Geral

Os Segredos da Floresta Negra

Conheça Baden, uma das 13 regiões vinícolas da Alemanha

A águia sobrevoa os parreirais que cercam o castelo, como se fosse dona do lugar. Às vezes, ela para no topo de uma coluna e observa o vale. Apesar de já ser outono, algumas uvas ainda aguardam pela colheita, sob o sol escaldante e um tanto incomum para a época. Enquanto o tempo não chega, a vigilância da águia parece não ser o suficiente. Protegidas sob redes azuis, as últimas uvas maduras esperam pacientemente que a hora mágica da colheita chegue ao Castelo de Eberstein.
Estamos em Baden, uma das 13 regiões vinícolas da Alemanha. Localizada entre as montanhas da Floresta Negra e o rio Reno, Baden se distingue pela variedade de uvas Pinot que ocupam quase a metade de seus parreirais. Apesar de produzidos na terceira maior região vinícola da Alemanha, os vinhos de Baden não têm a mesma fama dos elaborados na vizinha Alsace, França, mas são igualmente encorpados e de boa qualidade.

Localizada numa das regiões mais quentes do país, Baden é a segunda maior produtora de vinhos tintos alemães, atrás de Württemberg. No entanto, o vinho tinto representa apenas um terço da produção nacional, já que a maioria dos alemães prefere os brancos - especialmente, os espumantes. Segundo o Instituto do Vinho Alemão, o consumo anual per capita de vinho espumante na Alemanha é de cinco litros, o maior do mundo.

Castelo de Eberstein
Uma visita ao bar do Castelo de Eberstein confirma a preferência nacional. Entre os copos de vinho, os brancos dominam absolutos. Construído em 1803 numa colina próxima ao vilarejo de Obertsrot, o Castelo de Eberstein hoje abriga um hotel de luxo. Para hóspedes e visitantes, uma das maiores atrações do lugar são os parreirais que forram a colina, a vista espetacular e as trilhas que circundam as videiras e continuam Floresta Negra adentro.

Uma dessas trilhas leva à vila medieval de Gernsbach, a menos de três quilômetros do castelo. Gernsbach é um dos inúmeros povoados que se espalham pela densa Floresta Negra e que no passado sobreviviam do comércio de madeira ao invés do atual turismo. Todos os anos em setembro, durante um fim de semana, a vila celebra suas tradições medievais com o festival Altstadtfest. Bancas com pratos locais, um mercado medieval e a encenação do transportar de toras de madeira pelo rio são as principais atrações. A balsa construída com as toras é motorizada e pode levar até vinte pessoas. Ao contrário de seus prováveis ancestrais, os passageiros ainda têm o luxo de beber vinho durante o percurso. Nas bancas de comida, schupfnudeln (uma massa cozida com chucrute e bacon) só perde em popularidade para as tradicionais salsichas.

Floresta Negra

Com 12 mil quilômetros quadrados, a Floresta Negra ocupa uma superfície maior que a da Lagoa dos Patos. A origem do nome é tão antiga quanto a própria floresta, e remete ao tempo dos romanos, que batizaram a área “silva nigra”, devido à pouca quantidade de luz que penetrava através da vegetação densa de coníferas. Séculos depois do Império Romano, a Floresta Negra parece impenetrável apenas à distância. Inúmeras trilhas percorrem a área de ponta a ponta ou de cima a baixo, para quem gosta de montanhismo, já que o ponto mais alto da região fica a 1.493 metros. Com essa altitude, não admira que no inverno o lugar se transforme em paraíso para os esquiadores.

É fácil encontrar pousadas com restaurante em quase todos os vilarejos da Floresta Negra. A maioria dos pratos oferecidos nos cardápios são especialidades locais, e muitas vezes preparados pelos proprietários. Para quem logo pensou no bolo Floresta Negra como sobremesa, cabe lembrar que ninguém sabe ao certo de onde veio a receita. O nome parece ser indicação óbvia, mas é na verdade, referência a um ingrediente do bolo: o licor Kirschwasser, produzido originalmente com cereja amarena ou ginja da Floresta Negra. Sem controvérsia de origem, apfelpfannkucen, uma espécie de panqueca de maçã, é um dos favoritos na seção dos doces.

Spätzle é um tipo de massa bem macia, a base de farinha de trigo e ovos, mas que mais parece um híbrido do gnocchi. A maioria dos pratos principais são à base de carnes, peixes defumados, cogumelos, salsichas e outros embutidos, apesar da influência da cozinha francesa. O presunto da Floresta Negra é maturado por três meses antes do consumo. Normalmente acompanhado por pão de centeio integral, é iguaria conhecida internacionalmente.
Abaixo a vista do bar do Castelo.


Castelo de Eberstein. - Giovana Zilli / Divulgação
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário