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Sem prazo para retomada das obras da VRS-814

Daer afirma que os trabalhos serão realizados de acordo com o cronograma de serviços. Enquanto isso, usuários da via sofrem com os constantes buracos e falta de sinalização

Passados três meses do início dos trabalhos de recuperação dos 12 km da VRS-814 pela Encopav, com a promessa de concluir o recapeamento da via em menos de 30 dias, usuários do principal acesso de ligação a Nova Pádua trocaram os sonhos de ver a obra finalizada por pesadelos que persistem a cada viagem. Estreita, sinuosa, sem acostamento e cheia de buracos, além da falta de sinalização, a estrada inaugurada há 28 anos pelo então vice-governador Sinval Guazzelli, já mudou sua denominação três vezes (VRS-014, VRS-314, VRS-814), mas o que não muda são as atitudes dos governantes que demoram para resolver os problemas. As reivindicações por melhorias na estrada construída em 1989, quando Nova Pádua ainda pertencia a Flores da Cunha, iniciaram cerca de 10 anos após a sua inauguração. Com a emancipação de Nova Pádua em 1992, o único acesso de ligação com o Pequeno Paraíso Italiano passou a ganhar cada vez mais novos usuários, transformando o trecho mais movimentado, além de muito perigoso. No entanto, ao longo desses quase 30 anos de existência não faltaram pedidos de socorro por melhorias, porém, a maioria ou quase todos acabaram estacionados no tempo.

De acordo com o empresário Antônio Alvise Mioranza, 82 anos, que acompanhou o processo desde o início de construção da estrada e participou de muitos encontros para solicitar melhorias, a qualidade do material aplicado no asfalto e o fluxo de veículos pesados são os fatores que contribuem na deterioração do piso. “A cada três dias é um buraco novo que aparece”, aponta. Prova disso é um cavalete colocado em frente à sua vinícola, que chama atenção dos motoristas para uma cratera aberta há poucos dias. Conforme o empresário do setor moveleiro e que reside às margens da vicinal, Elvis Chiarani, 39 anos, nos últimos dias a situação ficou insuportável. “Não tem condições de ficar assim”, reclama. Além de destruir os veículos, é perigoso de acontecer acidentes, alerta. Recentemente, Chiarani e outro proprietário de uma indústria de móveis próxima a sua, gastaram mais de R$ 3 mil na colocação de tubos para escoar a água que acumulava sobre a pista. Ele acredita que se a vicinal for municipalizada fica melhor para cuidar. “Hoje quem deveria fazer, não faz”, diz.

Antes de terminar, já estragou

A parada nas obras de recuperação, iniciadas no final de março, além de causar transtornos, tem um problema ainda maior. Partes da via em solo paduense, que já haviam recebido camadas de asfalto, estão desmanchando com o trabalho ‘abandonado’, além da total falta de sinalização. Com isso, uma nova preocupação chega, muito mais que a retomada das obras, está a qualidade com que a recuperação será concluída. De acordo com o prefeito Ronaldo Boniatti, tem se buscado informações sobre as obras. “O último retorno que tivemos é de que as obras serão retomadas em breve. No trecho que pertence à Nova Pádua, nos restaria apenas um quilômetro que não foi recuperado, mas o grande problemas é que, se antes existia pouca sinalização, agora é zero. Embora tenhamos sido beneficiados primeiro, com os três quilômetros recuperados, estar sem a sinalização aumenta muito o perigo para quem utiliza a estrada”, lamenta Boniatti.

A parada nas obras surgiu em função da falta do fornecimento de cimento asfáltico de petróleo (o chamado Cap), produto base para as obras de pavimentação, por parte da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap). Depois as paralisações dos caminhoneiros foram apontadas como o motivo da não retomada das obras e hoje a comunidade e autoridades buscam por qual motivo as máquinas ainda não voltaram à VRS-814.

Após o término da recuperação total da estrada, serão aguardados os próximos passos do processo de municipalização do trecho. A expectativa é que o trecho de 3,5 km pertencentes a Nova Pádua recebam novos investimentos e melhorias. “Acredito que a municipalização será uma realidade e dessa forma os dois municípios poderão investir na via, que é tão importante. Para Nova Pádua, será um implemento ao turismo, com a possibilidade de elaborarmos uma ciclovia em parceria com Flores da Cunha, que depois servirá ainda como acostamento, que hoje não existe”, planeja o prefeito.

No último sábado, dia 23, o prefeito Lídio Scortegagna acompanhou o governador José Ivo Sartori em uma visita a região do Travessão Alfredo Chaves. Sobre o andamento das obras da VRS-814, o governador adiantou que “vai sair”.

 

O que diz o Daer

Por meio da assessoria de imprensa, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) informa que os serviços serão realizados através do contrato de conserva rotineira da 2ª Superintendência Regional do Daer, com sede em Bento Gonçalves, que está sendo renovado nesta semana. Ainda de acordo com o órgão, os trabalhos serão executados de acordo com o cronograma de serviços da Superintendência Regional. Até agora, cerca de 60% dos trabalhos foram executados, restando ainda, serviços de reperfilagem. O valor para a execução da obra continua em R$ 2,4 milhões. O Daer não divulgou prazo para a conclusão das obras, uma vez que o andamento dos trabalhos depende de diversos fatores, entre eles condições climáticas.

Para entender

1997 – O secretário Estadual dos Transportes do governo de Antônio Brito, José Otávio Germano, assinou uma ordem de serviço para a construção de refúgios na via.  O projeto, contudo, foi abandonado.

2002 – Um acidente fatal motivou a retomada do projeto de 1997, que previa a construção de 26 refúgios de 100 metros cada um, ao longo da estrada.

2004 – O secretário Estadual dos Transporte, Alexandre Postal, vem a Flores da Cunha e assina a ordem de serviço de recuperação da estrada num trecho de 12 km, ao custo total de R$ 473 mil. Os trabalhos de recapeamento da vicinal iniciaram três dias após a assinatura do documento. Mesmo sem a construção de refúgios ou acostamento, a reforma do principal trecho de ligação entre os municípios de Flores da Cunha e Nova Pádua deu melhores condições de trafegabilidade, diminuindo também os riscos de acidentes.

2005 – Mais um acidente com vítima fatal na via e a falta de acostamento e ausência de sinalização motivou novamente o debate em torno das condições da estrada.

2010 – Uma equipe do Daer iniciou os trabalhos de uma operação emergencial denominada ‘tapa buracos’, contudo a melhoria parou no meio do caminho.

2016 – O secretário estadual dos Transportes, Pedro Westphalen, anunciou medidas emergenciais de recuperação da via e posterior repasse da vicinal aos municípios. Nada saiu do papel.

2018 – Dois anos após a assinatura do contrato iniciam as obras de recapeamento da VRS-814, com investimentos de R$ 2,4 milhões. O que era para terminar em 20 dias está parado há três meses.

 

O empresário Antônio Alvise Mioranza acompanhou a construção da via e diz que o material utilizado e o fluxo de veículos pesados deteriora o asfalto.  - Antonio Coloda  - Antonio Coloda  - Antonio Coloda
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