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Resgate histórico: confira a íntegra do discurso dos 50 anos da Banda Santa Cecília

Comemorações do Centenário do grupo musical foram encerradas no dia 21 de abril com missa e almoço

Com sol e temperaturas agradáveis a comunidade de Nova Pádua se reuniu para celebrar com a Banda Santa Cecília seus 100 anos de fundação. A missa e o almoço festivo encerraram as comemorações do centenário e abriram um novo ano para a entidade, que visa a construção da sede própria e a produção de um livro para registrar a data.

“A paróquia é todos nós, e a Banda está fazendo isso por 100 anos.” Foi assim que o bispo da Diocese de Caxias do Sul, dom Alessandro Ruffinoni, iniciou seu sermão na missa festiva, na Igreja Matriz de Nova Pádua. Lotado, o templo ecoou os acordes da Banda e as vozes do Coral Santa Cecília. “O grupo cantou e ajudou a viver na fé. Atrás dessa música existem pessoas que se sacrificaram e ainda se sacrificam sem lucros. Isso para nos alegrar com suas músicas”, valorizou Ruffinoni.

Durante a celebração a Banda homenageou três ex-integrantes: Faustino Bisinella, Casemiro Gelain e Maria de Lurdes Calgaro, além do pároco de Nova Pádua, padre Mário Pasqual. A Banda e o Coral Santa Cecília fizeram uma troca de agradecimentos e homenagens – foram entregues placas pela Paróquia Santo Antônio e pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR).

O almoço festivo aconteceu na comunidade do Travessão Curuzu. O evento contou com a apresentação da Banda. O presidente da entidade, Gilmar Marin, valoriza a participação dos paduenses em todos os dias de atividades. “Tivemos uma programação muito boa e isso graças à ativa participação não só dos moradores de Nova Pádua, mas também de visitantes que vieram nos prestigiar e contribuíram com o grupo”, destaca Marin.

No primeiro ano pós-centenário a entidade desenvolverá ações para incentivar a participação dos jovens e a permanência na Banda, assim como uma maior colaboração dos paduenses com a entidade. A produção de um livro contando a história do centenário também está programada, além da construção da sede própria. “Não adianta fazermos 100 anos sem pensar no futuro, por isso temos muitas ideias para manter a Banda sempre viva”, acrescenta o presidente.

Sessão solene
A Câmara de Vereadores de Nova Pádua realizou uma sessão solene no sábado, dia 20, em homenagem ao centenário da Banda Santa Cecília – o grupo foi fundado em 20 de abril de 1913. O encontro contou com autoridades municipais que fizeram breves homenagens. O presidente da Casa, Silvino Maróstica (PSDB), lembrou da importância da Banda, conhecida em toda a região, tendo sua trajetória mesclada com a história de muitos paduenses. “A Banda Santa Cecília sempre mexeu com nossas emoções”, ressaltou Maróstica.

História
No dia 12 de abril, durante solenidade de lançamento das comemorações do centenário, o ex-reitor da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Abrelino Vazatta leu na íntegra o discurso dos 50 anos da Banda. O Florense teve acesso ao documento e reproduz abaixo o texto escrito por Rogério Sonda (músico) e lido por Jorge Baggio (então presidente da Banda):

Esse pugilo de senhores escreveu o seu estatuto composto de 24 artigos, entre os quais uns continham as penas que seriam infligidas ao sócio que não observasse fielmente os artigos do dito estatuto.
No mesmo dia 21 de abril de 1913, sendo aprovado o estatuto pelos ditos sócios, elegeram a primeira diretoria, sendo eleito presidente o senhor Benedeto Bigarella, vice-presidente Domênico Sonda, secretário Enrique Sartor e tesoureiro Vitorio Pratavieira. Naturalmente que esses senhores pretendiam fundar uma banda de música dando-lhe o nome de Santa Cecília, em homenagem a essa grande santa padroeira dos músicos.
A banda não visava lucro nenhum, pelo contrário, exigia de cada sócio grandes sacrifícios de toda a parte. O ideal era dar a Nova Pádua o exemplo de muitas outras cidades em grande progresso, uma banda de música para abrilhantar as festas sociais e religiosas. Mas para tocar era preciso aprender, tornou-se, portanto, indispensável contratar um maestro de música, que foi o senhor Alvize Parise de saudosa memória, residente em Flores da Cunha.
No dia 5 de abril de 1914, reunidos os sócios, decretaram que a aula só seria administrada uma vez por semana, pagando ao maestro 35 cruzeiros mensais. Com apenas um ano de existência, houve membros que se demitiram e outros que entraram, e assim com a desistência de uns e entrada de outros a Banda Santa Cecília de Nova Pádua foi prosseguindo mais ou menos nesse ritmo até o ano de 1924.
Em 15 de outubro de 1925 a Banda Santa Cecília de Nova Pádua era composta dos seguintes membros: Francisco Boscato (maestro), Benjamin Vezaro, João Lunardi, João Graziotin, Giacomo Menegat, Angelo Menegat, Vitorio Pratavieira, Manuel Diogenes do Santo Nort, José Blasco, Joaquin Bigarela, Álvaro Pratavieira, Egidio Biachin e Rogério Sonda.
De 1926 a 1931 a sociedade sofreu certos abalos por atos praticados por sócios que se recusaram a comparecer em uma festa em que o presidente havia tomado o compromisso.
Mais eis que em 31 de dezembro de 1932 a banda toma novo impulso e aí prosseguindo com os seguintes sócios: Francisco Boscato, João Graziotin, Rogério Sonda, Benjamin Vezaro, Joaquim Bigarella, Albino Cavagnolli, Antônio Sonda, Primo Marin, Giacomo Menegat, Ângelo Menegat e Vitório Pratavieira.
E composto destes sócios, que foi subsistindo até 26 de fevereiro de 1934, data essa em que entraram mais sócios sendo eles os seguintes: o maestro Luiz, que foi o sustentáculo desde data até a hora presente, Alberto Gelain, Raimundo Gelain, Cristiano Gelain, Calisto Menega. E em 1938 começaram fazer parte dessa sociedade os membros: Fioravante Pecati, João Bisinela, Albino Baggio e Argentino Menegat, e em 1941, o senhor Marcelo Pecati. Em 1946 começaram a fazer parte: Tranquilo Pilatti, José Betore, Rogério Gelain, Firmino Gelain, Casemiro Gelain, Faustino Bisinela, Rosalino Bisinela, Calisto Bisinela e Jorge Baggio. Sendo o maestro dessa turma o incansável e dinâmico Luiz Gelain.
Os maestros desde a fundação da Banda recebiam ordenado mensal, mas o maestro Gelain nunca cobrou nada. Tudo fez com amor para que Nova Pádua pudesse ter uma banda para alegrar as festas. E a vantagem dos alunos, quais seriam? A exemplo dos que os antecederam, apenas o trabalho e o sacrifício.
E assim chegamos até o ano de 1949 e a Banda era formada pelos seguintes sócios: maestro Luiz Gelain, Benjamin Vezzaro, Rogério Sonda, Angelo Rodine, Fioravante Pecati, Marcelo Pecati, Casemiro Gelain, Firmino Gelain, Rogério Gelain, Faustino Bisinella, Rosalino Bisinella e Jorge Baggio. E com estes sócios chegamos a hora presente.
Estando alguns instrumentos gastos e não possuindo caixa, recorremos a deputados estaduais, os quais se prontificaram em nos auxiliar. E com a dita verba, compramos dois instrumentos.
E para terminar, em meu nome e em nome da Banda, não posso deixar de agradecer ao reverendíssimo padre vigário, ao prefeito municipal e ao senhor Racil Bigarella que nos honra com a sua presença.



Missa festiva lotou a Igreja Matriz de Nova Pádua no dia 21. - Camila Baggio
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