Geral

Previsão é de verão com pouca chuva no Estado

Mesmo com períodos secos a partir de janeiro, estiagem forte não deve ocorrer, pois dezembro pode ficar marcado por chuvas intensas

Estamos a menos de 15 dias do início do verão e a temperatura está dando sinais de que a próxima estação será intensa. Na agricultura o clima é um fator primordial para a qualidade dos produtos. A uva é a principal cultura que será colhida nos próximos meses em Flores da Cunha e Nova Pádua e, mesmo que novembro tenha sido de poucas chuvas, as melhores condições não chegaram a atingir os vinhedos. Segundo dados do Centro Estadual de Meteorologia (Cemet-RS), dezembro deve ser chuvoso, com chuvas regulares, seguindo para janeiro e fevereiro com períodos mais secos, mas sem causar estiagens. Esta é a previsão.

O meteorologista do Cemet-RS, Flávio Varone, destaca que para dezembro e início do verão – que começa no dia 21 –, tudo aponta para um período mais regular de chuvas, com momentos mais intensos e que podem chegar a trazer alguns transtornos até o final do ano. “Teremos umidade suficiente durante o mês de dezembro, o que mudará em janeiro e fevereiro”, adianta Varone. Para os dois primeiros meses de 2013, segundo dados da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a chuva deve ser abaixo da média com períodos mais secos na Serra Gaúcha. “Não são estiagens, mas períodos secos, de 10 a até 20 dias, com chuvas de muito baixo volume, consequentemente, ficando abaixo da média do mês de janeiro”, explica o meteorologista.

Em fevereiro o padrão de clima deve ser o mesmo, similar ao de janeiro. “Os dois meses terão menos chuva e alternância desses momentos mais prolongados de tempo seco. A condição é favorável para a cultura da uva, com uma boa chuva em dezembro e tempo seco em janeiro e fevereiro”, acrescenta Varone.

Pouco prejuízo
Dos 30 dias de novembro, apenas 10 registraram chuva, um acumulado de 64 milímetros, 40% abaixo da média climatológica (108mm) do mês. Embora a quantidade seja inferior, a situação não chegou a prejudicar a agricultura e safras como a do alho, que depende desse período para o crescimento do bulbo. Nesta cultura, a maioria dos produtores conta com um sistema de irrigação. “O ciclo do alho terminou e dificilmente alguém o planta, devido ao alto custo de investimento, sem irrigação, por isso, não tivemos maiores prejuízos. A chuva é muito melhor, mas a irrigação resolveu esse problema”, destaca o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Flores e Nova Pádua, Olir Schiavenin.

Nas principais culturas da região, o alho não foi prejudicado, tendo apenas uma diminuição no tamanho do bulbo, mas a qualidade da hortaliça foi mantida. Para a uva, Schiavenin aponta que o solo onde estão as videiras pode influenciar muito nesses períodos mais secos. “Nossa região tem muitas videiras em locais de pouca espessura de terra e com lajeado, assim, ela não consegue atingir muita profundidade e as plantas podem dar sinais como folha murcha e grãos menores, mas com chuvas nos próximos dias a situação deve ser normalizada”, acredita o líder sindical.

A parreira é mais resistente em casos de poucas chuvas porque consegue atingir maior profundidade na terra, além de ter suas raízes na sombra, o que ajuda a manter a umidade. “Na minha avaliação, a uva vai ficar com o grão um pouco menor, afinal, essa é a fase de frutificação e ela ficou com uma deficiência de água. A graduação não foi afetada por esse período”, completa Schiavenin.

Para a engenheira agrônoma da Emater de Flores da Cunha, Sandra Dalmina, as parreiras que estão mais adiantadas foram prejudicadas no fator de crescimento do cacho, que necessita de água. “Muitos investiram em irrigação, mas as chuvas, mesmo em pouca quantidade, ajudaram. A planta sofreu influências, mas nada que possa ser sentido de imediato. Provavelmente teremos uma redução mínima em função da parreira ter mais resistência em comparação a outras culturas”, frisa Sandra. Pêssego e nectarina tiveram suas safras antecipadas em função da menor quantidade de água.

Em Nova Pádua
No município paduense a chuva em novembro chegou a 56mm, 48% menor que a média esperada para o mês. Segundo o chefe do escritório da Emater do município, Leonildo Sperotto, a quantidade foi suficiente para manter as principais culturas. “O alho e a cebola precisaram da irrigação, mas tudo se manteve. O pêssego teve uma safra bastante grande. Quem não contou com irrigação acabou sofrendo um pouco com o clima”, acredita.

Ainda devem ser colhidas nos próximos meses as safras de pera, maçã, caqui e uva, que em função do clima deverá ser antecipada em até 20 dias. “Embora alguns tenham menor quantidade, a safra de uva promete ser recorde novamente, e a parreira, que já está estressada de alguns anos e com menos água, acaba ficando frágil”, prevê Sperotto.

Dezembro de chuva
Até o dia 19 de dezembro está previsto um total de 112mm de chuvas distribuídas em 12 dias em Flores da Cunha. O dia que conta com maior precipitação é amanhã, dia 8. As temperaturas no último mês do ano devem variar entre 16ºC e 27ºC. Em Nova Pádua estão previstos 107mm de precipitação, também em 12 dias do mês. As temperaturas se mantêm as mesmas do município florense, segundo estimativa da Somar Meteorologia.

Clima instável exige investimento
Atualmente, no Rio Grande do Sul, a cada 10 safras, seis a sete são prejudicadas por causa da falta de chuva. A situação comprova a importância de investimento nos sistemas de irrigação. “São investimentos altos demais para colocar em risco a produção”, enfatiza o presidente do STR, Olir Schiavenin.

As opções são diversas, de acordo com a cultura, o tamanho da área plantada e o investimento que o agricultor pensa em fazer. “O produtor se conscientizou que sem água não adianta querer trabalhar na agricultura. O gotejamento é um sistema de irrigação mais barato e que utiliza menos água. Esse é o que está sendo procurado pelos agricultores”, indica Leonildo Sperotto, da Emater de Nova Pádua.

O investimento também é uma recomendação para quem está começando em qualquer setor agrícola. “Hoje não recomendamos que se invista em culturas como o alho e a cebola sem ter um sistema de irrigação necessário em períodos mais secos, caso contrário, o negócio fica muito arriscado”, pontua Sandra Dalmina, da Emater de Flores da Cunha.

No Estado
Se na Serra Gaúcha a pouca chuva de novembro não foi tão prejudicial, na região gaúcha das Missões os baixos índices de precipitação estão deixando famílias sem água potável, além de provocar perdas na agricultura. Há mais de um ano o nível das barragens daquela região está abaixo da média. A cidade mais afetada é São Luiz Gonzaga, onde a produção agrícola está sentindo os reflexos da falta de chuva e do calor excessivo. Os produtores são-luisenses esperavam colher 80 sacas de milho por hectare. Mesmo antes de fazer a colheita, porém, as perdas já chegam a 30%, conforme dados da Emater. No período de floração, a falta de chuva atrapalhou o desenvolvimento da planta. O resultado foi espigas que não cresceram, além de má formação dos grãos.



Chuvas dos próximos dias, se forem confirmadas, trarão normalidade às videiras. - Camila Baggio
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário