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Semana Farroupilha: Relação diária com os cavalos

A engenheira ambiental Calínthia Cunha fala sobre a tradição gaúcha e a sua convivência com os equinos

A engenheira ambiental Calínthia Cunha, 33 anos, é mais uma mulher florense que representa a tradição gaúcha. Envolvida com a cultura desde pequena, Calínthia passava as férias escolares na casa dos avós, que sempre foram bastante tradicionalistas. “Eu gostava de ir lá para poder ficar próxima dos animais. Eu sempre fui muito apaixonada por cavalos e o primeiro esporte que eu comecei a praticar foi o tiro de laço. Por muitos anos eu frequentei rodeios laçando. Eu treinava muito pra isso. Nós possuíamos um CTG e realizávamos bailes, shows, eu era bem envolvida nessa parte”, conta.
Para ela, a tradição representa o contato e o convívio com o cavalo. “No meu ponto de vista, o cavalo está totalmente relacionado à questão do tradicionalismo. O cavalo acaba fazendo você ficar próximo desse meio. Automaticamente, tu ficando próximo ao cavalo, a questão indumentária, o encilhar, tudo você vai aprendendo. E eu friso sempre a condição de não seguir a moda que hoje o pessoal usa. Eu sempre procuro manter a tradição, pois eu acho uma coisa muito bonita que o nosso povo tem”, enaltece.
Calínthia tem uma relação diária com os cavalos devido às competições que participa com eles. “O meu trabalho é o treinamento para as provas do Freio de Ouro. É uma competição que eu participo a nível profissional, que acontece junto aos homens, e a final sempre ocorre na Expointer, então exige muito treinamento e dedicação”. 
A engenheira, que começou a treinar para as competições em 2007, treina todos os dias e divide seu tempo entre o trabalho ambiental e a lida com os cavalos. “Eu corria uma prova que a final era na Expointer e se chamava Brinco de Ouro. Eu ganhei essa competição em 2010 e 2014, e, a partir de 2015, comecei a treinar profissionalmente para as provas do Freio de Ouro, mas eu nunca participei da final do Freio de Ouro, ainda”, ressalta. Neste ano de 2020 participou da primeira classificatória, mas não conseguiu obter a classificação. “No Freio de Ouro, para conseguir chegar à final, você tem que passar por duas etapas seletivas antes, credenciador e classificatória. São cerca de mil animais participando de um ciclo e para correr a final são cerca de 96 a 98 animais, é uma seleção bem grande”, destaca. 
Em toda a história do Freio de Ouro, somente quatro mulheres competiram a final. “Eu não acredito que seja mais difícil ou complicado por ser mulher, mas sim, porque eu tinha um número pequeno de cavalos. Têm treinadores que possuem 10, 20, 30, 40 cavalos. Então é por aí o nível de dificuldade”, diz, complementando que “por ser mulher, as pessoas esperam que nos destaquemos. Sempre tem uma torcida muito grande e um apoio dos outros ginetes para nós”.
Conforme Calínthia, antigamente, os tradicionalistas viam a mulher envolvida na lida dos cavalos com um pouco de receio. Mas, de acordo com ela, não há diferença entre o homem e a mulher no treinamento com o cavalo. “Apesar do homem ter mais força, tu não lida com o cavalo na base da força. Se tu quiser colocar força contra o animal você sempre irá perder. Se o cavalo soubesse da força que ele tem, ninguém iria conseguir domar ele”, revela.
Para se treinar um cavalo e obter bons resultados, Calínthia revela que tem que haver respeito pelo animal, dedicação em treinar e muita paciência, pois o animal é um ser vivo e tem dias que ele pode não estar tão bem. “A mulher tem uma sensibilidade quanto a isso, pelo menos eu acabo criando uma ligação muito forte com os cavalos que eu treino. Eu sinto quando eles estão bem, então isso dá um resultado mais positivo”, finaliza.

Calinthia Cunha está sempre acompanhada dos cavalos.  - Gabriela Fiorio
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