Revitalização do loteamento Pérola começa a sair do papel
Projeto tem investimento de R$ 850 mil com recursos do Ministério das Cidades e contrapartida da Prefeitura de Flores da Cunha
Desde janeiro, quando foi feita a transferência das 80 famílias que ocupavam áreas de preservação ambiental nas margens do Arroio Curuzu, no loteamento Pérola, a paisagem para os moradores que permaneceram, por enquanto, pouco mudou. As obras que contemplam a revitalização do local começaram pela Rua Maria Sandi Zanandrea, no limite com o loteamento São Pedro. Alguns moradores reclamam de canos quebrados que resultam em esgoto a céu aberto, além dos entulhos que ainda não foram recolhidos. A Secretaria de Planejamento, Meio Ambiente e Trânsito de Flores da Cunha trabalha em ajustes finais no projeto, além do nivelamento das margens do arroio, tudo em parceria com a Prosul Empreendimentos, empresa vencedora da licitação da revitalização. A limpeza dos entulhos será feita após essas etapas.
A ordem de início para a construção do parque linear foi assinada no início de junho, entre a prefeitura e a Prosul. O empreendimento tem prazo de oito meses para ser concluído (fevereiro de 2017). De acordo com a arquiteta Sayonara Guaresi, atualmente a Secretaria de Planejamento e a Prosul trabalham elaborando a locação da obra, que diz respeito ao desenho do parque. “O projeto é elaborado em cima de levantamentos topográficos, mas em função do local estar nas margens do arroio, e de ter intervenção de moradores ao seu redor, em alguns momentos o desenho saiu do projeto inicial. Estamos acompanhando esta fase”, explica Sayonara, profissional da prefeitura responsável pela fiscalização e pelo projeto da revitalização.
Além desses ajustes, a Secretaria trabalha no conserto do talude que é construído para garantir os aterros próximos do Curuzu. “Com isso estamos nivelando a área para que o parque não tenha tantos desníveis. Isso está nos tomando bastante tempo em função da movimentação de terras e pedras também para subir o nível da calçada em relação ao arroio, evitando assim que um futuro volume grande de água possa alcançar as áreas de circulação”, complementa a arquiteta. Na tarde da última terça-feira, quando o Jornal O Florense esteve no local, não havia trabalhadores na obra.
O projeto de revitalização feito pela Secretaria de Planejamento prevê acesso para pedestres e ciclistas por 400m, calçamento em blocos, playground, academia ao ar livre, bicicletário, espaços de convivência, iluminação e arborização, além de uma passarela sobre o arroio. A obra tem custo estimado de R$ 850 mil, com recursos do Ministério das Cidades e contrapartida da prefeitura.
Reclamações
De acordo com a prefeitura, será após essas fases de locação e nivelamento que deve iniciar a limpeza das áreas. Moradores do Pérola relatam que os entulhos resultantes das mudanças acabaram juntando mais detritos que viram depósitos na rua. “Esse lixo todo está contribuindo inclusive com a proliferação de mosquitos, e com todas as doenças que sabemos que são transmitidas pelo inseto, ficamos com medo. Temos pessoas e crianças circulando por esses locais diariamente”, relata uma moradora. “O esgoto está saindo a céu aberto em muitos pontos. Sabemos que também não está certo colocar no arroio, porém não fomos informados do que fazer agora. Pediram-nos para esperar”, expõe outra moradora.
A maioria das casas do Pérola tem canos que levam o esgoto diretamente para o arroio, o que, perante a legislação, é proibido. A lei determina que cada moradia tenha um sistema de fossa e filtro para a destinação do esgoto. “O morador que joga esses dejetos no rio está errado. No caso do Pérola, a maioria das residências não tem projeto aprovado pela prefeitura, são por isso irregulares e contam com instalações hidráulicas superficiais. Com a movimentação dos entulhos por máquinas, muitos canos acabam quebrando”, admite a arquiteta Sayonara.
As 80 famílias que residiam em Áreas de Preservação Permanente (APPs) foram transferidas em janeiro para o conjunto habitacional do programa Minha Casa Minha Vida construído no bairro União.
Impasse com famílias
O juiz da Comarca de Flores da Cunha, Roberto Laux Junior, aguarda a entrega das defesas das cinco famílias que resistem em permanecer na área desocupada do loteamento Pérola. Elas não concordam em deixar a área alegando que têm documentos que comprovam o título de propriedade, além de que, segundo elas, as moradias oferecidas (apartamentos) não atenderem as suas necessidades. Em audiência realizada em maio, a Justiça concedeu prazo de um mês para que as famílias apresentassem defesa por escrito. De acordo com o juiz, uma delas ainda não se manifestou, por isso o caso só terá andamento depois de entregue todas as defesas. “Só voltarei a examinar a questão após a apresentação de todas as defesas, o que deve acontecer em torno de 15 dias”, aponta Laux.
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