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Rodeio Crioulo Nacional começa a ganhar nova forma

Locatários devem remover casinhas da área de preservação até domingo. Evento começa na noite de quarta, dia 9

Apesar de o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre prefeitura, Ministério Público (MP) e Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Galpão Serrano, que autoriza a realização do 11º Rodeio Crioulo Nacional, ainda não ter sido assinado, os locatários das casinhas já começaram a limpeza no local, autorizada informalmente pelo MP. Durante o evento previsto para iniciar na próxima quarta-feira, dia 9 de abril, o Batalhão Ambiental da Brigada Militar (Patram) deverá fazer a fiscalização para que a Área de Preservação Permanente (APP) não seja mais danificada.

O promotor de Justiça de Flores da Cunha, Stéfano Lobato Kaltbach, explica que a Divisão de Assessoramento Técnico (DAT) do MP de Porto Alegre ainda não marcou data para vistoriar o Parque de Rodeios Antônio Dante Oliboni. Por enquanto, a questão relativa à multa indenizatória que a prefeitura deverá pagar ficará em aberto. Após a vistoria da DAT deverão ser fixados valores e determinados os responsáveis pelos danos.

Os outros eventos realizados no espaço, como o Bixo Porco Off Road e a competição de airsoft, de acordo com o promotor, também deverão se adequar ao novo formato do Parque, ou seja, deverão ter autorização do município e respeitar a APP. Kaltbach acrescenta, porém, que a área deve ser protegida de degradação, mas poderá ser prestigiada pela população, como em passeios, trilhas e visitas de estudantes. “Basicamente, as áreas de APP podem ser transitadas, mas não pode haver danos”, reforça.

O evento
O patrão do CTG Galpão Serrano, responsável pela organização do Rodeio, Zenir José Fioreze, explica que o Ministério Público autorizou a entrada na Área de Preservação Permanente para a retirada das casinhas. Os 145 locatários têm até este fim de semana para desmontar as estruturas, pois o CTG pretende cercar a área para impedir o acesso durante o evento.

Segundo Fioreze, até ontem, dia 3, a maior parte das estruturas já estava desmontada e a área disponível para acampamento estava quase lotada. Ele afirma que a maioria dos locatários entendeu que as mudanças não são exigências da organização do Rodeio, mas impostas por lei. “Uns entendem, outros não. Mas já estamos com espaço quase esgotado”, diz.

Apesar de o MP ter autorizado a permanência das casinhas de entidades do poder público, como prefeitura, Conselho Tutelar e Brigada Militar, a primeira a ser retirada foi a da prefeitura de Flores da Cunha, removida na sexta-feira, dia 28. No ano passado, os organizadores divulgaram o público recorde de 50 mil pessoas na 10ª edição do Rodeio – confira as programações artística e campeira do evento na página ao lado.

Fotos/Antonio Coloda

Estrutura das arquibancadas para a cancha 2 começaram a ser montadas ontem, quinta-feira.


Em casa ou barraca, o que importa é participar

Na manhã de quinta-feira já era possível perceber as grandes lacunas deixadas pelas casas desmontadas no Parque de Rodeios Antônio Dante Oliboni. Da mesma forma, as construções temporárias ganhavam forma em um terreno que faz limite com o espaço. Valmor Simioni, 49 anos, é um dos prestigiadores do evento que já está se preparando com uma nova estrutura.

A casa antes mantida por ele e outros cinco amigos, que estava construída justamente em cima de um dos córregos que passa pelo local, se transformou em um amontoado de madeiras. Simioni diz que acompanha o evento desde o início, ainda quando era chamada de Festa Campeira.

Ele é do grupo que não deixará de assistir os eventos por causa das mudanças e revela uma preferência dos florenses. “É que o pessoal de Flores não é de Rodeio, é de acampar”, opina. No novo espaço ele pretende colocar apenas barracas, já que seria muito trabalhoso fazer de madeira uma estrutura que deverá ser retirada logo após o término do Rodeio. “Tomara que chova, porque rodeio sem barro não é rodeio”, brinca o tradicionalista.


Valmor Simioni é um dos que está fazendo a mudança da estrutura para prestigiar o evento tradicionalista.

Novas barracas são montadas em área determinada pelo Ministério Público e pela Patram. - Antonio Coloda
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