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Problemas na telefonia fixa persistem em Nova Pádua

Famílias do interior do município estão há mais de 60 dias com linhas desativadas. Falta assistência da operadora

Com tantas tecnologias e inovações é difícil pensar no dia a dia sem algumas delas. Ouvir rádio não é mais a mesma coisa, assim como assistir à televisão e navegar pela internet. A comunicação com as pessoas também mudou. Parece simples, mas um ‘simples’ telefone pode fazer muita falta. Este é um problema enfrentado por famílias de comunidades do interior de Nova Pádua. Mais de 40 casas estão sem o serviço prestado pela operadora Oi, algumas há mais de 60 dias. Embora representantes da prefeitura e da Câmara de Vereadores tenham feito tentativas, até agora nenhuma melhoria foi feita.

Como um apelo, representantes do poder público paduense estiveram no escritório da Oi em Porto Alegre no dia 9. O vice-prefeito Ronaldo Boniatti, o presidente da Câmara de Vereadores Silvino Maróstica, e os vereadores Elói Marin, Nestor Tonello e Léo Sonda foram para a Capital com o objetivo de ter ao menos um retorno da empresa. “Nossa parte estamos fazendo, estamos reivindicando pelos direitos dos nossos munícipes. Mas esse serviço, a exemplo da nossa estrada vicinal, não depende de nós. Pedimos sempre, mas dificilmente somos ouvidos”, lamenta Maróstica.

Há pelo menos quatro anos Nova Pádua sofre com problemas na telefonia fixa rural. O Legislativo encaminhou diversos ofícios para a empresa Oi, que é concessionária na região. Uma reunião chegou a ser agendada, mas ninguém apareceu. “Depois de muitos ofícios recebemos uma resposta de que um representante viria conversar conosco, porém, ninguém veio e, além do telefone, perdemos também o respeito”, admite o vereador. Além de muda, algumas famílias estão com linhas cruzadas, causando verdadeiras confusões na comunicação.

Apesar do retrato desanimador, os representantes de Nova Pádua retornaram um pouco satisfeitos da reunião da última quarta-feira. A comitiva foi atendida pelo diretor de Relações Institucionais da Região Sul, Jaime Borin. “Tivemos uma conversa franca. Ele nos colocou as dificuldades da qual estão passado e nós as nossas. A promessa é que se dê uma atenção para a região e, até o final do ano que vem devem ser instalados novos terminais em uma nova central, a nossa permanece uma ainda muito antiga. As propostas são ótimas, agora basta cumpri-las”, complementa Maróstica. O vice-prefeito Boniatti explica que a Oi está implantando um novo sistema estratégico que otimiza a manutenção técnica. “Com isso, segundo eles, teremos os problemas sanados no decorrer deste ano”, comenta. As taxas mensais, segundo o vereador Maróstica, serão readequadas conforme o caso de cada família, podendo ter valores descontados de meses seguintes pela falta do serviço.

Divulgação

Jaime Borin, da Oi, recebeu em Porto Alegre Silvino Maróstica, Elói Marin, Ronaldo Boniatti, Leo Sonda e Nestor Tonello.


Famílias e negócios prejudicados no interior

Uma das cerca de 40 famílias que sofre com o péssimo serviço de telefonia fixa é a do agricultor Valdecir Menegat, morador do Travessão Paredes, interior de Nova Pádua. Ele e a esposa Marinês Molon Menegat estão há mais de 20 dias sem telefone fixo. Da mesma maneira que o aparelho ficou mudo, eles esperam pelo conserto que não chega nunca, resultando em muito trabalho e transtorno. “Tudo fica mais difícil. Além das dificuldades em agendar os pedidos para nosso aviário, temos a responsabilidade que assumimos junto ao clube da comunidade. No dia 28 de junho tivemos festa e tudo foi muito complicado. Tivemos que ir até a casa das pessoas para falar com elas”, conta Menegat. “O telefone faz falta, tudo vira um transtorno”, complementa Marinês.

Além do Paredes, a situação se agrava nas localidades dos travessões Cerro Largo e Accioli. Entre as duas comunidades um cabo telefônico foi cortado e, apesar das inúmeras ligações solicitando o conserto, até hoje nada foi feito – isso há mais de 60 dias. Outras localidades também estão sem telefone, como Divisa, Paredes e Bonito. “A situação é generalizada”, lamenta a servidora da secretaria de Obras Ivanice Tonello Salvador, que é a responsável por organizar a lista com mais de 40 famílias prejudicadas.

