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Os desafios e o mercado do alho em debate

Nesta sexta-feira, dia 8, produtores de todo o Brasil participam do 32º Encontro Nacional do Alho em Ipê. Em Flores da Cunha, produtores estão optando em plantar em outras regiões por falta de terras

Flores da Cunha produziu em 2018, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 810 toneladas de alho em 90 hectares. A cultura teve um crescimento significativo de 2017 para 2018: foram 186% a mais. Em relação ao Brasil, em 2018, conforme dados da Associação Nacional de Produtores de Alho (Anapa), o país produziu 13,5 milhões de caixas de 10kg de alho, em uma área de 11,5 mil hectares e importou 16,5 milhões de caixas de 10kg. São mais de quatro mil famílias em todo o Brasil envolvidas na plantação da olerícola, que geram mais de 40 mil empregos diretos.

Conforme o vice-presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Alho (Agapa), e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Flores da Cunha e Nova Pádua, Olir Schiavenin, esse aumento de hectares e produtividade no município florense se deve ao fator da rotatividade do solo. “Temos muitos produtores em Flores da Cunha que possuem plantações de alho em outras cidades. Como eles precisam fazer a rotatividade de cultura no solo, eu atribuo esse aumento às terras disponíveis que tinham aqui no município”, avalia Schiavenin. De acordo com o vice-presidente da Agapa, a rotatividade na plantação das culturas, principalmente do alho e da cebola, é importante para não infestar o solo com bactérias e fungos.

O produtor de alho Valdemar Romano, que desde 2001 está na plantação da olerícula, é um dos florenses que escolheu plantar a cultura em outro município: ele escolheu Vacaria. Romano afirma que não planta no município pela falta de terras. “Em Flores da Cunha eu tenho seis hectares de terra. Aqui em Vacaria planto em 24 hectares. Por isso muitos florenses estão vindo pra cá, porque tem muita terra disponível para plantarmos”, avalia Romano, que fica de segunda a sexta-feira em Vacaria e no fim de semana volta para o encontro da família. De acordo com ele, sete florenses plantam no município. Entre eles estão também os agricultores Paulo Giachelin e Gilberto Gavazzoni, que possuem plantação de alho em 30 hectares do município vizinho.

Nos 24 hectares, Romano planeja colher 300 toneladas de alho – aproximadamente 13 mil quilogramas por hectare. Conforme o produtor, este ano o alho está bom, mas para ficar melhor a chuva precisa diminuir. “Tivemos uma semana com bastante chuva e isso traz doenças ao alho, mas por enquanto conseguimos manter a qualidade”, afirma. Nesta época do ano, as lavouras estão em fase de formação de bulbos para, na metade de novembro, iniciar a colheita. Schiavenin também relata que é necessário a colaboração do tempo para deixar o alho mais consistente. “Se tiver muita chuva e umidade, nos próximos dias, fica mais complicado para tratar e começa a entrar as doenças. Mas, a princípio, está tudo dentro do planejado”, enfatiza.

Já em Flores da Cunha, quem planta, é em pouca quantidade. É o caso da família Variani. O agricultor Gustavo Variani, 25 anos, morador da Linha 60, possui um hectare de alho. “Planto faz uns cinco anos, mas não muito por causa da rotatividade da terra. Então, em pouca quantidade, consigo fazer a troca do solo”, explica Variani que herdou dos pais e dos tios o gosto pela agricultura. Conforme o jovem, o alho é uma cultura difícil de trabalhar, pois precisa de muito cuidado, mas dá um retorno significativo. “É igual cuidar de criança, tem que dar sempre atenção”, analisa.

O agricultor pretende colher 10 mil quilos da olerícula, e vende o produto para o município de Nova Pádua, onde importam a planta. Mas, para colher um bom produto é preciso de tempo seco e uma chuva a cada semana. “Estamos tratando ele para não pegar doenças, mas já se percebe que as folhas estão começando a amarelar, então precisa de mais atenção ainda”, avalia.

Encontro nacional

Sob o tema ‘Alho – Realidade e Desafios’, a Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa) e a Associação Gaúcha dos­­ Produtores de Alho (Agapa) se unem para a realização do 32º Encontro Nacional dos Produtores de Alho. O evento está marcado para a próxima sexta-feira, dia 8, a partir das 13h30min, no salão paroquial da cidade de Ipê. As atividades contam com uma programação variada que inclui palestras técnicas, discussão e planejamento de mercado. Haverá ainda apresentação de linhas de crédito, painel com o presidente da Anapa e espaço para debates e perguntas. Paralelo ao encontro, ocorre uma feira de agronegócios com exposição de máquinas e insumos agrícolas, na área externa do salão paroquial. A expectativa é que mais de 500 produtores participem do evento.

De acordo com o presidente da Associação Gaúcha de Produtores de Alho (Agapa) e secretário municipal da Agricultura e Meio Ambiente de Ipê, Valdir Pereira Bueno, um dos objetivos do Encontro é conscientizar a todos sobre a importância do setor e apresentar análises da produção e do mercado. “É com imensa alegria e satisfação que vamos receber visitantes de todo o país para debater sobre essa importante cultura que é o alho, a qual proporciona geração de renda para muitos produtores. Com esse evento, pretendemos fortalecer os desafios e as variações do mercado, especialmente na taxa antidumping, e levar aprendizados e oportunidades técnicas para os produtores no manejo da cultura, além de informações necessárias sobre os desafios do mercado e linhas de crédito, até porque temos uma perspectiva satisfatória para os preços do alho neste ano. É um evento também para fortalecer o setor e suas entidades”, afirma o presidente.

O 32º Encontro Nacional é uma realização da Anapa e Agapa, com apoio do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Flores da Cunha e Nova Pádua, da Prefeitura Municipal de Ipê, da Emater-RS/Ascar e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS).

Programação
13h30min – Credenciamento

13h45min – Protocolo de Abertura

14h – Palestra Técnica: O Alho no Cerrado e Inferências para Manejo da Cultura em SC e RS, com o consultor técnico na produção de hortaliças, Carlos Inácio Garcia de Oliveira

15h – Palestra de Mercado, com o engenheiro agrônomo, Marco Antônio Lucini
16h – Momento Linhas de Crédito
16h30min – Participação das Entidades e Parceiros
17h – Painel com o presidente da Anapa, Rafael Corsino
17h30min – Debate e Perguntas
19h – Jantar de Encerramento
21h – Encerramento Oficial

 

Gustavo Variani planta alho há cinco anos em sua propriedade na Linha 60.  - Gabriela Fiorio
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