Os desafios de parar de fumar
Coordenador do Controle de Tabagismo no Brasil, João Batista Costa, fala sobre as dificuldades de abandonar o vício. Nessa semana, o município de Nova Pádua realizou o curso ‘Como deixar de fumar em cinco dias’
Fumar: começar é fácil, basta acender o primeiro cigarro. Difícil mesmo é parar. Quem não é fumante, provavelmente conhece alguém que fuma e que já tentou abandonar o vício por mais de uma vez, não obtendo êxito em suas tentativas. Essa tarefa é considerada uma verdadeira luta, tanto para quem deseja parar, quanto para aqueles que fazem parte do seu convívio. Com o objetivo de auxiliar quem está disposto a enfrentar essa maratona, a prefeitura de Nova Pádua, por meio da Secretaria da Saúde, promoveu nesta semana o curso Como parar de fumar em cinco dias, ministrado pelo professor João Batista Duarte Costa, formado em saúde pública, coordenador do Controle de Tabagismo no Brasil, presidente da Associação Brasileira de Profilaxia (Assobrap), membro do grupo assessor do Ministério da Saúde para o controle do tabagismo no Brasil e autor de quatro livros sobre os malefícios causados pelo cigarro.
O curso teve início na segunda-feira, dia 28, e encerra hoje à noite. Conforme o secretário de Saúde do município, Odir Boniatti, cerca de 25 pessoas participam do encontro. E para quem não teve a oportunidade de realizar a atividade, mas deseja parar de fumar, o jornal O Florense realizou uma entrevista com o professor. Acompanhe.
O Florense: A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o fumo é uma das principais causas de morte evitável, hoje, no planeta. Cerca de cinco milhões de pessoas morrem, por ano, vítimas do uso do tabaco. Porque o cigarro faz tão mal à saúde?
João Batista: Antigamente, o fumo que os nossos pais fumavam tinham apenas 36 substâncias tóxicas. Hoje, somente na lavoura, o fumo recebe mais de 600 produtos químicos. Depois, na industrialização recebe mais 134 aditivos. Quando é acendido, o processo químico se multiplica, chegando a 4.720 substâncias tóxicas, todas danosas à saúde. Destas, 80 são cancerígenas. O fumante está brincando com um instrumento de morte, em relação ao qual, a neutralidade não é mais possível.
O Florense: Que problemas físicos o cigarro pode provocar?
João Batista: De cada 15 pessoas, com menos de 45 anos, que morrem de enfarto do miocárdio, 14 são fumantes. Hoje, temos no Brasil 25 milhões fumantes e 170 milhões de não fumantes. No segundo contingente, é contabilizado apenas um enfarto do miocárdio, contra 14 no primeiro. De cada seis pernas amputadas em nossos hospitais, em decorrência da trombose, cinco são de pacientes fumantes. Quem fuma uma carteira de cigarro por dia deglute, com a sua própria saliva, as 80 substâncias cancerígenas, além das outras milhares, pelo tubo digestivo. Além disso, cito a enfisema e o câncer pulmonares, que atingem praticamente 90% dos fumantes.
O Florense: Que males o cigarro pode causar na gravidez?
João Batista: Através do cordão umbilical todos os venenos do fumo atingem o feto. O fumo também causa o estreitamento de 33% do cordão umbilical, reduzindo os nutrientes que chegam ao feto. Essa criança pode nascer com menos peso, menos coordenação motora, etc. Ela também pode receber uma herança maldita, como um câncer, que também pode vir pelo espermatozóide do pai. Depois ouvimos alguém dizer: nunca fumou e tem câncer.
O Florense: Mesmo sabendo de todos os malefícios que o cigarro causa à saúde, porque é tão difícil parar de fumar?
João Batista: Normalmente as pessoas começam a fumar por conta de uma dependência psicológica ou por fatores psicológicos: imitação do pai, da mãe, dos avós, dos tios, dos padrinhos, enfim, de pessoas próximas e que lhe servem de referência. Depois vem a dependência e quando eles descobrem que estão pagando para adoecer, para morrer, querem parar. Momentaneamente deixam de ingerir nicotina e aí vem a síndrome da abstinência, o mal estar, a angústia e até mesmo a depressão. Então, voltam a fumar. Dessa forma vão se escravizando, prometendo que vão parar e quanto mais eles tentam, mais frustrados ficam por não conseguirem. De cada 100 pessoas que tentam deixar de fumar por conta própria, apenas 3% são bem sucedidas. Cerca de 10% já tentaram quinze vezes ou mais. É por isso que nós temos um profundo respeito pelos fumantes. Tratamos todos com muito carinho. Por conta disso temos constituído um elo muito forte que contribui para que abandonem o vício.
O Florense: Qual é o primeiro passo para quem deseja parar de fumar?
