então tivemos que optar por ficar com apenas uma costureira e usar a mão de obra do nosso trio para confeccionar esses vestidos tão especiais. Abrimos um novo ciclo e ele teve algumas alterações para chegar no agora”, esclarece o presidente da festa, Michael Molon. 
“Esse é um trio muito coeso e unido, então veio a oportunidade de diferenciarmos um pouco a nossa festa, e nada mais justo do que ter as soberanas nesse processo. Foi uma inovação, mas também, um orgulho”, conclui Molon, que acrescenta que essa proposta de integração deve se repetir nas próximas edições.

As soberanas da Fecouva, com a costureira Celuir, e o presidente da festa, Michael Molon, aproveitam para definir os detalhes dos trajes.   - Karine Bergozza
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