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Qualificação junto à terra

Em homenagem ao colono, cuja data é festejada no próximo dia 25, conheça a história de pessoas que buscam cursos para se aperfeiçoar e investir no trabalho da colônia

Assim que acabou o Ensino Médio, o estudante Alencar Dallemole, 18 anos, queria continuar estudando, mas não sabia direito o quê. A dúvida estava entre Administração de Empresas e Agronomia. Optou pelo segundo e não se arrepende. "Vejo que o único curso que fecha comigo é este, porque ele vai me auxiliar aqui em casa", diz o jovem, que está começando o segundo semestre. Morador do Travessão Leonel, em Nova Pádua, Alencar trabalha nos viveiros da família, onde auxilia na produção dos hortifrutigranjeiros. Por mês são produzidas 15 mil bandejas de mudas cítricas (laranjeiras, limoeiras, limeiras e bergamoteiras) e hortaliças (alface, tomate, couve-flor, brócolis, pimentão, cebola, salsa...) na propriedade. Junto com o viveiro, localizado em Benjamin Constant do Sul, são 300 mil mudas por ano. "O que eu vejo na Universidade está interligado com o que trabalho aqui", destaca o jovem.

O conhecimento no trabalho veio pela prática do dia a dia e dos auxílios do pai, Gilmar Dallemole, que o incentivou a cursar Agronomia. "É um conhecimento numa área em que já atuo. E por meio dos estudos pretendo continuar aqui para inovar e melhorar o trabalho", aponta Alencar. "E o melhor, depois de formado não preciso nem procurar emprego", complementa. Mesmo estando no início do curso – a previsão é de se formar entre seis a oito anos – Alencar quer concluir já a graduação. "Tenho vontade de acabar logo", diz o futuro engenheiro agrônomo.

De olho no futuro

Trabalhar com o solo e os vegetais e lidar com as transformações agrícolas para o desenvolvimento do setor primário sempre esteve entre os objetivos da estudante Deise Munaro, 19 anos. Foi por isso que ela escolheu o curso de Agronomia para seguir. "Estava em dúvida com outros cursos, mas todos ligados à área agrária, porque sempre gostei e como fui criada na colônia esse era o curso que precisava seguir", diz a jovem do Travessão Bonito, de Nova Pádua. A escolha pelo curso deixou os pais bastante satisfeitos. "O meu pai ficou faceiro. Antes de escolher o curso, eles não deram palpites, mas depois que escolhi ele me incentivou bastante", conta a jovem, que pretende usar os conhecimentos adquiridos na propriedade da família, que gira em torno da viticultura e dos hortigranjeiros. Estudante do 4º semestre, ela já está de olho no futuro. "Quero fazer estágios para ganhar experiência, conhecer a prática, ter base teórica e depois me dedicar à área que vou seguir, porque a Agronomia tem vários caminhos a seguir e o setor primário tem sempre procura na Região", aposta Deise, que tem pretensão de se formar em cinco anos. "A Agronomia é o que eu quero e estou gostando muito. Era tudo o que eu esperava e até mais", sentencia.

Investindo na propriedade

No Travessão Bonito, em Nova Pádua, o jovem agricultor Junior Pegoraro, 18 anos, já começou a estudar para aumentar a renda familiar e mudar a cultura na propriedade. Na busca por diversidade, ele resolveu montar uma estrutura para comercialização de leite. A família Pegoraro adquiriu uma ordenhadeira e um tanque isotérmico de 750 litros para começar os trabalhos. Com a estrutura montada e um investimento de cerca de R$ 70 mil, o filho mais novo, Júnior, percebeu que precisava adquirir conhecimento para trabalhar na produção de leite. Com o apoio da Emater e da Prefeitura de Nova Pádua realizou um curso de Gado Leiteiro, no Centro Regional de Qualificação Profissional de Produtores Rurais de Nova Petrópolis – Cetanp. Lá, aprendeu sobre o desempenho das vacas leiteiras, a criação e alimentação corretas, o controle e a prevenção de doenças, a higiene, o manejo da ordenha, o planejamento da propriedade e a qualidade do leite. "Já estou colocando em prática o que aprendi. Faço as estatísticas para ver quanto de alimentação devo dar para cada animal", diz o jovem.

O próximo passo é investir num curso de inseminação artificial para melhorar a genética dos animais. "Os cursos facilitam e ajudam muito, porque aprimoram os jovens e fazem com que eles invistam em suas propriedades. É importante também que eles se mantenham sempre atualizados", garante o veterinário Valdecir Marin. Para o futuro, o jovem agricultor pretende aumentar o número de animais – são nove vacas leiteiras, de um total de 18 – e montar uma agroindústria familiar. Com isso, além da comercialização do leite in natura, pretende fabricar queijos. "Para agregar mais valor", diz ele. Hoje, a estrutura ainda demanda novas instalações e ajustes. A produção diária é de 130 litros de leite, que são comercializados para uma cooperativa de laticínios.

Aprimoramento rural e pessoal

As diferenças já foram sentidas. O agricultor Gilberto Sandri, 45 anos, logo percebeu que os cursos ligados à área agrícola o estavam auxiliando muito na administração da propriedade de quatro hectares no Travessão Alfredo Chaves. Após os quatro cursos de extensão ligados a Gestão Rural, o agricultor começou a perceber as mudanças. "Dá para notar o retorno, porque aprendemos a organizar a propriedade como se fosse uma empresa. O quanto se vai gastar, quanto devemos levar, se vale a pena investir ou se é melhor procurar outras alternativas. Recebemos noções de como baixar custos para não gastar nada desnecessário", explica Sandri. O primeiro curso sobre Gestão Rural, feito por meio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua, numa parceria com a UCS e o Centro Empresarial, trabalhou a administração da propriedade rural, como manusear os insumos agrícolas, como baixar custos, além de técnicaspara agregar valor à propriedade. Depois desse, vieram outros para complementar, como o aplicação e regulagem de pulverizadores. Porém, mais do que a aprendizagem prática a ser levada para o campo, Sandri também destaca o conhecimento pessoal. "Sempre gostei de novidades e de estar por dentro do que acontece, porque tudo é conhecimento", destaca. "Consegui aplicar os estudos na propriedade para aprimorar. Dentro da possibilidade sempre pretendo fazer cursos", pontua o agricultor, que por meio das aulas aprendeu a dosar e calcular o uso de agrotóxicos. "Reduzi bastante os insumos e aprendi a baratear a mão de obra e ter mais tecnologia", diz ele, que aplicou esse conhecimento no cultivo dos parreirais.

Deise Munaro pretende usar os conhecimentos adquiridos para melhorar o cultivo de uvas - Danúbia Otobelli
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