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Safra 2022: Tudo ‘Debon’ para você

Vinícola Debon aposta na elaboração de vinhos finos e no enoturismo para conquistar novos públicos

“Se algo ‘Debon’ acontecer, beba vinho para comemorar”. É com essa frase que somos recepcionados ao visitarmos o varejo da Vinícola Debon, em Nova Pádua. O trabalho no empreendimento ainda é recente, teve início em outubro de 2021, mas a produção de vinhos de mesa começou há 18 anos, em 2004, com o patriarca da família, Milto Debon, e segue nos dias de hoje com seu filho, Enio Debon, de 23 anos.  
“Quando estava no Ensino Médio, a ideia era fazer faculdade de Odontologia, mas depois, com a vinícola, eu mudei. Os pais também esperam que os filhos sigam o que eles estão fazendo. Fui gostando dessa parte, cheguei no terceiro ano e decidi cursar enologia. Em 2017 iniciei o curso em Bento Gonçalves, foi quando descobri o mundo do vinho e aprendi o que poderia explorar nesse universo, além de diferenciar um produto bom de outro ruim”, lembra Enio Debon, acrescentando que antes de trabalhar com viticultura a família se dedicava ao cultivo de alho e cebola.
Na medida em que conhecia mais sobre a bebida de Baco, o enólogo foi se apaixonando e, em 2019, lançou a primeira linha de vinhos finos – Merlot e Cabernet Sauvignon. As variedades foram o pontapé inicial para a inovação: “As uvas aqui da nossa propriedade são a Bordô e a Isabel, que fizemos os vinhos de mesa. As finas vêm da Campanha e as brancas, de vizinhos da nossa região”, revela o paduense, que neste ano pretende lançar dois vinhos de linha superior ao Debon Classic (o último apresentado), e promete muita nostalgia para a geração de 1999, a mesma de Enio: trata-se do G99.
“A linha Debon Classic é composta por vinhos jovens, sem nenhum tipo de maturação prolongada. E a linha G99, que no contrarrótulo a gente conta a história da geração, é um pouco superior. Nela usamos madeira alternativa, que colocamos dentro do tanque de inox para aportar aromas amadeirados, de café e baunilha, por exemplo”, esclarece o enólogo que, em 2023, pretende lançar o vinho barricado, que leva mais tempo para ser produzido. 
E por falar em tempo, as condições climáticas interferem muito na qualidade das uvas viníferas: “O ano de 2019 foi de uma safra boa para quem conseguiu fazer um manejo bom. A de 2020 foi melhor, deu seca, daí tudo que tem de bom na uva ficou mais concentrado – cor, aroma, açúcar. E em 2021 teve uma safra enorme e de boa qualidade”, explica Debon, ao mesmo tempo em que discorre sobre algumas dificuldades do setor.  
“Hoje nós estamos inseridos em um mercado de vinho de mesa que eu, como profissional, não consigo cobrar pela qualidade que entrego. Então é algo frustrante para nós, claro que os de mesa tem o custo mais baixo, mas a competição é maior. E para vender esse vinho tem que ter preço, se não está fora do mercado, por isso não se consegue agregar valor, precisa vender em quantidade para ganhar e se manter”, desabafa o paduense que planeja, a longo prazo, diminuir a produção de vinho de mesa e focar na de rótulos finos, suco de uva e espumantes para expandir a marca. 
Conforme o enólogo, para fortalecer e tornar conhecida a identidade da Vinícola Debon também será preciso apostar no que costuma ser feito pelas minorias: utilizar variedades italianas na produção. “Aí a gente entra em uma questão que ninguém conhece aquela variedade, só que as pessoas que consomem vinho fino são curiosas, então elas vão ver um rótulo diferente e vão comprar para provar, se gostarem compram de novo. E eu tenho que estar sempre com novidades, tem esse desafio, não posso contar somente com um vinho, é preciso ter vários, divulgar, lançar e tirar produto de linha”, evidencia. 
E as novidades não param por aí. Em relação ao varejo, o responsável pela vinícola destaca que a ideia foi da esposa e surgiu a partir da necessidade de ter um espaço para receber os visitantes que, geralmente, chegavam por indicação. “A ideia de fazer isso foi mais para receber quem já vinha, aí podemos mostrar tudo que temos, além de oferecer degustação em um lugar mais bonito e aconchegante, para acolher as pessoas”, lembra Debon, acrescentando que o atendimento também é um diferencial do estabelecimento, uma vez que apenas três familiares trabalham na loja.
Contudo, para expandir também no segmento turístico, o enólogo almeja migrar o varejo para a parte superior de sua propriedade que, segundo ele, possibilita admirar o pôr do sol com um cenário único. A mudança também permitirá ampliar o estacionamento e trazer mais facilidades para os visitantes que já começam a chegar, em grupos, por meio de agências. “Uma prospecção também é estar presente na Associação de Produtores dos Vinhos dos Altos Montes (Apromontes), mas isso quando a vinícola estiver totalmente preparada para receber as pessoas, com um espaço enogastronômico”, revela o paduense. 
Planos para o futuro da vinícola nos setores do turismo e da produção de vinhos para os paladares mais aguçados é o que não falta e, pelo que depender de Debon, esse crescimento deve ser cada vez maior: “Hoje eu também faço toda a parte de administração e comercial, enquanto a minha mãe e a minha irmã ajudam na produção. Eu acabei abraçando tudo e quero ver dar certo esse negócio”, conclui, otimista.

O enólogo Enio Debon, de 23 anos, não mede esforços para o negócio prosperar.  - Gabriela Fiorio
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