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Prepare-se: fenômeno El Niño vai mandar mais chuva

Fenômeno deixará a precipitação acima da média até o final do ano em todo o Rio Grande do Sul

A influência de um El Niño significativo é a causa de tanta chuva. Junto ao fenômeno estão os bloqueios atmosféricos e as áreas de baixa pressão que se formam sobre o Paraguai e a Argentina. Isso é o que aponta o boletim do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Rio Grande do Sul (Copaaergs), coordenado pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro-RS). E as previsões não devem melhorar. Para os próximos dois meses o prognóstico é que choverá bastante em todo o Estado. Essa precipitação elevada também deve ocasionar variações nas temperaturas.

De acordo com o meteorologista da Fepagro-RS, Flávio Varone, a tendência é uma primavera mais chuvosa, principalmente em outubro e novembro. No mês atual haverá mais precipitação nas regiões Nordeste e Norte. Em novembro, o alerta é para todo o Estado. “É que neste mês tradicionalmente o El Niño acaba trazendo volumes de chuvas acima do padrão para a época do ano”, pondera o meteorologista. Em dezembro haverá uma concentração maior de chuvas na porção oeste do Rio Grande do Sul. A previsão é que as precipitações para esses meses fiquem de 50mm a 100mm acima da média para o período.

Ainda que seja por um tempo mais curto do que o da semana passada, os acumulados de chuva para a próxima semana se mostram preocupantes – devido ao nível dos rios que continua alto e a água que não escoou totalmente. Em Flores da Cunha, para a próxima semana, segundo o portal Climatempo, deverá chover 116 milímetros. “As chuvas ficarão bem acima da média até o fim do ano”, confirma Varone.
A explicação para tanta água é o fenômeno El Niño, que provoca o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico e que neste ano se apresenta mais forte e próximo do Equador. Devido a isso, o fenômeno produz grandes massas de ar quente que funcionam como barreiras e impedem que as frentes frias sigam o trajeto normal em direção ao norte e acabam ficando mais tempo sobre o Rio Grande do Sul.

Danos à agricultura
O excesso de chuva e umidade compromete diretamente a produtividade agrícola. As lavouras em 2015 têm enfrentado uma verdadeira montanha russa climática. O ciclo começou em julho com chuva intensa, depois houve um período de calor fora dos padrões em agosto e a geada do mês de setembro que impactou sobre a produção e fez o município decretar estado de emergência.

Segundo o engenheiro agrônomo e chefe do escritório da Emater/RS-Ascar de Flores da Cunha, André Miguel, os efeitos da chuva intensa devem reduzir a produtividade das principais culturais do município, como a uva, o alho e a cebola. “Tem um provérbio chinês que diz que a agricultura é a arte de colher o sol. O tempo fechado faz com as plantas não consigam realizar a fotossíntese e facilita o aparecimento de doenças” explica.

A chuva em demasia também agrava a floração das videiras e prejudica a aplicação de tratamentos para o controle das doenças. “Perdas diretas por causa da chuva, como inundação, não há registros, mas existem as perdas indiretas devido à falta de luminosidade e as doenças fúngicas”, diz o agrônomo.

As culturas do alho e da cebola também enfrentam problemas devido ao clima úmido que origina doenças bacteriosas que atacam a planta. “A previsão de colheita para novembro se mantém, pois praticamente todo o alho foi transplantado. Porém, teremos que esperar o resultado e, provavelmente, essa não será uma safra tão boa quanto o esperado”, adianta o chefe da Emater de Flores da Cunha.

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