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Onde a água perde espaço para o esgoto

Na Semana Mundial do Meio Ambiente, como estão os rios de Flores da Cunha?

Estamos na Semana Mundial do Meio Ambiente – o dia oficial é comemorado no dia 5 de junho –, neste ano lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com a campanha #AcabeComAPoluiçãoPlástica. Neste ano, os esforços se somam ainda à tag #MaresLimpos, ou cleanseas, para mobilizar os setores da sociedade para combater o lixo marinho. Flores da Cunha não é banhada por mares, mas correm pelo seu território diversos afluentes. E sabe o que se destaca quando falamos neles? Seu índice de poluição.

Recentemente equipes da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (Fepam-RS) estiveram em Flores da Cunha para auxiliar no mapeamento dos rios do município com o intuito de traçar uma linha de trabalho no combate ao mosquito borrachudo – um problema que vem crescendo em ares florenses e preocupando. Uma das observações desse mapeamento foi a baixa população de peixes nos nossos rios, um sinal claro de que a água não está sendo um ambiente saudável para eles.

De acordo com a engenheira ambiental e diretora de Meio Ambiente da Secretaria de Planejamento de Flores da Cunha, Franciele Zorzi, não existe um estudo direcionado para as condições dos rios florenses, mas, por meio dos licenciamentos ambientais, é possível traçar um diagnóstico do que está deixando nossos rios sem vida. “Sabemos que a cidade não possui empresas com alto potencial poluidor, contudo não temos esgoto tratado e as residências mais antigas, quando ainda não era exigido fossa ou filtro, têm apenas um poço negro, que hoje migra diretamente para nossos rios. Com isso, o grande responsável pela poluição dos rios florenses é, sem dúvidas, o esgoto doméstico”, aponta a engenheira.

Os afluentes
A área urbana do município é atravessada por três principais arroios: o Curuzu (ou Linha 80), que tem nascente na região de São Cristóvão, segue pelo Sul do município e desemboca no Rio das Antas, em Nova Pádua; o Patchega, na região Norte de Flores, passa pelo bairro Lagoa Bela e também se junta ao Rio das Antas. Na região Leste, no bairro Nova Roma, o arroio Schuelo desemboca no Rio São Marcos. “Esses afluentes têm ramificações em território florense e depois se juntam a rios maiores. Infelizmente, no caso do Patchega, por exemplo, acredito que cerca de 70% do esgoto gerado em Flores da Cunha é despejado em suas águas”, lamenta Franciele.

Para a engenheira, a solução é uma só: tirar do papel o projeto da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), em Lagoa Bela, que há sete anos se arrasta pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). De acordo com o gerente da unidade florense da Corsan, Bruno Debon, atualmente a área de cerca de 2 hectares a qual abrigará a ETE foi desapropriada e é de propriedade da estatal. A fase atual é de avaliação da licença ambiental pela Fepam, e de financiamentos. No local, a expectativa é que cerca de 70% do esgoto cloacal de Flores da Cunha seja tratado – hoje Flores da Cunha tem 0% de tratamento.

Poluição prejudica aplicação do BTI
Na próxima semana, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, em parceria com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde, apresenta nas comunidades do interior um novo programa para combater o mosquito borrachudo. Os levantamentos e mapeamentos realizados nos últimos meses mostraram que, além de poluídos, os rios têm um índice elevado de larvas e do mosquito, tornando Flores da Cunha uma das prioridades da ação em conjunto.

Geralmente, o produto utilizado no combate ao mosquito é um inseticida biológico criado a partir da bactéria BTI (bacillus thuringiensis israelensis). O BTI é inofensivo aos demais seres vivos e não agride ao meio ambiente, porém sua eficácia é prejudicada em córregos e rios muito poluídos. “Como essas águas têm bastante carga orgânica, o BTI, que é um produto biológico, acaba entendendo que esses resíduos orgânicos são as larvas. Com isso, sua atuação nos mosquitos cai significativamente”, explica a engenheira ambiental Franciele Zorzi.

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