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Oito pessoas pelas ruas de Flores da Cunha

Número elevado de sem-tetos aciona alerta do município

Não é apenas em cidade grande que existem pessoas em situação de rua. Em Flores da Cunha o cenário cresceu e é preocupante: são oito pessoas mapeadas que não possuem um lar fixo e vivem pelas calçadas, embaixo dos beirais, ou até, armam sua lona pelas ruas. 
Conforme a prefeitura do município, todos foram identificados e os motivos são individuais, vindos da história de vida de cada uma dessas pessoas. “Alguns são migrantes de outros municípios e outros possuem vínculos familiares aqui, mesmo que fragilizados”, informa a secretária de Desenvolvimento Social, Michelle Lusa.
Em 2019, antes da pandemia de Covid, o Jornal O Florense produziu uma matéria onde havia apenas um morador de rua na cidade. Anos atrás, outros já se fizeram presentes nas ruas de Flores da Cunha, porém vieram a falecer. Alguns vão e voltam para o município, cumprindo mandados judiciais.  Mas se você está se perguntando o porquê deste aumento, conforme a secretária Michelle, são muitos os fatores: “Temos visto que é um acontecimento comum nos diferentes municípios. Podemos citar o uso abusivo de substâncias psicoativas, como o álcool e outras drogas, rupturas de vínculos familiares, entre outros. É importante lembrar que todos estes agravantes se acentuaram em decorrência da pandemia da Covid-19”, ressalta a chefe da pasta, que destaca o trabalho do município, realizado por meio do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS), através do CREAS.
“Quinzenalmente é feita uma visita ao local em que essas pessoas se encontram. Este serviço é responsável pela abordagem e busca ativa de pessoas em situação de rua e outras situações, como trabalho infantil e exploração sexual de crianças e adolescentes”, informa. A secretaria também atua no atendimento para acesso ao auxílio passagem, no CRAS, para aqueles que desejam retornar para sua cidade de origem ou mudar-se de município. “Isto porque, além das pessoas que permanecem em situação de rua na cidade, outras transitam e, em sua maioria, migram em direção a outros destinos ou retornam para suas cidades natais”, afirma.
O CRAS e as Unidades Básicas de Saúde também auxiliam em alguns serviços, quando necessário, como, por exemplo, a Assistência Social, que oferece roupas e cobertores, principalmente neste momento, onde o frio castiga. 
Conforme a administração, o município está estudando uma forma de possibilitar um local para que os moradores de rua possam se abrigar à noite.
Para melhorar as condições desses indivíduos e, quem sabe, reduzir os casos em Flores da Cunha, a administração conta com o auxílio do Ministério Público e de entidades. “Estamos trabalhando para que todos sejam vistos na sua individualidade, retomando laços familiares e acessando os atendimentos que precisam. Dispomos de diversos serviços que já são realizados para este fim e, com isto, direcionamos para que a permanência na rua não seja mais vista como a única opção que possuem”, destaca Michelle. 
E ações junto à justiça, a fim de auxiliar na localização de familiares de pessoas nestas circunstâncias, também estão ganhando campo no município. “A ideia é tentar buscar as famílias, fazer uma reaproximação do morador no âmbito familiar. Isso é o que traria melhor condição de dignidade para ele. Mas isso passa, primeiramente, por uma pesquisa de identificação de quem são esses familiares”, relata o promotor do município, Stéfano Lobato Kaltbach, que também explana sua preocupação: “Precisamos ter um olhar sensível em relação à isso, mas não pode ser um olhar paternalista. Não devemos fomentar, por meio da máquina pública, que essas pessoas venham para cá criando estruturas para elas. Eu sou promotor responsável por Flores da Cunha e tenho que defender o interesse de Flores da Cunha, e penso que não há nenhum interesse da municipalidade, para o município, em criar toda uma estrutura de acolhimento, atendimento, alimentação, porque daí vão chegar muitos outros. Nós precisamos trabalhar juntos nesses casos que são bem pontuais, ainda”, avalia Kaltbach.
Conforme o promotor, o primeiro passo é receber da secretaria de Desenvolvimento Social as informações das pessoas em situação de rua. “Com base nas informações eu vou instaurar um expediente administrativo para acompanhar e ver quem dessas pessoas têm pendências com a justiça, para cumprí-las, e os demais fazer uma busca ativa dos familiares ainda que em outras cidades”, reitera. 
O promotor, que também tem responsabilidade junto aos munícipes, reforça que, caso a comunidade for incomodada de alguma forma – não só por palavras, mas gestos, atitudes e até fisicamente – deve realizar uma ocorrência policial. “Esse tipo de coisa não vou tolerar de forma nenhuma. Se esses moradores, por exemplo, ficarem coagindo as pessoas, isso tem um limite. Se isso acontecer é necessário registrar ocorrência porque também vou tomar medidas”, declara, se mostrando preocupado principalmente com mulheres, idosos e crianças: “Se sentir acuada, coagida, presenciar ou ser vítima de pequenos furtos, nada disso é tolerável. Nem abordagens indevidas, nem comportamentos sexualizados em via pública, abordagem com cunho sexual, é inaceitável”, alerta o promotor para que a comunidade fique atenta e faça o registro.

 - Divulgação
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