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Rua Júlio de Castilhos: a rua do ‘shopping’ Bassanesi

O estabelecimento mantém, até hoje, a característica dos famosos armazéns secos e molhados

Entre os poucos estabelecimentos que sobreviveram ao longo dos anos em Flores da Cunha, está o famoso mercado Bassanesi, que é conhecido por muitos florenses como ‘shopping’ Bassanesi. Essa denominação surgiu pelo fato de o estabelecimento comercializar uma ampla variedade de produtos e por manter uma característica dos armazéns antigos, chamados de secos e molhados. 
O comércio, de propriedade de Ernesto Bassanesi, hoje com 85 anos, surgiu em setembro de 1976. De acordo com o aposentado, a ideia de abrir o espaço partiu de seu amigo Ulisses Orestes Schiavenin, que vivia insistindo em comprar o terreno da família Fagaraz, na Rua Júlio de Castilhos – que após a família se mudar para Porto Alegre acabou sendo alugado para outros empreendedores. 
Foi por meio dessa insistência que Ulisses, Ernesto e Natal Coloda, procuraram a família dos proprietários. “Sempre que Ulisses nos encontrava, dizia: ‘Vamos comprar’, até que um dia nós resolvemos ir para Porto Alegre e fizemos o negócio, compramos o terreno. Era só o terreno grande e uma casinha pequena”, relembra Bassanesi.
Logo após a aquisição, foi iniciado o trabalho no novo empreendimento. “Começamos a trabalhar só eu e a minha mulher, Osvaldina Terezinha Rech Bassanesi, e os outros dois sócios eu só pedia informação”, conta, ao mesmo tempo que informa que conciliava o trabalho no comércio com o da agricultura. Com o tempo, o florense passou a contar também com o auxílio de uma irmã, Terezinha Paulina Bassanesi, no estabelecimento. 
Desde o início, o empreendimento funcionava de uma forma simples, em uma casinha estilo colonial com o banheiro do lado de fora. No local, era possível encontrar um pouco de tudo, desde comida, roupa, até insumos para a agricultura e ferramentas de qualquer tipo. “Naquela época era difícil de não ter em casa o que pediam. Era tudo dentro das gavetas, tinha que empacotar, não tinha nem saquinho plástico, era tudo papel, tinha que pegar essas coisas com uma pazinha, mas, se vendia qualquer coisa, era de agricultura, de comida, qualquer coisa mesmo, sempre se vendia de tudo”, informa o aposentado, que lembra que, por morar no local, o estabelecimento não possuía horário de atendimento. “Quando era de meio-dia, vinham bater na porta que queriam alguma coisa, se era de noite, quando estava fechado, também vinham bater na porta, sempre se atendia”, relembra.
No final dos anos 1990, após o término da sociedade, Bassanesi abriu seu próprio comércio – em outro terreno na Rua Júlio de Castilhos – o qual, até hoje, mantém as características do primeiro estabelecimento. Atualmente, é possível encontrar no local vários objetos, ferramentas e alimentos, além de abrigar um bar.
E nessas quatro décadas de empreendimento, o que mais marcou o aposentado foi a chegada da pandemia, a qual o obrigou a se afastar das atividades. “Eu estava acostumado a ir todos os dias das 6h30min até às 11h30min no empreendimento, depois vinha meus sobrinhos, mas aí proibiram os idosos. Eu acho que foi a pior coisa, isso me atingiu muito”, revela Bassanesi, que diz não ter conseguido se afastar completamente do local. “Agora venho menos, eu só controlo, mando fazer o balanço todos os dias de entrada e saída, fim do mês também faço tudo, então o controle é sempre meu, mas, quem faz as compras e se vira são os meus sobrinhos”, informa.
Apesar de já terem passado mais de 40 anos, Bassanesi ainda tem vivo na memória a lembrança da rua nos anos de 1976. “Não tinha calçamento, não tinha nada, era tudo estrada de chão. Aqui eles estavam fazendo o esgoto, colocando aqueles tubos maiores, não tinha famílias. Foi feito tudo depois que eu estava aqui, começaram aos poucos, tinha poucas moradias naquela época, se comprava um terreno por uma bagatela, porque quem tinha vendia pois não conseguia construir”, relata o aposentado, lembrando que, próximo ao Bar do Motoserra, até o Letto Hotel, haviam muitos parreirais.
E hoje, com toda a via asfaltada, o florense revela que ficou mais perigoso, pois com as melhorias os carros correm mais. “É difícil até de sair da garagem”, finaliza, comparando o passado com o presente.

Em 1976, Ernesto Bassanesi fundou, junto com amigos, um comércio com variedade de produtos, que sobrevive até hoje. - Valdinéia Tosetto
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