Rosane de Oliveira: “Não vamos perder a esperança”
Jornalista palestrou sobre política e economia no Clube Independente de Flores da Cunha
O Brasil vive um momento ímpar em sua história, pois, daqui a apenas nove dias terá uma eleição presidencial histórica, recheada por uma campanha cheia de reviravoltas e que foi iniciada após o país ter sido chacoalhado por uma onda de protestos em junho de 2013. Depois dos manifestos e com a definição dos candidatos, seria previsível dizer que Dilma Rousseff (PT) iria para o segundo turno com Aécio Neves (PSDB) porque Marina Silva não havia conseguido fundar seu partido e filiara-se ao PSB para ser vice de Eduardo Campos (PSB). Porém, no dia 13 de agosto deste ano um avião caiu em São Paulo, matando Campos e mudando tudo o que se previa. Com essa breve introdução que prendeu a atenção das pessoas a jornalista e colunista do jornal Zero Hora Rosane de Oliveira iniciou, no dia 18, sua palestra no Clube Independente de Flores da Cunha, ação promovida pelo Centro Empresarial.
O evento-jantar foi, na verdade, uma conversa atualizada ao vivo com dados repassados via internet, os quais chegavam ao tablet da jornalista, como uma pesquisa ao governo do Estado. “Vivemos um momento muito preocupante. Confesso que estou angustiada, assim como o país passa por um cenário de preocupação, principalmente porque nosso crescimento econômico é quase zero”, explanou Rosane, 54 anos, que trabalha no Grupo RBS há 22 anos. “O mercado financeiro vive de factoides”, emendou, antes de iniciar novo raciocínio.
Em 2002, disse ela, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) crescia nas pesquisas eleitorais quando houve uma reviravolta no mercado financeiro tamanha eram os questionamentos sobre a possibilidade de sua eleição. Para acalmar os ânimos, Lula escreveu uma carta à nação na qual prometia que, economicamente, não seria radical se eleito fosse. “Hoje atravessamos a exaustão típica de um mandato de 12 anos do PT. Desgaste comprovado pelo índice de rejeição da presidente Dilma divulgado em pesquisas”, argumentou a palestrante. Mas, em quem votar diante desse cenário? “Marina é uma incógnita”, opinou Rosane.
A hoje socialista que fundou o partido Rede Sustentabilidade merece questionamentos porque ninguém sabe, ainda, quem integra o ‘time’ dela – quem seria o ministro da Fazenda de Marina Silva? “Certo é que o PMDB vai governar junto, porque o PMDB governa com todos”, brincou Rosane, provocando o riso dos presentes no Clube Independente. O principal desafio do próximo presidente da República, disse a jornalista, é que o vencedor aglutine forças para enfrentar a crise de confiança que assola os brasileiros. “Nós não temos a cultura da cobrança”, contextualizou.
O Rio Grande do Sul
A maior parte da palestra de Rosane de Oliveira foi ocupada com um tema mais local, ou seja, o Rio Grande do Sul, Estado que ‘vive’ para pagar a folha de pagamento e que está carente de infraestrutura. “A Serra não tem uma estrada duplicada que a ligue à Capital. Quando vinha para cá eu pensava nisso. Precisamos no RS que as obras de infraestrutura sejam feitas em parceria com a iniciativa privada, caso contrário será difícil fazer algo”, pontuou. “Hoje tenho inveja boa, se é que existe inveja boa, de Santa Catarina, Estado que atrai investimentos melhor do que nós e melhora seus índices educacionais. Nosso maior problema é a falta de continuidade – a cada novo governo se tenta reinventar a roda, e tudo muda”, complementou.
