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Período de reavaliação

Família Mazzarotto, em São Gotardo, trocou 70% da plantação por uvas orgânicas, sem agrotóxicos

Na propriedade da família Mazzarotto, em Flores da Cunha, o Dia do Agricultor não é motivo de tanta comemoração. Na localidade de São Gotardo a propriedade familiar hoje é administrada por Arcízio Mazzarotto, 66 anos, e pelo filho Joel Mazzarotto, 35 anos. Eles têm 7 hectares de parreirais cultivados, porém, não estão satisfeitos com o atual cenário agrícola.

A propriedade foi adquirida pelo pai de Arcízio, Luiz Mazzarotto, da qual tirou o sustento da numerosa família de 10 filhos. “Entre os meus nove irmãos eu era o mais novo e enquanto todos meus irmãos foram trabalhar na cidade eu herdei a responsabilidade de continuar o trabalho na agricultura”, conta Arcízio. O agricultor relata que teve alguns anos auge do setor vitivinícola, porém, os últimos anos o fizeram desanimar. “É uma cultura de riscos onde somos mal remunerados e recebemos poucos benefícios”, reclama.

O filho Joel destaca que a mão de obra está cada vez mais cara, enquanto que o preço mínimo da uva fica estagnado em poucos centavos. “Assim fica difícil o agricultor comemorar algo. Nossa matéria-prima está desvalorizada e os investimentos são custosos”, desabafa Joel. A esposa de Arcízio, Rosalina Biondo Mazzarotto, ajuda no trabalho da propriedade e administra os serviços da casa, enquanto que a esposa de Joel trabalha em uma empresa. “O agricultor tem uma rotina pesada, e não é valorizado. Um exemplo disso é o valor da aposentadoria”, frisa dona Rosalina.

A insatisfação fez pai e filho partirem para alternativas, as uvas orgânicas. Hoje, 70% da produção são sem agrotóxicos. “É nossa última tentativa em apostar no setor. O preço do orgânico é maior, mas ainda há muitos custos e nosso clima não é muito propenso”, frisa Joel.

A família acredita que neste Dia do Colono é preciso fazer uma retrospectiva e avaliar a real situação. “Estamos expondo o que o agricultor passa, as incertezas da safra, de pagamento e o descaso com nosso produto. Estamos tentando, mas não sabemos se valerá a pena”, questionam os agricultores.
Joel, Rosalina e Arcízio questionam as incertezas da safra. -
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