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Qual o limite das atividades extracurriculares?

Na dose certa, elas são positivas e trazem uma série de benefícios, mas o exagero pode causar o efeito contrário e prejudicar o desenvolvimento do seu filho

Inglês, balé, natação, futebol... É comum que as crianças ocupem a parte do tempo em que não estão na escola com atividades extracurriculares. Além de ser uma forma de elas aprenderem outros conteúdos, que não fazem parte das disciplinas ensinadas na sala de aula, isso também preenche o tempo delas, nos horários em que os pais não podem estar presentes. Na dose certa, elas são positivas e trazem uma série de benefícios, mas o exagero pode causar o efeito contrário e prejudicar o desenvolvimento do seu filho.
“As atividades são importantes, desde que os limites e a faixa etária das crianças sejam respeitados”, diz a neuropsicóloga Deborah Moss, mestre em psicologia de desenvolvimento infantil pela Universidade de São Paulo (USP). “Às vezes, a própria escola oferece cursos no período em que os alunos estão fora da sala de aula. Fazer natação, por exemplo, também pode ser positivo, até por uma questão de segurança. Esses cursos estimulam a convivência, a responsabilidade e outras habilidades. O problema é o exagero”, explica.
Em uma enquete publicada no site da Crescer, 37% dos pais disseram que planejavam colocar os filhos para fazer atividades extracurriculares duas vezes por semana; 20% responderam que matriculariam as crianças em cursos três vezes por semana; 18% disseram que optaram por quatro vezes na semana e 12%, uma vez por semana. Há famílias que deixam as crianças praticarem outras atividades todos os dias da semana: um total de 8% dos que responderam à pesquisa. Somente 4% dos pais disseram que os filhos não fariam cursos além da escola.
Para a professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Maria Angela Barbato Carneiro, dependendo da faixa etária, as crianças devem fazer atividades extracurriculares, no máximo, três vezes por semana, para que elas possam ter alguns períodos livres para aproveitarem um pouco da infância, momentos que, segundo ela, vêm desaparecendo. “Quanto menor a criança, menos atividade extracurricular ela deve ter. O aumento só deve ocorrer quando ela solicitar”, afirma a especialista.
O limite, é claro, varia de criança para criança. Algumas têm muita energia e podem ficar bem, mesmo depois de ir ao inglês, fazer natação e jogar futebol; outras sentem exaustão depois de participar de uma aula de balé.
Crianças com menos de dois anos ainda não precisam de atividades extracurriculares, segundo Deborah. “Nessa idade, elas precisam brincar livremente, se desenvolver, explorar o mundo”, afirma. Dos três anos em diante, eles podem manifestar o interesse. Os pais também precisam ficar atentos para perceber do que eles gostam.
O importante, de acordo com Deborah, é observar o comportamento da criança e como ela responde aos estímulos. Seu filho vai apresentar certos sintomas quando estiver além de seus limites. “Irritabilidade, cansaço, distúrbios do sono... Quanto mais cansados estamos, mais difícil é pegar no sono”, explica a neuropsicóloga, que também é especialista em sono infantil. “Se o seu filho estiver sobrecarregado, pode ser que comece a apresentar dificuldades na escola e também para acordar”, explica. Ela reforça ainda que as atividades devem ser prazerosas e não mais uma fonte de obrigação, a ponto de se tornar um peso ou um estresse.

Fonte: Revista Crescer

Atividades extracurriculares devem ser bem planejadas pelos pais.  - Divulgação
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