O agricultor Menegat está entre os nomes desta lista e, como o restante, aguarda pela operadora Oi. Enquanto a linha não volta, a família faz manobras para utilizar o celular, que infelizmente tem pouco sinal na localidade. “Temos que agendar a vinda de ração e produtos para o aviário, a entrega, tudo. Utilizamos o celular, mas temos que contar um pouco com a sorte para conseguir completar uma chamada”, lamenta o agricultor.


Situação se repete em Flores da Cunha

O prefeito de Flores da Cunha, Lídio Scortegagna, também buscou medidas para melhorar não somente a telefonia rural, que apresenta deficiências especialmente nos distritos de Otávio Rocha e Mato Perso, além da região onde se localiza a Cooperativa Nova Aliança, em Lagoa Bela, mas também na deficiência do sinal de celular (telefonia móvel). Em novembro do ano passado ele esteve na Oi, em Porto Alegre, com o prefeito de Nova Pádua, Itamar Bernardi. Ambos reivindicaram maiores investimentos da empresa na região, tanto para o sinal da telefonia móvel quanto para o serviço fixo. No encontro a operadora prometeu melhorias para março de 2014, o que ainda não aconteceu. Scortegagna fez contato por email com o diretor de Política Regulatória da Oi, Carlos Alberto Cidade. No dia 3 a resposta informou que a ampliação de telefonia móvel exige altos custos e investimentos que devem obedecer um planejamento dos níveis orçamentários da empresa, mas que o assunto teria ‘atenção’.


O que diz a assessoria da Oi

Por meio da assessoria de imprensa, a operadora Oi justificou os problemas ao jornal O Florense. Confira o email encaminhado:

“A Oi, no esforço de manter a transparência na relação com nossos clientes e com toda a sociedade do Rio Grande do Sul, reitera que está comprometida com a evolução da qualidade do atendimento dos serviços de telecomunicações com investimentos de mais de R$ 1 bilhão nos últimos cinco anos. A Oi ressalta que são dois os motivos principais que estão afetando a prestação de seus serviços para os clientes do Rio Grande do Sul:
1) Chuvas: as chuvas históricas ocorridas nas últimas semanas em diversas regiões trouxeram dificuldades para realização dos reparos em tempo hábil, pois a maioria das ocorrências aconteceram em locais de difícil acesso por conta dos alagamentos.
2) Greve: a responsabilidade na contratação e gestão dos profissionais é exclusiva dos fornecedores, já que os contratos com a Oi tratam unicamente das atividades previstas nos contratos (funcionários de empresas terceirizadas estavam em greve até o dia 7). A Oi informa que mantém planos de contingência com objetivo de acionar equipes próprias e contratadas inclusive de outras localidades para garantir a prestação de serviço em regiões afetadas. Casos pontuais de problemas técnicos podem ser comunicados pelo telefone 103 14.”


Recomendações da Anatel

Em contato com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o jornal O Florense solicitou orientações para casos semelhantes aos de Nova Pádua. Confira algumas das ações que podem ser feitas em casos da falta de prestação de serviços:

“A Anatel não identificou interrupções sistêmicas nesses dois municípios (Flores da Cunha e Nova Pádua) nos últimos dois anos. Entretanto, já foi informada pela operadora que houve degradação do serviço nos últimos dias por conta das fortes chuvas que ocorreram na região. Em relação à qualidade do serviço, as operadoras devem cumprir metas estabelecidas pela Agência, entre elas as relacionadas ao prazo reparo e índice de solicitação de reparo. O descumprimento dessas metas de qualidade sujeita a prestadora a responder procedimentos por descumprimento de obrigações.
Muitos consumidores, quando enfrentam algum problema relativo aos serviços que contrataram, têm dúvidas sobre a quem recorrer: Anatel, Procon ou Juizados Especiais. Cada um desses órgãos atua de forma distinta – e é importante conhecer tais diferenças. Em todos os casos, é fundamental que o consumidor tente primeiro resolver seu problema com a operadora, por meio de seus canais de atendimento, e anote os protocolos de atendimento. Se a operadora não responder, ou se a resposta não for adequada, o consumidor pode entrar em contato com a Anatel. É recomendável ter em mãos o número de protocolo da operadora.
A reclamação pode ser registrada pelos seguintes canais: pela Central de Atendimento Telefônico, 1331 (ou 1332, para deficientes auditivos), e pelo atendimento eletrônico disponível pelo ‘Fale Conosco’ na página da Anatel na internet (www.anatel.gov.br).”


Agricultores Valdecir Menegat e Marinês Molon Menegat, do Travessão Paredes, dizem que precisam de sorte para conseguir completar uma chamada – quando o telefone funciona. - Camila Baggio
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