Peru e espumante estão em média 8,2% mais caros
Ceias natalina e de Ano-Novo estarão mais salgadas em relação a 2015
Estamos a pouco mais de um mês das comemorações de Natal e Ano-Novo e se existem tradições nesta época do ano, a maioria delas envolve pratos simbólicos acompanhados de bebidas que lembram a celebração e o encerramento de mais um ano. Colocar isso tudo na mesa, à disposição da família e de convidados, é que está mais caro. De acordo com dados divulgados pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), os preços de produtos típicos para as festas estarão em média 8,2% mais caros do que no ano passado, índice abaixo da inflação no período. Outro resultado apontado pelo órgão é que os supermercados gaúchos projetam em 2016 um crescimento real e tímido de 0,49% nas vendas de Natal e Ano-Novo, na comparação com o mesmo período do ano passado – uma pequena retomada no crescimento de vendas para o setor.
Na ceia natalina, o produto apontado pelos gaúchos como aquele que não pode faltar é o peru (ou o chester), seguido pelo panetone, espumante, churrasco, e só depois os presentes e outros itens. As aves natalinas integram a lista dos vilões do consumidor, pois o preço subiu em média 8,6%. Outro produto que faz parte desta lista e que tem relação direta com cidades da Serra Gaúcha, inclusive Flores da Cunha, é o espumante. A bebida, que é o item mais lembrado pelos consumidores – e que não pode faltar no Réveillon – lidera a lista dos vilões com um aumento no preço de 10,6% em relação às festas do ano passado.
Além das aves e do espumante, a cerveja aumentou 9,4%. Os vinhos nacionais registram apenas 0,9% de aumento, à frente, contudo, das bebidas destiladas (+0,4%). Assim como o espumante, conforme a pesquisa da Agas, no Ano-Novo os consumidores destacaram que não pode faltar churrasco, lentilha, carne suína e cerveja.
Pesquisa diária para gastos reduzidos
Ainda que o setor supermercadista demonstre otimismo com a chegada das celebrações do fim do ano, a pesquisa divulgada pela Agas mostra que 48% dos consumidores gaúchos pretendem diminuir seus gastos neste período. Outros 40,5% devem gastar a mesma quantidade que em 2015, enquanto que somente 11% dos consumidores ouvidos pretendem aumentar as compras. O receio do endividamento também pode ser mensurado pela forma com que os gaúchos pretendem gastar seu dinheiro: de acordo com os dados, os pagamentos à vista mais uma vez serão majoritários, 55,4% dos consumidores não farão dívidas, ainda que as compras a prazo mostrem uma pequena recuperação em relação às festas de 2015.
Mais planejados e cautelosos, os gaúchos estão antecipando parte das compras para as festas em 2016: neste ano, 55,5% dos entrevistados apontaram que vão deixar as compras para a última hora – este índice chegou próximo aos 90% cinco anos atrás. “É um comportamento que reflete bem o consumidor contemporâneo, que pesquisa muito e que sabe dar valor ao seu dinheiro. Por isso, o varejo está sempre aprendendo com seu cliente, não há professor melhor”, destaca o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo.
Em Flores da Cunha, a dona de casa Márcia Machado da Silveira dos Santos, 42 anos, faz parte desse grupo de consumidores mais prevenidos. Diariamente ela pesquisa e busca por itens na promoção, com preços mais atrativos e que no final das contas fazem a diferença no orçamento familiar. Para os festejos de final de ano, nada de deixar para a última hora. “Buscando produtos na promoção conseguimos levar mais por menos. Costumo fazer isso sempre, e para o Natal e Ano-Novo não será diferente. Pelo que já pesquisei, percebi que neste ano os espumantes estão com preços mais altos, então vou ficar de olho nas promoções”, confessa Márcia, que sempre conta com ao auxílio dos filhos Emanuel e João Pedro nas idas ao supermercado.
Tradicionalmente, Márcia e o esposo Ivan Ribeiro Guterris dos Santos, acompanhados dos filhos Bruna, 12 anos, Emanuel, nove anos, e João Pedro, oito anos, reúnem a família para as celebrações natalinas e da virada. Cada familiar fica responsável por um item da ceia, assim o gasto fica fracionado. “Todos aproveitam uma celebração especial ao lado de familiares sem gastar tanto, afinal, ainda temos os gastos com os presentes. O jeito é sempre pesquisar e, para quem tem três filhos como nós, colocar tudo na ponta do lápis ajuda a gastar menos”, aconselha a dona de casa, que entre outros produtos do dia a dia, deu uma espiada nos preços dos perus para a ceia de Natal.
De acordo com o gerente do supermercado Andreazza do Centro de Flores da Cunha, Alexandre Puhl, por enquanto as vendas se mantêm dentro da normalidade, e o mercado está pronto para as datas especiais. “Tradicionalmente, com a entrada da primeira parcela do 13º salário agora em novembro, as compras de Natal e Ano-Novo iniciam com mais força na primeira semana de dezembro. Há quatro meses estamos nos preparando para este período e as prateleiras estão prontas e esperando pelos consumidores”, adianta o gerente. Segundo estimativas da Agas, o setor supermercadista gaúcho vai absorver cerca de R$ 2,5 bilhões dos cerca de R$ 12,7 bilhões (ou 20%) a serem injetados na economia gaúcha pelo 13º salário.
Ano-Novo tem que ter espumante
Nas expectativas de comercialização, os produtos que deverão puxar o crescimento nas vendas são a cerveja (crescimento de 8,3%), os refrigerantes (+6,9%) e a carne bovina (+6%). Eletrodomésticos e roupas (sem crescimento) e as bebidas destiladas (+0,4%) não deverão ter desempenho positivo neste fim de ano. As cervejas artesanais são as principais concorrentes e devem refrear o crescimento dos espumantes no Natal. No Ano-Novo, no entanto, a bebida será item indispensável para as comemorações.
O espumante retomou a liderança que havia perdido para a lentilha em 2015, entre os itens que não podem faltar no Réveillon – mais de 60% dos consumidores apostaram no brinde borbulhante. A expectativa de crescimento dos supermercados nesta categoria é de 4,5%, com a comercialização de 4,8 milhões de garrafas – 95% delas produzidas na Serra Gaúcha. Os vinhos importados têm expectativa de crescimento que chega a 1,4%, enquanto que os nacionais ficam com 0,9%.
O panetone é outro item tradicional nesses festejos de final de ano. A expectativa é de que 4 milhões de unidades sejam vendidas pelos supermercados, o que deve representar 12% da produção nacional do produto. A comercialização de panetones industrializados novamente será bem maior que a de produtos artesanais, em função dos altos custos de produção com mão de obra e energia. As aves natalinas também são compra garantida – segundo a Agas, os gaúchos deverão novamente privilegiar os ‘frangões’ e aves mais acessíveis e de fácil preparo. Ao todo, 850 mil aves (ou 2,7 mil toneladas) serão comercializadas.
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