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Restauração de casarão gera críticas

Oposição questiona recursos previstos para serem investidos no imóvel

No final do mês de outubro, a Prefeitura Municipal recebeu a doação de uma casa de madeira centenária pertencente a Asdrubal Antoniazzi com usufruto de Odaly Falavigna Antoniazzi. A moradia, que estava localizada na Avenida 25 de Julho, ao lado do Supermercado Vermelhão, foi removida para o Parque da Vindima e colocada no local onde se situava o palco externo dos pavilhões. Quatro meses depois, a casa de 200 metros quadrados, e com visíveis sinais de má conservação, continua no mesmo local e sem nenhum processo de restauração em andamento. O caso gerou debate na sessão extraordinária realizada pela Câmara Municipal de Vereadores na última segunda-feira, dia 22. Os vereadores da oposição questionaram sobre os gastos públicos que a reforma irá gerar. . "Esse recurso não seria melhor investido dentro dos pavilhões?", apontou o vereador Valdir Franceschet (PMDB), o Feio. O presidente da Casa, Moacir Ascari (PMDB), o Fera, frisou que o casarão não tem condições de ser restaurado e que "contaminará de cupins os demais prédios". "O empreendimento não é adequado e também não é o local certo, porque foi tirado o palco das apresentações", argumentou.

De acordo com o secretário de Turismo, Indústria, Comércio e Serviços, Carlos Lisboa, a moradia funcionará como Central de Atendimento e Recepção ao Turista e também como ponto administrativo da prefeitura durantes os eventos e seu local foi escolhido por se tratar de um espaço onde ocorrem eventos importantes do município. "Enxergamos como um lugar para atrair turistas e que possui toda uma conotação turístico-cultural. Em várias outras cidades, réplicas e monumentos históricos foram colocados em parques", destaca. Ainda segundo Lisboa, além dos trabalhos de atendimento ao turista, a casa terá também um memorial com artigos e peças das famílias Falavigna e Soldatelli. "Não há um cuidado na preservação do patrimônio histórico e esse é o primeiro passo e o símbolo para se trabalhar a preservação em Flores", diz. O orçamento para a primeira etapa de restauração, que inclui fundações, piso, recolocações das paredes e do telhado e pintura, custará R$ 24.893. Para a segunda etapa, que prevê melhorias na parte interna, os recursos ainda não estão definidos. Os trabalhos de execução para início da reforma aguardam a assinatura do contrato de licitação. "Será um trabalho bem artesanal, com muita cautela e cuidado. Quando estiver pronta, tenho certeza que se tornará mais um ponto turístico do município", pontua Lisboa. A restauração da casa integra o projeto de revitalização do Parque da Vindima. O que pensam as entidades "Consideramos importante a restauração da casa, visto que Flores da Cunha já perdeu grande parte do seu patrimônio histórico arquitetônico. Além disso, depois de restaurada, será mais um importante ponto turístico do município. A localização no Parque da Vindima é válida, já que lá são realizadas feiras e festas, como a Fenavindima, ou seja, um local de grande movimentação turística e acredito que o que o turista quer ver em nosso município são as características e a cultura da imigração italiana." Camila Pauletti – presidente da Associação dos Amigos do Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi (AAMAHPR) "É muito importante essa reforma porque temos poucos casarões ainda preservados no município. O ideal seria deixá-los em seu lugar de origem, mas por questões financeiras, sabemos que muitas vezes isso não é possível. Hoje, muitas casas antigas estão se perdendo e podemos contar nos dedos quantas ainda há no centro da cidade. Esses locais poderiam muito bem servir com destinos e atrativos culturais. Essa casa irá abrigar um legado da imigração italiana. Eu mesma, moro em uma casa de 1946, a qual reformei. Não foi possível preservar tudo, mas mantive alguns traços antigos". Taís Carpeggiani – presidente da Associação dos Produtores de Arte e Cultura (Apac) Para saber mais O município de Flores possui duas leis municipais que tratam sobre preservação: Lei Municipal Nº 1061/1986 – Dispõe sobre o patrimônio arquivístico de Flores da Cunha, institui o sistema municipal de arquivos e dá outras providências. Lei Municipal Nº 1062/1986 – Dispõe sobre a proteção do patrimônio histórico e cultural de Flores da Cunha. Entende-se por patrimônio histórico e cultural o conjunto de bens móveis e imóveis existente em seu território e que, por sua vinculação a fatos pretéritos memoráveis e a fatos atuais significativos, ou por seu valor cultural, seja de interesse público conservar e proteger contra a ação destruidora decorente da atividade humana e do tempo.

Casarão está situado onde encontrava-se o palco externo dos pavilhões. - Na Hora / Antonio Coloda e Paulo Ribeiro / Divulgação
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