Rua Heitor Curra: a rua da L’osteria del Gallo
Empreendimento marcou muitos florenses, não só pelos maravilhosos pratos, mas também pela famosa coleção de galos
Um dos empreendimentos que marcou muitos florenses foi, sem dúvidas, o restaurante L’osteria del Gallo. O primeiro comércio da Rua Heitor Curra, de propriedade de Clovis Angelo Boff, hoje com 76 anos, surgiu no ano de 1993 e fez muito sucesso no município. Tanto que o estabelecimento é lembrado até hoje pelas mais de 300 réplicas de galos, vindas de diversas partes do mundo, que decoravam as paredes e prateleiras do local.
Tudo começou quando, em 1990, Clovis resolveu viajar para a Itália. Durante a estadia, o florense e proprietário do Bar Dutra teve a oportunidade de conhecer outras variedades gastronômicas. “Quando meu pai foi para a Itália ele pegou algumas ideias dos restaurantes de lá e quando voltou para o Brasil falou que iria abrir uma cantina”, conta o filho do fundador, Diego Boff, de 45 anos, ao mesmo tempo em que relata que na época haviam poucos estabelecimentos nesse ramo na cidade.
Com a ideia já consolidada, em meados de 1991, Clovis resolveu construir um local para ser sede do seu novo empreendimento. Com o andamento das obras e sem um nome, o florense começou a pedir opiniões para os amigos, surgindo assim a L’osteria, inaugurada em 15 de junho de 1993. “Inicialmente era só L’osteria, depois veio o nome galo. O Eloy Kunz começou com a história do Galo, foi então que meu pai falou ‘vou colocar L’osteria del Gallo’”, lembra Boff, completando que o nome foi alterado dois anos após o empreendimento ter sido aberto.
Para levar o restaurante adiante, Clovis deixou o bar e começou a se dedicar ao novo espaço ao lado da esposa, Maria Estelita Gonçalves Boff e do filho, Diego Boff. “O restaurante abria de segunda a segunda, de meio dia e de noite, era bem puxado. Na época não tinha folga, passear era difícil, uma vez por ano, mais quando era férias, quando se tinha também, porque havia anos que era bastante agitado e não se parava”, relata Boff, que desde os 7 anos auxiliava o pai, inicialmente no bar e, na sequência, no restaurante. “Eu tinha que lavar a louça, fazer a comida, servir, fazia tudo, não tinha nada específico. Quando se é dono não tem como fazer uma coisa só”, diz, ao mesmo tempo em que revela que o trabalho exercido ao lado da família influenciou a seguir na gastronomia.
O estabelecimento contava, na época, com um cardápio que reunia em torno de 30 pratos diferentes e o cliente escolhia o que desejava comer. Entre as várias opções havia: filé ao molho madeira; filé à parmegiana; filé à moda Clovis, que era uma mistura de molhos; alguns risotos com fungi e tomate seco; além das massas com tomate seco, fungi, presunto de parma e alcachofra. “Para a época era um plano meio ousado, imagina em 1993 ter um presunto de parma em Flores. Foram ideias trazidas da viagem e implantadas aqui”, conta Boff.
Ainda de acordo com o filho do fundador, ao longo dos anos algumas mudanças aconteceram no cardápio, principalmente após sua formação em gastronomia, porém os pratos tradicionais sempre fizeram sucesso. “Logo depois que me formei eu mudei bastante o cardápio, mas notei que não foi bem aceito porque, na verdade, o pessoal já estava acostumado a vir comer o filé ao molho madeira, filé à parmegiana. Eu tentei colocar algumas carnes diferentes, mas não teve muita aceitação”, revela.
Além da boa comida, o restaurante também marca a lembrança dos florenses pela coleção de galos que enfeitavam as paredes e prateleiras do local. A inclusão do nome da ave na marca do empreendimento fez com que o espaço ganhasse uma nova decoração: “Os galos começaram a vir, ele (o pai) comprou um, dois e daí o pessoal começou a vir e trazer. Os amigos viajavam e traziam de presente um galo, uma recordação para ele, e assim foi criando a história do galo no restaurante”, explica Diego, ao mesmo tempo em que revela que os artigos eram todos feitos de materiais diferentes. “Nós tínhamos uma garrafa em formato de galo, que o Eloy Kunz fez, era toda em formato de galo revestida de couro, mas acabou quebrando, essa ali era uma das mais marcantes”, lembra.
Apesar do sucesso que o empreendimento fez no município, 19 anos depois de sua inauguração a família decidiu seguir outro caminho. “Fechamos no ano de 2012, mais por questões de estresse, dar um tempo para a cabeça, espairecer um pouco”, informa Boff, que em 2019 tentou reabrir o estabelecimento, mas, por conta da pandemia, precisou fechar novamente.
Hoje, o espaço está alugado e dá vida a outro restaurante. Apesar de não pertencer mais a Clóvis Angelo Boff e nem possuir o mesmo nome, o empreendimento ainda carrega as raízes de seus fundadores, que veem o fato com orgulho: “É muito bom ver que ele é ainda lembrado como sendo da nossa família, dá uma alegria saber que o meu pai trouxe uma história para a comunidade”, finaliza Diego, que recorda da rua já com paralelepípedos e algumas casas.
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