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Prefeitura faz nova tentativa para restaurar o Casarão dos Veronese

Prédio, que é patrimônio do Estado, deve virar um centro cultural, segundo projeto encaminhado em Porto Alegre por representantes de Flores da Cunha

O Casarão dos Veronese, localizado no entroncamento da Linha 60 com Santa Justina, no distrito de Otávio Rocha, em Flores da Cunha, é considerado um dos mais importantes prédios históricos da imigração italiana. A estrutura de 1895, com 800m² erguida em pedra, foi sede das primeiras fábricas de pólvora, foguetes e produtos químicos, dando origem à empresa Veronese S.A., que neste ano completa 100 anos de fundação. O projeto de restauração deve transformar o antigo prédio em um centro cultural, mantendo suas características arquitetônicas. No dia 11 de julho, uma comitiva florense visitou o secretário da Cultura do Estado, Luiz Antônio de Assis Brasil, em busca de estratégias para a recuperação da construção. Não há previsão para que o projeto saia do papel.

O secretário Assis Brasil e o diretor do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), Eduardo Hahn, receberam o vice-prefeito florense Domingos Dambrós (PSB),  o secretário de Turismo, Floriano Molon, e o arquiteto Analino Zorzi. No encontro foi encaminhado o pedido de restauro por meio da Lei de Incentivo a Cultura (LIC), seguindo com o projeto de restauração do casarão. Em 1989 se iniciou uma restauração, mas, como havia grande inflação na época, as verbas serviram apenas para retirar o telhado e atuar no escoamento da água.

Molon explica que ainda nesta semana, em uma nova visita ao secretário estadual, serão apresentados os projetos hidráulico e elétrico. “Assim que esses documentos forem liberados e aprovados entraremos na parte da captação de recursos. Acreditamos que para o início de 2012 as reformas já possam se iniciar”, destaca o secretário.

O Casarão dos Veronese foi tombado em 27 de novembro de 1986 pelo Iphae. Atualmente, é o único bem tombado em Flores da Cunha. O projeto urbanístico já foi aprovado pelo Instituto, faltando o encaminhamento desses projetos complementares já elaborados.

Como será o Centro Cultural
O projeto de restauração do Casarão dos Veronese conta com espaços que retratam as principais características dos imigrantes italianos, como a religiosidade, o trabalho, o dia a dia, a gastronomia e os divertimentos. Conforme o projeto, a parte térrea contará com salas que trazem temas típicos, como da uva e vinho, do trigo e do pão, do milho e polenta, e uma cozinha com fogão à lenha e outros objetos da época.

No segundo andar está previsto: mezanino para a recepção dos visitantes; Sala Guido Mondin, com as obras do artista; uma recepção do roteiro Caminhos da Colônia; Sala da Família Veronese; O quarto da Família, local onde poderão ser vistos como eram os antigos cômodos dos imigrantes italianos, com o colchão de palha e o insubstituível penico, por exemplo.

No terceiro piso haverá um anfiteatro; uma moenda retratando como era extraído o mosto da cana de açúcar; um forno à lenha para mostrar como era feito o pão antigamente e outras funções domésticas; um alambique, que permite mostrar como era feita a graspa; e finalmente um capitel de Santo Antônio.

As primeiras pólvoras da região
Felice Veronese, natural de Monte Magre, Itália, se estabeleceu em 1882 no Travessão Marcolino Moura, 10ª Légua da então Colônia Caxias, hoje distrito de Otávio Rocha, em Flores da Cunha. Felice, além da liderança na região, foi grande produtor de uvas, vinhos, graspa e cachaça, e construiu, a partir de 1895, uma casa de pedra com estilo na Idade Média. O objetivo era acomodar a família no prédio.

No mesmo imóvel o imigrante acomodou uma pequena vinícola e, na parte externa, a exemplo das tradições italianas, uma estrebaria. Foi considerado um dos mais significativos exemplares arquitetônicos na área da imigração italiana no Rio Grande do Sul, razão pela qual foi tombado.

Além de toda a importância arquitetônica e cultural, destaca-se pela importância econômica. Foi nessa casa que se criou a primeira pólvora da região e fábrica de foguetes e ainda se deu início aos primeiros passos para a indústria química. Com o crescimento dos filhos, a família transferiu residência para Caxias do Sul, tendo sido o imóvel, posteriormente, de propriedade de Libânio Scur e Sétimo Galiotto.


Centro perde uma casa centenária
Casas antigas estão cada vez mais perdendo espaço para novas construções, em todos os municípios. Em Flores da Cunha, um exemplo desse avanço urbano é a casa da família Soldatelli, localizada na Avenida 25 de Julho, bem no centro da cidade. Há mais de duas semanas ela está sendo demolida. O prédio foi construído por volta de 1900 para servir de residência e comércio. Com seus mais de 100 anos, a moradia contava com 16 janelas e uma sacada originais. A casa pertenceu inicialmente à família Letti, quando foi comprada por Luiz Soldatelli. Depois, passou por diversas gerações da família. A parte térrea abrigou diferentes empreendimentos comerciais do município. A reportagem do O Florense tentou contato com os proprietários para saber o que será construído no local, mas não obteve sucesso.

Casa que preservava as 16 janelas originais foi erguida por volta de 1900.
 
Construção com 800m² de área foi declarada como patrimônio estadual em novembro de 1986. - Camila Baggio
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