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Safra da uva foi menor em Flores e Nova Pádua em 2013

Números divulgados pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) mostram que em 2013 a produção florense foi de 84,1 milhões de quilos, com redução de 7%

Pelo segundo ano consecutivo a safra de uva do Rio Grande do Sul teve redução. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Flores da Cunha acompanhou o Estado, ainda sentindo os reflexos do granizo de 2011, e teve uma produção 7% menor. Foram 84,1 milhões de quilos de uvas americanas, híbridas e viníferas colhidas. Nova Pádua também teve queda – 28,3 milhões de quilos, quebra de mais de 20% em relação a 2012. A produção de uva em solo gaúcho foi de 610 milhões de quilos, representando um recuo de 12% sobre o ano anterior. Os números mais baixos são um reflexo do clima e da situação do setor vitivinícola, o qual busca menos quantidade e mais qualidade.

Na safra de 2012 o Estado produziu 696,1 milhões de quilos, número 12% maior que a safra deste ano. A quebra de produtividade foi registrada nas variedades americanas, como a Isabel. Em 2012 a produção de suco de uva ganhou espaço e mais de 56% da uva gaúcha foi destinada para isso. Em 2013 o destaque vai para os vinhos brancos e os espumantes, além de tintos mais leves e jovens. Flores da Cunha produziu em 2012, já com parreiras danificadas pelo granizo, 89 milhões de quilos de uva e, em 2011, 106,6 milhões de quilos. Em Nova Pádua o quadro se repete. Embora o município não tenha registrado maiores prejuízos com a chuva de gelo, também teve quebra da produção, que no ano passado foi de 34,5 milhões de quilos. Em 2011 a produção paduense foi de 35 milhões de quilos.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Flores da Cunha e Nova Pádua e coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, as videiras ainda se recuperam do granizo que arrasou produções em 2011. Os índices do ano passado já foram bem abaixo da média – 2013 acompanhou o desempenho limitado. “No ano passado perdemos mais de 18 milhões de quilos de uva em função da chuva de pedra. Os números deste ano ainda são reflexo dessas plantas que estão se recuperando. A quebra foi geral no Estado também em função do clima”, explica Schiavenin.

Um número que chama atenção é a quantidade de uva que Flores comprou de outros municípios para a safra 2013. Os levantamentos do Ibravin apontam que 148,2 milhões de quilos de uvas foram processados em Flores. São mais de 64 milhões de quilos vindos de outras cidades. “Os números chamam atenção e mostram que temos muitas vinícolas aqui. É um dado positivo, sinal que somos um município que tem procura. A qualidade está sendo buscada”, aponta o presidente.

Nova Pádua teve uma redução na produção considerada dentro da média por Schiavenin. As videiras do município foram pouco afetadas pelos temporais de granizo. “Como o município não sofreu sinistros, teve um índice de redução maior, mas isso é normal e segue a tendência do Estado. A safra tem disparidades em cada ano”, observa Schiavenin. Para o chefe do escritório da Emater-RS de Nova Pádua, Leonildo Sperotto, a redução veio em um bom momento. “Com a insegurança no setor, o medo era pela colocação das safras em cantinas. Com essa redução as vinícolas conseguiram absorver toda produção”, lembra Sperotto.

Perfil

Segundo o levantamento do Ibravin, embora seja difícil traçar um perfil único da safra para todas as regiões vitivinícolas do Brasil, é possível prever que a vindima 2013 será diferenciada e deve valorizar os vinhos brancos aromáticos, tintos mais leves e de consumo jovem e, principalmente, espumantes de excelente qualidade.

Entre os traços comuns da safra deste ano (com exceção do Vale do São Francisco, que tem seu próprio calendário de safra) está a antecipação da colheita entre 10 e 20 dias. O fenômeno foi causado por um inverno pouco rigoroso no período de dormência da planta e uma primavera atipicamente quente, justamente o período de florada e brotação da videira. Foi esse comportamento do clima que favoreceu as uvas usadas para base espumante e vinhos brancos. “Outra característica comum foram os totais de chuva de novembro menores que o normal. Inclusive, a insolação acumulada em novembro, dezembro e janeiro foi maior que o normal na Serra, nos Campos de Cima da Serra e no Planalto Catarinense. Essa condição favorece a maturação e qualidade das uvas, diminuindo a frequência de problemas fitossanitários”, afirma Eduardo Monteiro, pesquisador em agrometeorologia da Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves.

O presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Alceu Dalle Molle, destaca que as condições climáticas favoreceram as variedades brancas, especialmente no Rio Grande do Sul. “No início da safra tivemos uma condição excepcional, como há muito tempo não se via. As variedades brancas e as precoces, como a Pinot Noir, muito utilizada em espumantes, alcançaram níveis de excelência”, comemora Dalle Molle. Ele acrescenta que a Bordô, uva base para os sucos naturais 100%, também foram favorecidas por terem sido colhidas em um período sem precipitação.

Parreiras em dormência abrem a temporada da poda
Com o frio, as videiras entram em seu período anual de dormência. No outono as folhas caem e com as baixas temperaturas o ciclo se estabiliza. É neste período, de maio a agosto, que iniciam os trabalhos de poda. Uma maneira de livrar a planta de galhos velhos, potencializando gemas e galhos novos que irão produzir mais e melhor. Segundo dados da Embrapa Uva e Vinho, a videira, em seu meio natural, pode atingir grande desenvolvimento. Nessas condições, a produtividade não é constante, os cachos são pequenos e a uva é de baixa qualidade. Ao limitar o número e o comprimento dos galhos, a poda seca proporciona um balanço racional entre o vigor e a produção, regularizando a quantidade de uva produzida.

Neste ano muitos produtores fugiram do sistema convencional da poda e anteciparam os trabalhos. Um dos motivos é a falta de mão de obra. “Com esse problema que se repete todos os anos, muito produtores iniciaram a poda em maio e aos poucos estão concluindo. A orientação foi de fazê-la nas variedades de Bordô e Isabel, parreiras que no caso de serem atingidas por geadas, conseguem ter uma nova gema, não prejudicando tanto a brotação”, explica o engenheiro agrônomo da Emater de Flores da Cunha, João Rodrigo Cardoso. A poda antecipada também deve ser feita levando em consideração cada propriedade e suas características. “As primeiras parreiras a serem podadas devem ser as que estão em uma área onde, em caso de geada, sejam menos prejudicadas”, acrescenta Cardoso.

Leonildo Sperotto, da Emater de Nova Pádua, lembra também que esta poda antecipada deve ser feita no máximo até o dia 20 de maio, depois somente em agosto. “Neste período antecipado ela não perde seiva, consequentemente não perde alimento. Por isso é importante prestar atenção nos períodos para não prejudicar a parreira. No final de julho e início de agosto já é o período indicado para a poda tradicional”, destaca Sperotto.

A poda antecipada deve levar em consideração as características da propriedade. - Camila Baggio
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