João Batista: Nós partimos do princípio de Sócrates, que dizia que as leis derivadas da força e não da persuasão são atos de violência e que o ser humano é mais persuadido pela razão do que coagido pela força. Por isso, considero importante a prevenção e a educação. É preciso seguir uma metodologia. Quem quer parar de fumar precisa estar consciente do que está consumindo e os males que isso causa. Existem aqueles que têm muita força de vontade e deixam o vício sem nenhuma ajuda, por conta própria, mas também têm aqueles que precisam de auxílio. É isso que nós fazemos em nosso programa. Desenvolvemos uma metodologia que prevê a informação e a desintoxicação, que facilita o processo.
O Florense: O que o senhor recomenda: parar de fumar de uma vez só ou diminuir o cigarro gradativamente?
João Batista: Normalmente o fumante que vai reduzindo diz: vou fumar um depois do café, um depois do almoço e um depois do jantar. Mas qualquer problema fará com que ele passe a fumar mais e quando perceber estará fumando mais do que antes, pois o corpo irá cobrar aquilo que lhe foi negado. Essa é uma forma muito traiçoeira. O bem sucedido é aquele que larga de vez. Não recolocando a nicotina no organismo, em poucos dias a dependência passa.
O Florense: Quais são os benefícios imediatos de parar de fumar?
João Batista: Quem fuma não percebe o cheiro de cigarro que fica na sua roupa, no carro, etc. Em menos de cinco dias sem fumar já aumenta a percepção de odores, de gostos. A respiração também melhora. Outra coisa muito importante: a impotência sexual masculina e a frigidez feminina. Ao deixar de fumar aumenta o desejo e a sensibilidade da mulher e a ereção e virilidade do homem. Esses fatores, e muitos outros que virão com o tempo, trarão a esses indivíduos uma melhor qualidade de vida.
O Florense: Qual a mensagem que o senhor deixa para os fumantes?
João Batista: Deixo, na verdade, um conselho da Organização Mundial da Saúde: todos os fumantes morrerão de câncer, a menos que antes morram de outra enfermidade. Com tantas substâncias maléficas contidas em um cigarro, não há organismo, por mais resistente que seja, que viva uma vida toda sem contrair o câncer.
Programa do curso
O professor João Batista produziu um DVD que contém mais de 300 imagens e todo o programa apresentado durante o curso. Quem tiver interesse em adquirir a produção, que custa R$ 20, pode entrar em contato com a Secretaria de Saúde de Nova Pádua, pelo telefone (54) 3296-1749. A renda obtida com a venda do material será totalmente revertida para a manutenção da Fazenda Terapêutica Revivi, um centro de reabilitação de drogaditos, localizado em Gravataí. A entidade é mantida pela Associação Brasileira de Profilaxia, da qual ele é membro.
O contato direto com o professor pode ser feito pelos telefones: (51) 3334-4363, (51) 9982-3431 ou pelo e-mail: jbcostasaude@yahoo.com.br.
O curso teve início na segunda-feira, dia 28, e encerra hoje à noite. Conforme o secretário de Saúde do município, Odir Boniatti, cerca de 25 pessoas participam do encontro. E para quem não teve a oportunidade de realizar a atividade, mas deseja parar de fumar, o jornal O Florense realizou uma entrevista com o professor. Acompanhe.
O Florense: A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o fumo é uma das principais causas de morte evitável, hoje, no planeta. Cerca de cinco milhões de pessoas morrem, por ano, vítimas do uso do tabaco. Porque o cigarro faz tão mal à saúde?
João Batista: Antigamente, o fumo que os nossos pais fumavam tinham apenas 36 substâncias tóxicas. Hoje, somente na lavoura, o fumo recebe mais de 600 produtos químicos. Depois, na industrialização recebe mais 134 aditivos. Quando é acendido, o processo químico se multiplica, chegando a 4.720 substâncias tóxicas, todas danosas à saúde. Destas, 80 são cancerígenas. O fumante está brincando com um instrumento de morte, em relação ao qual, a neutralidade não é mais possível.
O Florense: Que problemas físicos o cigarro pode provocar?
João Batista: De cada 15 pessoas, com menos de 45 anos, que morrem de enfarto do miocárdio, 14 são fumantes. Hoje, temos no Brasil 25 milhões fumantes e 170 milhões de não fumantes. No segundo contingente, é contabilizado apenas um enfarto do miocárdio, contra 14 no primeiro. De cada seis pernas amputadas em nossos hospitais, em decorrência da trombose, cinco são de pacientes fumantes. Quem fuma uma carteira de cigarro por dia deglute, com a sua própria saliva, as 80 substâncias cancerígenas, além das outras milhares, pelo tubo digestivo. Além disso, cito a enfisema e o câncer pulmonares, que atingem praticamente 90% dos fumantes.
