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Rua Dr. Montaury: a rua do Mercado Fontana

O empreendimento colaborou com o desenvolvimento do bairro Aparecida

Impossível falar da Rua Dr. Montaury sem lembrar do Mercado Fontana. O estabelecimento abriu suas portas no ano de 1975 e permanece até os dias de hoje no local. O que começou como uma forma de ganhar uma renda extra, em formato de bodega, deu tão certo que o espaço precisou expandir e acabou se tornando um mercado, o qual está na lembrança de muitos florenses.
O empreendimento foi fundado pelo casal Aurélia e Ledovino Fontana (in memoriam), que havia chegado em Flores da Cunha no início dos anos 1970. Ledovino, que até então trabalhava na agricultura, passou a atuar como taxista e, com o tempo, percebeu a necessidade de ter algum comércio na região Oeste do município, e não somente no centro da cidade – onde havia uma concentração maior de estabelecimentos.
Foi então que surgiu a ideia de abrir algo para que a família pudesse ganhar uma renda extra. “Em 1975 o pai abriu uma bodega, onde vendia aperitivos e mercadorias para o dia a dia, como alimentos, carne de frango (galinhas inteiras), carne de porco, queijo. Na época se misturava tudo, era um pouco diferente. O pai ainda trabalhava de taxista e a nossa mãe, com a ajuda de uma tia – que foi a primeira funcionaria – trabalhava na bodega”, lembram os filhos do casal, Cassiano, 40, e Vanderlei, 49, ao mesmo tempo em que relatam que Ledovino também procurava auxiliar no empreendimento, normalmente à noite, quando o fluxo de pessoas era maior.
De acordo com os filhos, Fontana sempre teve esse lado empreendedor. Antes mesmo de chegar a Flores da Cunha, quando ainda residia em Antônio Prado, ele já atuava nesse meio, vendendo alimentos. “Quando o pai trabalhava na colônia ele enchia a camionete de laranjas e vendia por quantidade, naquela época não existia venda por peso”, contam.
Apesar de o mercado ter se instalado em um local onde havia bastante pó, barro, poucas casas e muito mato, ele acabou sendo muito importante para a comunidade e para o desenvolvimento da localidade. Parte dessa história também pôde ser vivida pelos filhos de Fontana que, desde muito jovens, passaram a acompanhar a rotina da família no empreendimento: “Era uma rua principal, porque ela era (e ainda é) uma saída ou entrada para Nova Pádua, na época um distrito. Por ela você podia ir à Otávio Rocha e à Linha 80, o pessoal passava muito por aqui”, relembram os irmãos, destacando que na esquina do estabelecimento há uma parada de ônibus que contribuía com maior fluxo de pessoas. “Sempre tinha muitas pessoas. Na época, o pessoal saía das empresas ou da colônia e já vinha direto tomar o aperitivo, além de ir embora com um produto”, relatam os florenses, acrescentando que, quando chovia muito, era preciso colocar serragem na frente da bodega. 
O estabelecimento também foi, por muito tempo, o ponto de encontro dos florenses, inclusive, muitos políticos se faziam presentes, principalmente em época de eleições, prometendo obras e pedindo votos.
Aos poucos, Ledovino foi aumentando a gama de produtos oferecidos em seu empreendimento e, nos anos de 1980, resolveu ampliar o negócio. “Vendo a necessidade ele mudou e ampliou, fechou a bodega e focou nos alimentos”, recorda Cassiano.
Com o surgimento do mercado, o estabelecimento começou a ter maior movimentação em épocas de pagamento. Lembranças que seguem vivas na memória de Vanderlei: “Eu ajudei muito nas entregas dos ranchos e também a abastecer as prateleiras. Era bem movimentado, principalmente quando as empresas pagavam o salário. Hoje poucas pessoas fazem rancho para o mês inteiro, mas, na época, chegava a hora do pagamento e era rancho que não parava”, relata.
Já por volta dos anos 1990, Ledovino viu surgir outra necessidade: a de abastecer os bares de capelas do interior com produtos como chicletes, aperitivos, cigarros, entre outros. Foi então que decidiu criar o Atacado Fontana. Na época, o olhar visionário do empreendedor influenciou bastante no desenvolvimento da localidade, inclusive, tendo ajudado a fundar o bairro Aparecida, até então pertencente ao Centro.
Ao longo de 47 anos, o Mercado Fontana passou por várias fases. Dentre elas, idas e vindas da família Fontana como proprietária, intercaladas com aluguéis do espaço. Mas a credibilidade e a confiança que a marca deixou na cidade foi grande. Hoje, o mercado não pertence mais à família, mas, os mesmos continuam acompanhando de perto os passos do endereço. “Procuramos estar pelo mercado seguidamente, conversamos com os clientes, a gente vê que o pessoal ainda conhece, vem cumprimentar, considera bastante o nome”, revelam os irmãos, com orgulho da herança deixada pelo pai. “Estamos muito felizes e orgulhosos, porque se sentir uma referência é bem satisfatório, quer dizer que a missão do nosso pai está cumprida”, dizem, emocionados, acompanhando de perto a continuidade do legado de Ledovino Fontana.

Os irmãos, Vanderlei e Cassiano Fontana, relembram a história do pai, Ledovino, e do Mercado Fontana. - Valdinéia Tosetto Vanderlei Fontana e Evandro Meneguzzo na frente do Mercado Fontana, no final dos anos 1970 - início dos anos 1980. Ao fundo, o carro de Ledovino Fontana, o táxi da época. - Arquivo Pessoal/ Divulgação
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