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Por enquanto, solidariedade para os agricultores

Produtores que tiveram perdas com o granizo aguardam definição de medidas dos governos municipal, estadual e federal. Prefeitura fez audiências públicas

Passadas mais de três semanas da tempestade de granizo que arrasou vinhedos e plantações em 12 municípios da Serra, principalmente Flores da Cunha, representantes do poder público buscam amenizar as perdas sofridas pelos agricultores prejudicados. Na semana que passou a prefeitura florense promoveu três audiências públicas nas localidades mais atingidas com o objetivo de reunir as famílias prejudicadas. Na terça-feira, dia 3, o salão paroquial do distrito de Otávio Rocha recebeu mais de 100 agricultores. Eles esperavam por um mínimo de auxílio para seguir trabalhando, mesmo com a quebra de, na maioria, 100% da produção. Depois de mais de uma hora de audiência, os produtores saíram do local com a mesma expressão que entraram: de incerteza.

Uma das principais expectativas de ajuda estava no resultado de uma audiência realizada com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Mendes Ribeiro Filho, realizada no dia 23 de dezembro de 2011. Na data, lideranças florenses, entre elas o prefeito Ernani Heberle (PDT) e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Flores da Cunha e Nova Pádua e coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, apresentaram algumas medidas emergenciais direcionadas aos produtores atingidos pelo sinistro do dia 14 de dezembro. No entanto, não foram definidas ações concretas que de fato poderiam proporcionar auxílio aos agricultores.

Entre os pedidos apresentados está a destinação de recursos a fundo perdido para a compra de insumos para serem aplicados nos parreirais e pomares; a prorrogação de empréstimos; e auxílio financeiro para a manutenção dos agricultores e empregados rurais. Em paralelo, a prefeitura de Flores da Cunha estuda a possibilidade de implantar um programa de apoio ao gerenciamento das propriedades rurais, com a doação de um software para os agricultores; e a ampliação dos subsídios nos serviços de máquinas, entre outros.

Sem medidas efetivas

O prefeito Heberle discursou em Otávio Rocha sobre a importância da audiência pública para mostrar o que a administração está buscando junto aos governos estadual e federal. Mostrou-se solidário aos agricultores, mas não anunciou medidas concretas. “Temos a expectativa das perdas chegarem de 20 a 25 milhões de quilos, uma quantidade expressiva dentro da nossa economia, que certamente sofrerá grande reflexo na nossa arrecadação”, destacou.

Heberle fez críticas ao governo do Estado, que pouco teria ajudado nas vezes em que o município buscou auxílio, como no vendaval de 2009 e no incêndio das garagens da prefeitura no ano passado. “Há uma distância grande entre pedir e ganhar”, lamentou. O prefeito destacou a intenção do município de criar um programa que auxilie em diversos processos burocráticos que dificultam ações dos agricultores, como na construção de açudes, mas que tudo depende de verbas, as quais estão destinadas ao Orçamento 2012. “Vamos deixar de fazer alguma obra que não seja tão prioritária para trazer auxilio para as famílias mais atingidas”, prometeu Heberle.

“Falta de respeito”

Olir Schiavenin, presidente do STR, mostrou-se frustrado com o resultado, ou a falta dele, obtido na audiência com o ministro da Agricultura. “Hoje se tem dinheiro para o Carnaval, para a Copa do Mundo; se tem dinheiro para tudo, menos para socorrer a família que trabalha para ter seu sustento e que é responsável por garantir o alimento na mesa do brasileiro. Deixei a audiência bastante frustrado”, desabafou Schiavenin.

Para ele, as reivindicações apresentadas ao ministro têm como função manter a renda do produtor. “Precisamos de dinheiro para isso, renegociar dívidas e adiar empréstimos não é o caminho, será uma bola de neve. Acho que faltou respeito por parte do ministro, pois não buscou resolver o problema e somente criou uma comissão para arrastar o processo”, opina o sindicalista. Não satisfeito com o primeiro encontro, Schiavenin pretende agendar um novo encontro para cobrar ações concretas.

Em Otávio Rocha, na audiência que reuniu secretários municipais, representantes da Câmara de Vereadores e de bancos, os agricultores não se manifestaram sobre o assunto. Pareciam exaustos de falar e contar sobre as perdas. Com eles apenas a incerteza do futuro. A pergunta “O que mudou depois da audiência pública?” foi respondida rapidamente pelos presentes: “Nada”. Essa foi a opinião do agricultor Calixto Molon, que perdeu toda a produção dos 3 hectares de uva e dos 2 mil pés de tomate. “Estamos saindo pior do que entramos. Não deu pra aliviar o desânimo”, lamentou Molon.

Outros encontros

A audiência em Otávio Rocha foi a primeira das quatro agendadas nas localidades mais afetadas em Flores da Cunha. A segunda ocorreu no dia 4, em São Valentin; no dia 5 foi a vez dos moradores da capela Nossa Senhora do Carmo se reunirem. Na próxima segunda-feira, dia 9, às 20h30min, um encontro será realizado no salão da comunidade Santa Juliana, no distrito de Mato Perso.

Números

- O secretário da Agricultura e Abastecimento de Flores da Cunha, Jair Carlin, apresentou nas audiências públicas números das perdas causadas pelo granizo que foram apresentadas à Defesa Civil para que seja aprovado o pedido de situação de emergência.

- O levantamento prova que qualquer ajuda será muito bem-vinda. Em Flores, foram atingidas 318 propriedades, num total de 1.747 hectares distribuídos em 22 comunidades. As perdas devem ser superiores a R$ 15 milhões. Uma quebra de mais de 20 milhões de quilos de uva, além das perdas na fruticultura e nas hortaliças, foram contabilizadas.

- De acordo com Carlin, 1/3 da área total de vinhedos florenses foram prejudicados, em média. Otávio Rocha foi a localidade mais atingida.
- O secretário demonstra outra preocupação: a perda também nas safras futuras. “A fruticultura é uma cultura permanente e haverá perdas no próximo ano, recuperando somente no terceiro ano. Estamos computando perdas também para 2013.”

No dia 3 de janeiro a prefeitura florense promoveu um audiência pública em Otávio Rocha para aprensentar números. -
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