O Florense: Que males o cigarro pode causar na gravidez?
João Batista: Através do cordão umbilical todos os venenos do fumo atingem o feto. O fumo também causa o estreitamento de 33% do cordão umbilical, reduzindo os nutrientes que chegam ao feto. Essa criança pode nascer com menos peso, menos coordenação motora, etc. Ela também pode receber uma herança maldita, como um câncer, que também pode vir pelo espermatozóide do pai. Depois ouvimos alguém dizer: nunca fumou e tem câncer.
O Florense: Mesmo sabendo de todos os malefícios que o cigarro causa à saúde, porque é tão difícil parar de fumar?
João Batista: Normalmente as pessoas começam a fumar por conta de uma dependência psicológica ou por fatores psicológicos: imitação do pai, da mãe, dos avós, dos tios, dos padrinhos, enfim, de pessoas próximas e que lhe servem de referência. Depois vem a dependência e quando eles descobrem que estão pagando para adoecer, para morrer, querem parar. Momentaneamente deixam de ingerir nicotina e aí vem a síndrome da abstinência, o mal estar, a angústia e até mesmo a depressão. Então, voltam a fumar. Dessa forma vão se escravizando, prometendo que vão parar e quanto mais eles tentam, mais frustrados ficam por não conseguirem. De cada 100 pessoas que tentam deixar de fumar por conta própria, apenas 3% são bem sucedidas. Cerca de 10% já tentaram quinze vezes ou mais. É por isso que nós temos um profundo respeito pelos fumantes. Tratamos todos com muito carinho. Por conta disso temos constituído um elo muito forte que contribui para que abandonem o vício.
O Florense: Qual é o primeiro passo para quem deseja parar de fumar?
João Batista: Nós partimos do princípio de Sócrates, que dizia que as leis derivadas da força e não da persuasão são atos de violência e que o ser humano é mais persuadido pela razão do que coagido pela força. Por isso, considero importante a prevenção e a educação. É preciso seguir uma metodologia. Quem quer parar de fumar precisa estar consciente do que está consumindo e os males que isso causa. Existem aqueles que têm muita força de vontade e deixam o vício sem nenhuma ajuda, por conta própria, mas também têm aqueles que precisam de auxílio. É isso que nós fazemos em nosso programa. Desenvolvemos uma metodologia que prevê a informação e a desintoxicação, que facilita o processo.
O Florense: O que o senhor recomenda: parar de fumar de uma vez só ou diminuir o cigarro gradativamente?
João Batista: Normalmente o fumante que vai reduzindo diz: vou fumar um depois do café, um depois do almoço e um depois do jantar. Mas qualquer problema fará com que ele passe a fumar mais e quando perceber estará fumando mais do que antes, pois o corpo irá cobrar aquilo que lhe foi negado. Essa é uma forma muito traiçoeira. O bem sucedido é aquele que larga de vez. Não recolocando a nicotina no organismo, em poucos dias a dependência passa.
O Florense: Quais são os benefícios imediatos de parar de fumar?
João Batista: Quem fuma não percebe o cheiro de cigarro que fica na sua roupa, no carro, etc. Em menos de cinco dias sem fumar já aumenta a percepção de odores, de gostos. A respiração também melhora. Outra coisa muito importante: a impotência sexual masculina e a frigidez feminina. Ao deixar de fumar aumenta o desejo e a sensibilidade da mulher e a ereção e virilidade do homem. Esses fatores, e muitos outros que virão com o tempo, trarão a esses indivíduos uma melhor qualidade de vida.
O Florense: Qual a mensagem que o senhor deixa para os fumantes?
João Batista: Deixo, na verdade, um conselho da Organização Mundial da Saúde: todos os fumantes morrerão de câncer, a menos que antes morram de outra enfermidade. Com tantas substâncias maléficas contidas em um cigarro, não há organismo, por mais resistente que seja, que viva uma vida toda sem contrair o câncer.
Programa do curso
O professor João Batista produziu um DVD que contém mais de 300 imagens e todo o programa apresentado durante o curso. Quem tiver interesse em adquirir a produção, que custa R$ 20, pode entrar em contato com a Secretaria de Saúde de Nova Pádua, pelo telefone (54) 3296-1749. A renda obtida com a venda do material será totalmente revertida para a manutenção da Fazenda Terapêutica Revivi, um centro de reabilitação de drogaditos, localizado em Gravataí. A entidade é mantida pela Associação Brasileira de Profilaxia, da qual ele é membro.
O contato direto com o professor pode ser feito pelos telefones: (51) 3334-4363, (51) 9982-3431 ou pelo e-mail: jbcostasaude@yahoo.com.br.
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