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Previsões são favoráveis para a agricultura

Assim como revelar que o ano está chegando ao fim, o mês de novembro vem acompanhado pelo avanço em diversas culturas agrícolas. A uva está em plena floração, alternando para algumas variedades já mais adiantadas e com cachos ganhando corpo; lavouras de alho e cebola estão construindo suas olerícolas; pessegueiros começam a ganhar o avermelhado dos frutos; caquizeiros despontam as flores, assim como as plantas de kiwi e muitas outras fruteiras. A temporada exige um clima favorável, o que tradicionalmente traz a apreensão dos agricultores, embora, muito ao contrário do ano passado, nenhum fenômeno climático tenha causado perdas na agricultura tanto em Flores da Cunha como em Nova Pádua. As chuvas acima da média aumentaram a atenção dos produtores contra a incidência das doenças e fungos.

De acordo com as previsões climáticas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nos meses de novembro e dezembro o Rio Grande do Sul manterá uma redução da umidade. Ao que tudo indica, as chuvaradas não devem ter, nessa safra, a mesma intensidade de 2015, a qual foi marcada pelo fenômeno El Niño, tendo probabilidade de uma transição para o La Niña, que se caracteriza pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, ocasionando, na região Sul do Brasil, maior amplitude térmica diária ao longo da primavera, precipitação abaixo do normal nos meses de novembro e dezembro e redução de chuvas mais acentuada nos meses de janeiro a abril. As temperaturas mínimas devem ficar abaixo do padrão climatológico e temperaturas máximas acima do normal, verificando-se noites mais frias e tardes mais quentes.

Esse quadro é avaliado como favorável para a obtenção de uvas de qualidade enológica superior nesta safra, sem, no entanto, que a restrição de chuvas possa diminuir de forma acentuada as quantidades colhidas, pois a videira tolera secas moderadas. Com isso, é importante que o produtor realize um efetivo monitoramento de pragas e doenças, realizando os tratamentos fitossanitários somente quando o monitoramento recomendar. As condições climáticas registradas até agora ocasionaram alguns transtornos como, no caso das videiras, a queda de flores não polinizadas, resultado dos sucessivos dias de chuva, além da quebra de brotos em função dos ventos.

Para o engenheiro agrônomo Milton Carlos Dossin, do escritório da Emater-RS/Ascar de Flores da Cunha, esses problemas, contudo, não significaram perdas consideráveis. “Tivemos alguns eventos que, felizmente, não se concretizaram, como a geada prevista no final de outubro. Da mesma forma, as chuvas também não afetaram culturas em desenvolvimento como a uva. Estamos passando por um período onde os temporais são típicos, é comum, em pontos isolados, acontecer ventos fortes e granizos. Até agora tivemos perdas muito pequenas e localizadas”, cita Dossin.

Os tratamentos

De um modo geral, chuvas continuadas durante a floração da uva favorecem o desavinho climático, ou seja, a queda de flores não polinizadas. As chuvas, ao impedirem a expulsão do ‘capuz’ da flor, acabam impedindo a polinização. Da mesma forma, o desavinho fisiológico, que resulta da baixa fotossíntese realizada pelas folhas da videira, também contribui para a queda dos botões florais. De acordo com o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Lucas da Ressurreição Garrido, nesta fase de desenvolvimento das plantas algumas doenças fúngicas tornam-se importantes e podem ocasionar sérios danos caso não sejam controladas adequadamente. “A antracnose (varola) e a escoriose são doenças de início de ciclo que aparecem nas folhas, ramos, inflorescências e cachos. Os danos desses fungos às folhas ocasionam a redução da área fotossintética, diminuindo a síntese de açúcares e outras substâncias, bem como a translocação para outros órgãos da planta. Outras doenças de grande importância, principalmente em períodos de molhamento foliar, como o observado atualmente, são o míldio (mufa) e a podridão-cinzenta (Botrytis)”, lista Garrido.

Toda essa atenção, contudo, deve ser aliada à consciência do agricultor no uso dos insumos. “Mais do que nunca os produtores devem sentar e avaliar suas receitas de aplicações com as condições do clima, evitando tratamentos repetitivos que muitas vezes são desnecessários. Será menos custo, menos trabalho e menos carga tóxica nas plantas e alimentos”, orienta o agrônomo Dossin. Outras orientações no escritório da Emater florense (no subsolo da prefeitura) – telefone 3292.1247.

 

Encontro para discutir o alho

O alho começa a ser colhido na segunda quinzena de novembro e, segundo o presidente da Associação Gaúcha de Produtores de Alho (Agapa) e vice-presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), Olir Schiavenin, neste ano os produtores estão contentes. “Algumas áreas plantadas foram atingidas por granizo na região de Vacaria e Ipê, mas no geral os produtores estão felizes com os resultados que se desenham para essa safra. A olerícola está apresentando uma qualidade muito boa, superior a do ano passado”, avalia.

A qualidade será uma das pautas abordadas durante o 29º Encontro Nacional dos Produtores de Alho, que ocorre na próxima sexta-feira, dia 11 de novembro, no salão paroquial do distrito de Fazendo Souza, em Caxias do Sul. A programação (confira abaixo) terá o 1º Talk Show, onde os profissionais ficarão à disposição para um bate-papo com os participantes. Informações no Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) pelo telefone 3292.7500.

 

Programação

13h30min – Inscrição.

14h – Abertura.

14h10min – Composição da mesa diretora.

14h20min – Apresentações de Rafael Corsinho e Olir Schiavenin (panorama político e administrativo da Anapa/Agapa); Clóvis Volpe (panorama jurídico da Anapa); Marco Antônio Lucini – Epagri-SC (análise de mercado 2016-2017); Eri Zanella – Emater-RS (situação da cultura do alho no RS); Everson Tagliari – Acapa (situação do alho em Santa Catarina); representante da Amipa (Minas Gerais); e representante da Agopa (Goiás).

16h30min – Abertura do Talk Show.

18h – Encerramento.

18h30min – Jantar de confraternização.

A cebola, que é colhida em dezembro, é uma das culturas que merece atenção devido às chuvas acima da média. - Camila Baggio/O Florense
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