Geral

Ser mãe em tempo de quarentena

Este domingo, dia 10, será especial e diferente para elas

O distanciamento social exigirá uma comemoração diferente neste Dia das Mães. Se para muitos a data convida para um almoço em família em um lugar diferente, neste ano o momento precisará ficar restrito à reclusão do lar, em atenção à recomendação de evitar aglomerações e o contato com outras pessoas. Nesta edição do Jornal O Florense, quatro mulheres contam como a pandemia do novo coronavírus impôs novos desafios na tarefa de educar os filhos e conciliar o tempo com seus maridos e trabalhos. Muitas vezes, é preciso se desdobrar em duas, três ou até mais e assumir papéis antes impensados.

“Nosso isolamento já dura quase 50 dias. Desde que as aulas foram suspensas, só quem sai para ir trabalhar, ir ao mercado e a outros lugares necessários é meu marido. Meu espaço de trabalho é minha residência, o que me permite continuar sem haver deslocamento para o trabalho. A parte mais difícil do isolamento, além da tensão que o momento gera, com certeza, é o distanciamento físico dos amigos e da família que víamos com frequência e que gostamos de ter por perto. Nos primeiros dias, parecia que não seria possível, até porque temos na minha casa os meus pais, que têm 80 anos e são do grupo de risco. Conseguimos adaptar de forma que não tenhamos contato físico com eles. O Leonardo frequenta as videoaulas. Com o apoio dos professores, realizamos as atividades escolares diárias, que, nem de longe, substituem a presença na escola, mas me parece ser a melhor alternativa para o momento. Como mãe, tento me doar ao máximo para que esses dias sejam leves para os meus filhos. Realizamos atividades como acampamento no pátio de casa, com direito a almoço feito no fogo de chão, muita música, instrumentos musicais, jogos, cinema em casa, riscar de giz a calçada, usar tintas. Mas, por outro lado, deixamos de conviver com amigos, com familiares. Deixamos de ir às praças, clube, fazer passeios pela cidade e, até mesmo, as divertidas idas semanais à feira foram suspensas. Esse, com certeza, será um dia das mães muito diferente para a maioria.” Greize Zim Espíndola, 39 anos, confeiteira. Mãe do Leonardo, cinco anos, e da Isabella, dois anos.

“Estes dias de distanciamento social estão sendo muito desafiadores, pois foi preciso reorganizar as nossas tarefas, mudando completamente as rotinas. Além de mãe, dona de casa e terapeuta, precisei exercer a função de professora. As maiores mudanças foram pensadas no bem estar físico e emocional da Valentina, mas o meu maior desafio está sendo alfabetizá-la, pois as aulas são online e precisam de acompanhamento diário. Claro que esse fato tem nos aproximando mais como família, estamos mais unidas e consigo acompanhar a evolução dela diariamente, intercalando aulas e brincadeiras, como pular corda, circuitos com embalagens de amaciante e sabão líquido e caça ao tesouro para que ela não sinta tanta falta dos colegas de classe. A Valentina começou a dar aula para nós e já criou várias estratégias para eliminar o coronavírus. Passei a trabalhar em home office, fazendo minhas terapias online. Antes do isolamento social, eu ficava em casa meio período, dividido com ela e com as tarefas domésticas. Sei que isso vai passar e nos deixará belas lições. Espero estar cumprindo bem o meu papel, mas tudo isso só está sendo possível graças à união da família e à dedicação e ao auxílio da escola e seus colaboradores. Uma das coisas que aumentou aqui em casa foi a nossa fé e as nossas orações. Durante o período em que os freis tocavam o sino às 18h para rezar o Pai Nosso, rezamos com eles todos os dias.” Cíntia Debenetti, 43 anos, terapeuta holística e mestre reikiana. Mãe da Valentina, seis anos.


“Esse período de distanciamento foi um pouco estranho no começo, pois tivemos que evitar visitar meus pais, irmãos, sobrinhos e sogros. Mas, com ajuda da tecnologia, estamos fazendo chamadas de vídeo para matar a saudade. Um ponto positivo disso é o tempo que temos em família, pois, como estamos saindo menos, passamos mais tempo juntos com os filhos e, assim, curtimos eles ao máximo. Como estou com as duas filhas em casa, tive que deixar meu empreendimento um pouco de lado. Trabalho em casa fazendo canecas de porcelanas e copos de acrílico personalizados. Por outro lado, estou brincando e fazendo muitas atividades com as minhas filhas e marido, o que está sendo ótimo. Aos poucos estamos estabelecendo uma nova rotina dentro de casa e tentando fazer com que nossas filhas participem de tudo: brincadeiras, momento de culinária, desenhos, jogos e atividades escolares. Logo isso vai passar. Enquanto isso, vamos tentar ficar em casa protegendo uns aos outros.” Michele Schiavenin Guarese, 39 anos, educadora física. Mãe da Bianca, quatro anos, e da Aurora, cinco meses.

“Esse período está bastante confuso para todos, especialmente no que diz respeito às atividades escolares. Acredito que nem nós, pais, nem professores, grupo escolar e comunidade em si, sabíamos o que estava por vir. Como a minha profissão não pode parar, nosso trabalho foi sim, aumentado. A rotina se tornou tripla. Com quadro de funcionários reduzido, crianças em casa e empregada doméstica em quarentena, foi bem complicado. Ter as crianças em casa é motivo de alegria, mas eles precisam da rotina, e sem o compromisso com a escola, isso se perde um pouco. Ou seja, os horários de acordar, dormir, executar tarefas escolares, futebol, entre outros, foram pro espaço. Na escola, a explicação era da professora, as dúvidas eram tiradas em sala de aula e restava apenas temas e trabalhos a executar em casa. Com a pandemia, aula, conteúdo, explicação, matéria, vêm por meio digital, e assim, não tem a explicação presencial. Acredito que a maioria de nós, pais, não tenha a didática de explicar e o domínio no conteúdo de séries as quais já estudamos há bastante tempo. Sem as atividades escolares e sem atividades extra curriculares, fica difícil mantê-los ocupados por muito tempo. 
Mantivemos uma saída diária, porém mudamos o horário do passeio com nossa dog Milli. Antes era final de tarde agora passou a ser ao meio dia, horário de pouco movimento. Fomos nos adaptando. Criamos vários grupos de escola e pais e estamos todos nos ajudando, mas está bem difícil. Passo as noites auxiliando nas atividades escolares, tenho saído antes do trabalho para dar conta disso.” Marli Oliboni Silvestri, 46 anos, contadora. Mãe do Rafael, 17 anos, do Augusto, 11 anos e do Afonso, nove anos.

Greize Zim Espíndola, 39 anos, confeiteira. Mãe do Leonardo, cinco anos, e da Isabella, dois anos. - Arquivo Pessoal Cíntia Debenetti, 43 anos, terapeuta holística e mestre reikiana. Mãe da Valentina, seis anos. - Arquivo Pessoal Marli Oliboni Silvestri, 46 anos, contadora. Mãe do Rafael, 17 anos, do Augusto, 11 anos e do Afonso, nove anos. - Arquivo Pessoal Michele Schiavenin Guarese, 39 anos, educadora física. Mãe da Bianca, quatro anos, e da Aurora, cinco meses. - Arquivo Pessoal
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário