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Os reflexos locais do governo Bolsonaro

Como os principais setores econômicos de Flores avaliam o primeiro semestre do atual presidente

Um período marcado por altos e baixos. Assim pode-se definir o início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que completou seis meses na última segunda-feira, dia 1º. Repleto de desafios e polêmicas, o governo enfrentou problemas que resultaram na troca de ministros e causaram atritos com o Congresso Nacional – o que evidenciou tensões entre os poderes Executivo e Legislativo. Por outro lado, a reforma da previdência, uma das maiores expectativas desse governo, está tramitando, assim como o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Mas como este cenário reflete em âmbito municipal? O Jornal O Florense reuniu impressões locais de empresários dos principais setores econômicos, além de representantes de entidades e dos prefeitos de Flores da Cunha e Nova Pádua, para fazer um panorama local. Confira:

No setor moveleiro

“A expectativa positiva que todos tinham para o primeiro semestre de 2019 não se concretizou devido a vários ajustes que certamente vão demandar muito mais tempo. O mercado está sem a confiança necessária para empreender, reformar, ampliar e retomar o crescimento que todos almejamos e necessitamos. Com raras exceções, o mercado moveleiro está andando de lado e em alguns casos até de ré. Aguardamos que o cenário melhore. Acredito que, neste momento, é importante trabalharmos os pontos estratégicos em termos de gestão, processos, melhorias e inovação para que possamos passar esta fase e voltar a crescer”.
Luana Wollmann – coordenadora da Câmara Setorial de Móveis do Centro Empresarial

Na construção civil

“Mesmo em um mercado declarado retraído, a empresa continua crescendo. O que mudou após o governo Bolsonaro foi uma maior fiscalização para financiamentos governamentais imobiliários, visto que surgiram pessoas buscando dinheiro fácil a partir de promessas de maiores ganhos. O mercado imobiliário ficou sem lançamentos por muito tempo por conta da retração da economia. Acreditamos que, no momento em que aquecer, o retorno para os investidores será excelente.”
Lucas Marchet – diretor comercial da Incorporadora Marchet

No comércio

“Acredito que a principal expectativa pós-eleições tenha sido a retomada do crescimento econômico. Estive recentemente em contato com algumas pessoas ligadas ao governo e pude observar as tentativas de progresso nesse sentido. Contudo, penso que o país ainda não se recuperou da crise institucional que mergulhou nos últimos anos e, enquanto os poderes não se alinharem nas pautas vitais para o momento, como a reforma da previdência, estaremos desperdiçando tempo e empurrando a visualização de resultados positivos. O comércio tem tentado se manter vigoroso, tivemos algumas datas com resultados razoáveis, mas ainda não conseguimos vislumbrar um crescimento expressivo.”
Jásser Panizzon – presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Flores da Cunha

No setor vitivinícola

“No nosso dia a dia eu não vi nenhuma repercussão. O que aconteceu, devido ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia, é que fomos chamados pelo Onyx Lorenzoni para uma reunião em Brasília, onde o próprio Bolsonaro disse que o setor vitivinícola precisa de uma atenção especial. Acenaram a possibilidade de um convênio que reverteria parte dos impostos que nós geramos para o próprio setor, a fim de produzir com melhor qualidade e menos custo. No geral, estamos ansiosos para ver a reforma da previdência aprovada e, em seguida, uma reforma tributária, para que assim o mercado comece a ter confiança para investir.”
Darci Dani – diretor executivo da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi)

Na metalurgia

“Depois que o governo assumiu houve um ânimo, porém a mudança esperada ainda não se efetivou. O novo presidente empolgou, mas as coisas estão travadas, não fluíram. Acredito que o mercado espera que se resolvam questões, como a da reforma da previdência, para agir. Mas a expectativa é boa.”
Daniel Longhi – coordenador da Câmara Setorial de Metalurgia do Centro Empresarial

No setor de malhas e confecções

“Acredito que, no geral, a palavra que descreve esse primeiro semestre é estagnação. Boa parte das pessoas que conversei do setor esperava uma economia mais aquecida. Isso tem impacto também no consumidor final, porque percebemos que as pessoas ficam apreensivas e avaliam muito mais antes de comprar. Outra condição preponderante que não pode ser deixada de lado no nosso setor é o fator climático, o qual não ajudou esse ano, influenciando diretamente nas vendas.”
Luiz Fernando Rigotto – coordenador da Câmara Setorial de Malhas e Confecções do Centro Empresarial

No poder público

“A mudança que mais percebemos foi que não houve o pagamento das emendas, ou seja, não recebemos mais aqueles recursos extraorçamentários, o que está empacando em várias obras que já tínhamos a pré-destinação e, até mesmo, contratos assinados. Porém, acreditamos que esse seja um período de ajustes, já que a máquina pública é complexa e dinâmica e envolve vários entendimentos por parte das pessoas que ocupam os cargos. Esperamos que até o fim do ano tudo isso se estabilize e possa voltar ao normal, inclusive, com o repasse dos recursos necessários.”
Lídio Scortegagna (MDB) – prefeito de Flores da Cunha

“Esse início de governo, de forma direta, não nos influenciou tanto. O que percebemos é uma expectativa grande por parte da população para que o governo tenha êxito – até porque, quase 94% da população de Nova Pádua votou e apostou na administração de Bolsonaro. Eu acredito que, embora o governo tenha se mostrado um pouco amador em algumas atitudes, foi uma fase de aprendizado. Esperamos que as coisas se alinhem com a reforma da previdência e com os demais projetos e que realmente se faça o necessário para melhorar a economia como um todo. Com os próximos passos, como o acordo do Mercosul com a União Europeia, suponho que ocorra maior expectativa do empreendedor. O mercado deve ficar mais otimista a fim de apresentar um crescimento econômico melhor no segundo semestre.”
Ronaldo Boniatti (PSDB) – prefeito de Nova Pádua

 

 - Divulgação
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