Falta de força política da Assembleia Legislativa, Judiciário rígido e Previdência Estadual quebrada foram outros assuntos citados pela palestrante, fazendo a ligação entre decisões políticas que não foram tomadas no período certo e que ocasionaram problemas econômicos agora difíceis de serem controlados. “O Estado tem mais aposentados do que servidores ativos. O déficit previdenciário anual é de R$ 7 bilhões. Se gasta mais do que arrecada, ou seja, algo está errado. Se a empresa dos senhores estivesse como o Rio Grande do Sul, em cinco anos ela quebraria, sendo otimista. Acho que quebraria em menos tempo”, alertou Rosane, que além de colunista é apresentadora do programa Gaúcha Atualidade e comentarista da TVCOM.
Marasmo, lerdeza e ineficiência foram os adjetivos citados por ela para ‘elogiar’ o setor público. “O vencedor da eleição, seja governador ou presidente, terá o desafio de tornar o serviço público eficiente. O setor público precisa ser revisto. Não sou pessimista. Temos de ter esperança. Não vamos perder a esperança”, completou, citando números alarmantes. Se a dívida pública gaúcha fosse renegociada hoje, terminaria de ser paga em 2027, ou seja, somente em 2028 (daqui a 14 anos) é que o governo estadual teria força para investir. “Como iremos viver até lá? O Estado não tem capacidade nem de endividamento”, questionou a palestrante, criando um burburinho entre os mais de 200 presentes no salão do Clube Independente.
Como crescer
Após encerrar uma série de entrevistas com os principais candidatos ao Palácio Piratini, as quais foram publicadas no jornal Zero Hora e em outros periódicos do Grupo RBS, Rosane de Oliveira foi categórica ao afirmar que nenhum dos políticos com quem conversou tem consciência do real problema das finanças estaduais. “O quadro é preocupante para quem vencer, apesar de todos mostrarem boa vontade para enfrentar o problema”, sentenciou. Na opinião da colunista, os brasileiros precisam de um ‘choque’ de credibilidade, caso contrário, existe o risco de entramos em uma crise institucional.
Mas, como crescer? “Não podemos nos acovardar e não alimentar esse ciclo vicioso que acontece antes das eleições. Acredito que é possível buscar caminhos sem dependência de governos. Falta inovação no Brasil, somos conservadores”, opinou. No setor público, é possível gastar menos. Onde cortar? “Dizem que o Bolsa Família deveria ser extinto, mas se formos verificar, o país gasta mais com juros ou outras coisas do que com o Bolsa Família. Existem maneiras, mas é preciso querer”, observou a jornalista.
A palestra realizada em Flores da Cunha foi promovida pelo Centro Empresarial com parceria da rádio Gaúcha, por meio do projeto Painel Gaúcha e patrocínio da Fábrica de Móveis Florense e da agência BicoFino – Oficina Criativa.
O evento-jantar foi, na verdade, uma conversa atualizada ao vivo com dados repassados via internet, os quais chegavam ao tablet da jornalista, como uma pesquisa ao governo do Estado. “Vivemos um momento muito preocupante. Confesso que estou angustiada, assim como o país passa por um cenário de preocupação, principalmente porque nosso crescimento econômico é quase zero”, explanou Rosane, 54 anos, que trabalha no Grupo RBS há 22 anos. “O mercado financeiro vive de factoides”, emendou, antes de iniciar novo raciocínio.
Em 2002, disse ela, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) crescia nas pesquisas eleitorais quando houve uma reviravolta no mercado financeiro tamanha eram os questionamentos sobre a possibilidade de sua eleição. Para acalmar os ânimos, Lula escreveu uma carta à nação na qual prometia que, economicamente, não seria radical se eleito fosse. “Hoje atravessamos a exaustão típica de um mandato de 12 anos do PT. Desgaste comprovado pelo índice de rejeição da presidente Dilma divulgado em pesquisas”, argumentou a palestrante. Mas, em quem votar diante desse cenário? “Marina é uma incógnita”, opinou Rosane.
A hoje socialista que fundou o partido Rede Sustentabilidade merece questionamentos porque ninguém sabe, ainda, quem integra o ‘time’ dela – quem seria o ministro da Fazenda de Marina Silva? “Certo é que o PMDB vai governar junto, porque o PMDB governa com todos”, brincou Rosane, provocando o riso dos presentes no Clube Independente. O principal desafio do próximo presidente da República, disse a jornalista, é que o vencedor aglutine forças para enfrentar a crise de confiança que assola os brasileiros. “Nós não temos a cultura da cobrança”, contextualizou.
O Rio Grande do Sul
A maior parte da palestra de Rosane de Oliveira foi ocupada com um tema mais local, ou seja, o Rio Grande do Sul, Estado que ‘vive’ para pagar a folha de pagamento e que está carente de infraestrutura. “A Serra não tem uma estrada duplicada que a ligue à Capital. Quando vinha para cá eu pensava nisso. Precisamos no RS que as obras de infraestrutura sejam feitas em parceria com a iniciativa privada, caso contrário será difícil fazer algo”, pontuou. “Hoje tenho inveja boa, se é que existe inveja boa, de Santa Catarina, Estado que atrai investimentos melhor do que nós e melhora seus índices educacionais. Nosso maior problema é a falta de continuidade – a cada novo governo se tenta reinventar a roda, e tudo muda”, complementou.
Falta de força política da Assembleia Legislativa, Judiciário rígido e Previdência Estadual quebrada foram outros assuntos citados pela palestrante, fazendo a ligação entre decisões políticas que não foram tomadas no período certo e que ocasionaram problemas econômicos agora difíceis de serem controlados. “O Estado tem mais aposentados do que servidores ativos. O déficit previdenciário anual é de R$ 7 bilhões. Se gasta mais do que arrecada, ou seja, algo está errado. Se a empresa dos senhores estivesse como o Rio Grande do Sul, em cinco anos ela quebraria, sendo otimista. Acho que quebraria em menos tempo”, alertou Rosane, que além de colunista é apresentadora do programa Gaúcha Atualidade e comentarista da TVCOM.
Marasmo, lerdeza e ineficiência foram os adjetivos citados por ela para ‘elogiar’ o setor público. “O vencedor da eleição, seja governador ou presidente, terá o desafio de tornar o serviço público eficiente. O setor público precisa ser revisto. Não sou pessimista. Temos de ter esperança. Não vamos perder a esperança”, completou, citando números alarmantes. Se a dívida pública gaúcha fosse renegociada hoje, terminaria de ser paga em 2027, ou seja, somente em 2028 (daqui a 14 anos) é que o governo estadual teria força para investir. “Como iremos viver até lá? O Estado não tem capacidade nem de endividamento”, questionou a palestrante, criando um burburinho entre os mais de 200 presentes no salão do Clube Independente.
Como crescer
Após encerrar uma série de entrevistas com os principais candidatos ao Palácio Piratini, as quais foram publicadas no jornal Zero Hora e em outros periódicos do Grupo RBS, Rosane de Oliveira foi categórica ao afirmar que nenhum dos políticos com quem conversou tem consciência do real problema das finanças estaduais. “O quadro é preocupante para quem vencer, apesar de todos mostrarem boa vontade para enfrentar o problema”, sentenciou. Na opinião da colunista, os brasileiros precisam de um ‘choque’ de credibilidade, caso contrário, existe o risco de entramos em uma crise institucional.
Mas, como crescer? “Não podemos nos acovardar e não alimentar esse ciclo vicioso que acontece antes das eleições. Acredito que é possível buscar caminhos sem dependência de governos. Falta inovação no Brasil, somos conservadores”, opinou. No setor público, é possível gastar menos. Onde cortar? “Dizem que o Bolsa Família deveria ser extinto, mas se formos verificar, o país gasta mais com juros ou outras coisas do que com o Bolsa Família. Existem maneiras, mas é preciso querer”, observou a jornalista.
A palestra realizada em Flores da Cunha foi promovida pelo Centro Empresarial com parceria da rádio Gaúcha, por meio do projeto Painel Gaúcha e patrocínio da Fábrica de Móveis Florense e da agência BicoFino – Oficina Criativa.
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