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Parou! E agora?

Queda de seis horas das redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp fez pessoas e empresas perceberem sua dependência com a internet

Foram apenas seis horas sem WhatsApp, Instagram e Facebook, mas para muitas pessoas e empresas tempo suficiente para entrar em colapso. A pane do grupo de redes sociais no dia 4 de outubro ocasionou alguns questionamentos: somos tão dependes destes serviços? Quais os impactos causados pelo problema?
As redes sociais viraram uma ferramenta de uso diário que, além da comunicação entre os amigos e familiares, é importante para os negócios.
De grandes a microempresários tiveram problemas, assim como muitas pessoas se sentiram perdidas durante a tarde. Com isso, fica o questionamento: e se as principais redes sociais não existissem mais?
O Jornal O Florense realizou uma enquete e 70% dos entrevistados relataram que a pausa foi boa, mesmo, em alguns casos, não podendo realizar seu trabalho. 
Conforme a psicóloga florense, Aline Reginato, a rapidez da tecnologia trouxe avanços importantes nas comunicações, ao mesmo tempo em que criou-se uma dependência ilimitada, causando, inclusive, transtornos psicológicos, tais como: ansiedade, depressão, insônia e impulsividade. “Tudo o que é usado em excesso pode causar algum tipo de prejuízo”, relata a psicóloga. “Para evitar a dependência, não precisamos nos livrar das tecnologias conquistadas, pois são importantes, mas equilibrar o uso das mesmas com outras atividades necessárias para nosso bem-estar, como praticar alguma atividade física, ter momentos de lazer, ter ocupações eliminando momentos de ócio, desligar o celular antes de dormir ou deixar no silencioso, planejar pequenas pausas no dia a dia, lembrar sempre que a tecnologia está a nosso favor e, começar aos poucos com pequenas atitudes”, elenca.
Mas a parada das redes não foi de todo mal, como mostram os dados da enquete: “foi um momento de reflexão sobre como estou usando meu tempo com a tecnologia”, informa Aline. 

Usuário abusivo x dependente

Para a psicóloga, é importante destacar a diferença entre o dependente e o usuário abusivo. “Hoje, todo mundo usa celular em sala de espera, parada de ônibus e, para quem observa, parece que são dependentes apenas porque usam muitas horas por dia, mas essas pessoas tem o momento de pausa. Vira doença quando a pessoa, se não tiver a tecnologia funcionando, seja por falta de bateria ou wi-fi, apresenta sintomas de angústia, ansiedade e nervosismo”, diferencia Aline, que pôde perceber esses sintomas em pacientes durante a segunda-feira, dia 4. 
E como já diziam os nossos pais: “para tudo tem um limite”. Com a tecnologia não é diferente. De acordo com Aline, para adultos o tempo limite deve ser imposto pela própria pessoa. “É necessário perceber quando começam a ocorrer prejuízos em sua vida pessoal, profissional e social. Nesse momento é hora de repensar”. 
Já com crianças e adolescentes, a família deve impor os limites, já que eles não conseguem ter esse discernimento e nem a gravidade que o excesso pode causar. “De acordo com estudos, crianças com menos de dois anos precisam da interação social com seus pais e cuidadores para desenvolver as habilidades necessárias, sendo assim, longe das telas. A partir dos dois até os cinco anos sugere-se uma hora por dia. Dos seis aos 11 anos, duas horas diárias”. 
O aumento do tempo se dá com a idade, mas ‘virar a noite’ em frente à tela não é opção. “Que esse horário seja durante o dia para não causar prejuízos no sono e nas atividades escolares”, evidencia a psicóloga.
E se você gostou desta pausa e lhe fez sentir melhor, repita isso com mais frequência. Regule o tempo da tecnologia em sua vida e aprenda a utilizá-la de maneira consciente.

O impacto nas empresas

Instagram, WhatsApp e Facebook carregam milhares de dados importantes que, com certeza, prejudicariam milhares de negócios no mundo todo se eles parassem de funcionar permanentemente. Mas então, como driblar a dependência das redes sociais para o seu negócio deslanchar ou até mesmo se manter? Como continuar sendo produtivo e vendendo todos os dias sem precisar tanto delas?
O profissional de Marketing Digital, Marcus Tonin, respondeu algumas perguntas elaboradas pelo O Floresnse.

O Florense: Com a tecnologia fazendo parte do dia a dia das pessoas e empresas, aprendemos a integrá-la no nosso cotidiano. Após a parada de uma tarde do Facebook, Instagram e WhatsApp, como você sentiu a dependência das empresas com essas redes sociais?
Marcus Tonin: Quando eu falo sobre Marketing Digital, eu chamo de terrenos próprios e terrenos alugados. Qual é a diferença aqui? Essas redes sociais, aqui que envolve a rede do Facebook, são terrenos alugados, onde não temos controle e estamos sempre sujeitos a mudanças de regras ou até problemas maiores, como essa caída. Quando montamos uma estratégia de Marketing Digital é preciso pensar em terrenos próprios, como site e coisas que podemos fazer através dele, por exemplo, ter um blog. Estratégia de e-mails também é mais próprio e, assim, é mais difícil de sermos invadidos, comandamos mais as regras. Porém, sempre teremos a diferença na entrega. Em um terreno alugado encontramos mais gente do que em terrenos próprios, mas a construção baseada em próprios e alugados, a médio e longo prazo, é o que vai fazer a diferença para não ficarmos 100% dependentes ou criar um grande problema na nossa vida quando essas redes não tiverem atuando por algumas horas.

OF: Esta pausa fez com que as empresas refletissem seu modo de trabalho?
Tonin: Algumas empresas ficaram preocupadas porque são muito dependentes. Empresas menores e até maiores que só tem a sua comunicação baseada no Instagram, por exemplo, ficar algum tempo fora dela, não conseguir saber o que está acontecendo e não ter uma comunicação com o seu cliente, foi um problema. Então algumas empresas começaram a pensar sobre isso e entender um pouco essa teoria de terrenos alugados e terrenos próprios, começando a criar outros canais e não ser dependentes só de terrenos alugados ou também só de um grupo de empresas que é, nesse caso, as empresas de Mark Zuckerberg. Começar a entender seu site, blog, ter um canal de e-mail, um canal no Youtube, que é de outro grupo, o Google. Então está tendo esse movimento e percebi porque algumas pessoas chegaram até mim. Esse pensamento ‘só aqui pode ser arriscado’ aconteceu. 

OF: Depender apenas da comunicação online é positivo ou outras formas de atuação precisam ser trabalhadas? Se sim, quais formas?
Tonin: Quando eu falo de comunicação, eu não tenho dúvida nenhuma que o digital foi uma democratização da comunicação, onde todos puderam estar presentes, fazer os seus anúncios, falar sobre si, sobre seus produtos, serviços, e com um custo muito baixo em comparação a quando tinha apenas as mídias tradicionais, que eram seletivas: nem todas as empresas conseguiam pagar para estar presentes. E, principalmente, para profissionais da comunicação, e as empresas precisam entender cada vez mais isso, que a comunicação é repetição, ela precisa de consistência. Mas, eu não concordo que se olhe só para o digital e não para os pontos. A questão é a verba financeira para trabalhar sua comunicação. Se a empresa tem condições de trabalhar uma coisa que ainda a gente chama de online e off-line – isso não vai mais ser assim logo ali na frente, não vai ter mais essa distinção – isso também é interessante, trabalhar todos os pontos de contato da marca. A questão é ser criativo para trabalhar em formatos que não são tão interativos como eram uma vez ou em comparação com a interatividade que temos hoje dos canais de comunicações digitais. Se a verba existe, é importante olhar outros meios físicos, impressos, audiovisuais, até porque isso pode se transformar em online depois. Mas, como sabemos que ainda estamos aprendendo a nos comunicar – porque as verbas não são muito altas para isso – o online vai vir primeiro e, então, ter mais dependência em canais digitais vai ser comum para todos. A grande questão é entender quais são os canais e não ficar dependente apenas de um. 

OF: Qual o conselho que você dá para as empresas que passaram por dificuldades nesse período de 6h sem esse grupo de redes sociais?
Tonin: Ficamos sem as ferramentas do grupo Mark Zuckerberg. Outras redes estavam funcionando. Eu entendo que estas são as maiores, as mais usuais e as mais comuns, então parece que ficamos sem nada, mas não ficamos. Então a ideia é, quando eu penso em estratégias de Marketing Digital, e eu trabalho em uma rede muito bem, por exemplo o Instagram, eu penso para qual eu posso ir depois, e depois. Ter uma estratégia que se baseia em cinco, seis canais, vai fazer com que ali na frente a gente sofra muito menos quando isso acontece e, sinceramente, para quem trabalha bastante com esses canais, no caso o exemplo clássico, o Instagram, sabe que essa caída de seis horas não é tão pesada quanto as mudanças de algoritmos que ele faz com muita frequência, principalmente nos seis meses, onde ele troca a entregabillidade dos posts, ele mexe em ferramentas e formatos. Mas, obviamente, tem pessoas que não percebem isso e não fazem a mínima ideia, por exemplo, de que poucos meses atrás ele disse que hoje o Instagram não será mais uma rede social de fotos quadradas e sim de entretenimento baseada em vídeo. Isso é muito mais grave do que cair seis horas.

Pai e filha buscam estar conectados diariamente: Marcelino Scopel, motorista e Michele Scopel, comerciante.  - Divulgação
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