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Prefeitura registra 40% de aumento no recolhimento de embalagens de agrotóxicos

Campanha realizada em Flores da Cunha envolveu mais de 730 produtores rurais

O Brasil é recordista mundial no recolhimento de embalagens de agrotóxicos. Nos últimos 10 anos, o percentual de embalagens plásticas colocadas no mercado que são recolhidas pela indústria após o uso do produto nas lavouras atingiu 95%, segundo dados do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEV). Os agricultores de Flores da Cunha vêm colaborando com essa estatística e, durante a campanha de recolhimento, realizada no final de maio pela prefeitura, houve crescimento de 40% em relação ao ano passado – mais de 730 produtores rurais realizaram a logística reversa e colaboraram especialmente com o meio ambiente. No total, mais de 8,8 mil quilos de embalagens, papelões e tampas foram retirados das propriedades.

A Associação dos Revendedores de Agrotóxicos dos Campos de Cima da Serra (Aracamp) – central de recebimento de embalagens vazias localizada em Vacaria e que atua na região Nordeste do Rio Grande do Sul –, é o destino de todo esse material. Em 2016, 515 agricultores participaram da campanha. “Ficamos satisfeitos com o aumento na participação dos produtores em relação ao ano passado. Queremos que esse crescimento seja constante, uma vez que dar a destinação correta a esse material é de extrema importância para a nossa saúde e também a do meio ambiente”, enfatiza a secretária da Agricultura e Abastecimento, Stella Pradella. Embora o número de agricultores em 2016 tenha sido menor, mais volume foi recolhido – cerca de 10,4 mil quilos.

Atualmente trabalha-se no conceito de responsabilidade compartilhada entre agricultores, indústria, canais de distribuição e poder público. Por isso a campanha teve ainda parceria do escritório local da Emater-RS/Ascar e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), além de sete casas agrícolas da região. “No ano passado tínhamos três revendas de produtos agrícolas parceiras da campanha, neste ano foram sete e isso é fundamental para o aumento no número de embalagens destinadas corretamente. Esperamos que esse engajamento melhore a cada ano, ainda temos muito a fazer nesse sentido”, complementa Stella.

Depois de encaminhadas para as centrais de recebimento, a maioria das embalagens é encaminhada para reaproveitamento e se tornam novos produtos como tubos para construção civil, caixas de passagem para fios e cabos elétricos, embalagem para óleo lubrificante, bateria de carros, entre outros produtos, ou voltam a ser outra embalagem de agrotóxico. Em 2015, segundo o InpEV, o Brasil reutilizou 45,5 mil toneladas de embalagens – 365 mil toneladas desde 2002.

Exigência para licenciamentos ambientais

Neste ano uma novidade também contribuiu com o aumento na participação no recolhimento das embalagens vazias de defensivos. A Secretaria de Planejamento, Meio Ambiente e Trânsito, por meio da Diretoria de Meio Ambiente, foi parceira da Secretaria da Agricultura na divulgação do calendário, que passou por seis pontos de coleta do interior do município. Isso porque a partir deste ano, qualquer licenciamento ambiental que seja em área rural terá como exigência a apresentação do comprovante de entrega das embalagens vazias. “Atualizamos os termos de referência dos licenciamentos ambientais e com isso passa-se a exigir uma cópia do documento de devolução das embalagens vazias. Lembrando que isso é válido apenas para as áreas rurais”, acrescenta a diretora de Meio Ambiente, Franciele Zorzi.

Para os agricultores que não realizaram a entrega do material durante a campanha, Franciele orienta que procurem a casa agrícola a qual adquiriram os defensivos. “Existe a lei da logística reversa e esses empreendimentos devem aceitar as embalagens vazias durante todo o ano. O agricultor é sim responsável pela devolução do material, mas da propriedade para o comércio onde ele adquiriu. Daí por diante as casas agrícolas é que têm a obrigação de destinar o material de forma correta para as centrais de recebimento”, orienta a diretora.

Na entrega do material, os produtores devem atentar para o preenchimento de um formulário da Aracamp. Este documento é um comprovante e será exigido no momento de iniciar um licenciamento ambiental para áreas rurais como, por exemplo, movimentação de terras, corte de vegetação, e inclusive para efetivar financiamentos bancários. Informações podem ser obtidas na Diretoria de Meio Ambiente pelo telefone 3292.1722.

Uso racional ainda é um desafio

Se o Brasil é líder no recolhimento das embalagens de defensivos, a utilização desses produtos também se sobressai. No curto período de 10 anos, o uso de agrotóxicos mais que dobrou no Brasil, crescendo 115% entre 2002 e 2012. Os dados são da 6ª edição dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) 2015, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Flores da Cunha, a titular da pasta de Agricultura e Abastecimento, Stella Pradella, acredita numa mudança de comportamento onde os produtores estão buscando mais informações e também o uso consciente dos insumos. “Acredito que existe uma conscientização por parte dos agricultores e também a busca por informações. Não temos como estipular um aumento ou diminuição no uso de agrotóxicos no município, até porque o próprio clima interfere diretamente em cada ano e safra”, acredita Stella.

Para a engenheira agrônoma Clarissa de Quadros, chefe do escritório da Emater-RS/Ascar de Flores da Cunha, há o uso excessivo de defensivos agrícolas e as consequências já podem ser percebidas. “Temos muitos casos de fitotoxicidade em vinhedos de variedades como, por exemplo, a Bordô, que é muito sensível ao enxofre, elemento presente em diversos defensivos. Ao contrário do que muitos pensam, não é doença, é um sintoma de excesso de tratamentos. Percebemos que, por medo de perder, alguns produtores acabam se precavendo de forma acentuada e o uso dos agrotóxicos aumenta”, reconhece Clarissa. Levando em conta a enorme variedade de insumos, a engenheira orienta que o produtor rural não misture produtos e fique atendo aos prazos de carência de cada um deles. “É preciso respeitar o receituário agronômico e também lembrar sempre do uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). É pela saúde do próprio produtor, do meio ambiente e do consumidor”, complementa.

Campanha de recolhimento de embalagens envolveu mais de 730 produtores de Flores da Cunha e passa a ser exigência a partir deste ano. - Prefeitura FC/Divulgação
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