Qualificação junto à terra
Em homenagem ao colono, cuja data é festejada no próximo dia 25, conheça a história de pessoas que buscam cursos para se aperfeiçoar e investir no trabalho da colônia
O conhecimento no trabalho veio pela prática do dia a dia e dos auxílios do pai, Gilmar Dallemole, que o incentivou a cursar Agronomia. "É um conhecimento numa área em que já atuo. E por meio dos estudos pretendo continuar aqui para inovar e melhorar o trabalho", aponta Alencar. "E o melhor, depois de formado não preciso nem procurar emprego", complementa.
Mesmo estando no início do curso – a previsão é de se formar entre seis a oito anos – Alencar quer concluir já a graduação. "Tenho vontade de acabar logo", diz o futuro engenheiro agrônomo.
De olho no futuro
Trabalhar com o solo e os vegetais e lidar com as transformações agrícolas para o desenvolvimento do setor primário sempre esteve entre os objetivos da estudante Deise Munaro, 19 anos. Foi por isso que ela escolheu o curso de Agronomia para seguir. "Estava em dúvida com outros cursos, mas todos ligados à área agrária, porque sempre gostei e como fui criada na colônia esse era o curso que precisava seguir", diz a jovem do Travessão Bonito, de Nova Pádua. A escolha pelo curso deixou os pais bastante satisfeitos. "O meu pai ficou faceiro. Antes de escolher o curso, eles não deram palpites, mas depois que escolhi ele me incentivou bastante", conta a jovem, que pretende usar os conhecimentos adquiridos na propriedade da família, que gira em torno da viticultura e dos hortigranjeiros. Estudante do 4º semestre, ela já está de olho no futuro. "Quero fazer estágios para ganhar experiência, conhecer a prática, ter base teórica e depois me dedicar à área que vou seguir, porque a Agronomia tem vários caminhos a seguir e o setor primário tem sempre procura na Região", aposta Deise, que tem pretensão de se formar em cinco anos. "A Agronomia é o que eu quero e estou gostando muito. Era tudo o que eu esperava e até mais", sentencia.Investindo na propriedade
No Travessão Bonito, em Nova Pádua, o jovem agricultor Junior Pegoraro, 18 anos, já começou a estudar para aumentar a renda familiar e mudar a cultura na propriedade. Na busca por diversidade, ele resolveu montar uma estrutura para comercialização de leite. A família Pegoraro adquiriu uma ordenhadeira e um tanque isotérmico de 750 litros para começar os trabalhos. Com a estrutura montada e um investimento de cerca de R$ 70 mil, o filho mais novo, Júnior, percebeu que precisava adquirir conhecimento para trabalhar na produção de leite. Com o apoio da Emater e da Prefeitura de Nova Pádua realizou um curso de Gado Leiteiro, no Centro Regional de Qualificação Profissional de Produtores Rurais de Nova Petrópolis – Cetanp. Lá, aprendeu sobre o desempenho das vacas leiteiras, a criação e alimentação corretas, o controle e a prevenção de doenças, a higiene, o manejo da ordenha, o planejamento da propriedade e a qualidade do leite. "Já estou colocando em prática o que aprendi. Faço as estatísticas para ver quanto de alimentação devo dar para cada animal", diz o jovem.
O próximo passo é investir num curso de inseminação artificial para melhorar a genética dos animais. "Os cursos facilitam e ajudam muito, porque aprimoram os jovens e fazem com que eles invistam em suas propriedades. É importante também que eles se mantenham sempre atualizados", garante o veterinário Valdecir Marin.
Para o futuro, o jovem agricultor pretende aumentar o número de animais – são nove vacas leiteiras, de um total de 18 – e montar uma agroindústria familiar. Com isso, além da comercialização do leite in natura, pretende fabricar queijos. "Para agregar mais valor", diz ele. Hoje, a estrutura ainda demanda novas instalações e ajustes. A produção diária é de 130 litros de leite, que são comercializados para uma cooperativa de laticínios.
Aprimoramento rural e pessoal
As diferenças já foram sentidas. O agricultor Gilberto Sandri, 45 anos, logo percebeu que os cursos ligados à área agrícola o estavam auxiliando muito na administração da propriedade de quatro hectares no Travessão Alfredo Chaves. Após os quatro cursos de extensão ligados a Gestão Rural, o agricultor começou a perceber as mudanças. "Dá para notar o retorno, porque aprendemos a organizar a propriedade como se fosse uma empresa. O quanto se vai gastar, quanto devemos levar, se vale a pena investir ou se é melhor procurar outras alternativas. Recebemos noções de como baixar custos para não gastar nada desnecessário", explica Sandri.
O primeiro curso sobre Gestão Rural, feito por meio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua, numa parceria com a UCS e o Centro Empresarial, trabalhou a administração da propriedade rural, como manusear os insumos agrícolas, como baixar custos, além de técnicaspara agregar valor à propriedade. Depois desse, vieram outros para complementar, como o aplicação e regulagem de pulverizadores. Porém, mais do que a aprendizagem prática a ser levada para o campo, Sandri também destaca o conhecimento pessoal. "Sempre gostei de novidades e de estar por dentro do que acontece, porque tudo é conhecimento", destaca. "Consegui aplicar os estudos na propriedade para aprimorar. Dentro da possibilidade sempre pretendo fazer cursos", pontua o agricultor, que por meio das aulas aprendeu a dosar e calcular o uso de agrotóxicos. "Reduzi bastante os insumos e aprendi a baratear a mão de obra e ter mais tecnologia", diz ele, que aplicou esse conhecimento no cultivo dos parreirais.
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