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O ‘verdadeiro’ começo da vindima

Agora sim, com o início, nos últimos dias, da colheita das uvas Bordô e Niágara, é que a vindima 2009 está começando a ‘acontecer de fato’ em termos locais.

Agora sim, com o início, nos últimos dias, da colheita das uvas Bordô e Niágara, é que a vindima 2009 está começando a ‘acontecer de fato’ em termos locais. Nas vinícolas, do mesmo modo, intensificam-se os trabalhos para recebimento de matéria-prima. Todavia, é só daqui a 20 dias que se parte para a safra da principal variedade, em área de cultivo, por estes lados, a híbrida Isabel, prevê o chefe do escritório florense da Emater, Valdir Franceschet. Com o ‘andar da carruagem’ – considerando que, na Serra Gaúcha, há mais de mês iniciou a colheita, com as castas precoces –, o quadro que se coloca para a vindima 2008/2009 parece estar perdendo suas nuances mais sombrias. Por exemplo, o malestar que, inegavelmente, marcou as primeiras conversações sobre a remuneração pela uva (cujo preço mínimo, aprovado a 29 de janeiro pelo Conselho Monetário Nacional, mas ainda não sancionado pelo presidente Lula, é de R$ 0,46 ao kg da cultivar comum com 15 graus glucométricos) dá ares de estar arrefecendo. “A intenção da indústria é pagar o mais alto valor possível”, afirma o diretor-executivo da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Darci Dani. “O que se quer é fortalecer ao máximo o viticultor, mas sem comprometer a liquidez da empresa vinícola; enfim, a idéia é que os dois permaneçam vivos”, completa ele, que, indagado a respeito, repudia insinuações segundo as quais a indústria, aproveitando-se do clima de apreensão ainda reinante, buscou ‘tirar proveito’, barganhando excessivamente, em suas primeiras tratativas junto ao viticultor. O executivo observa, ainda em relação à remuneração, que a variedade Bordô, uma das principais castas cultivadas no Estado, “pelos comentários que se ouve”, já tem remuneração mínima garantida – R$ 0,55 ao kg –, devido à demanda. Não obstante, a orientação que a Agavi tem dado a seus associados é emitirem nota fiscal de compra com o valor de R$ 0,10 ao kg da uva (seja ela americana ou híbrida), com o comprometimento de posterior acerto junto ao produtor. “Ninguém imagina pagar R$ 0,10 ao kg da uva para o viticultor”, diz Dani. “O objetivo é poder chegar ao preço mínimo, mas a indústria não pode assumir esse compromisso agora, sem ter certeza dos mecanismos que o governo vai adotar para regulamentação do mercado”, assinala. Sobre o volume da safra, o diretor da Agavi discorda dos prognósticos de significativa quebra, em relação a 2008 – quando se produziu, no Estado, 634 milhões de kg de uva: 600 milhões de kg (ou uma redução de em torno de 5%, portanto) é a previsão de Dani de produção nessa vindima. De outra parte, o executivo mantém a advertência, lançada desde meados do ano passado, quanto ao risco de sobrar uva. Mas com ressalvas: “É bem provável que sobre uva de má qualidade na parreira, sem colher”, afirma. De parte dos viticultores, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Flores da Cunha e de Nova Pádua, Olir Schiavenin, também coordenador da Comissão Interestadual da Uva, insiste com a orientação – já publicada pelo próprio O Florense – de que os produtores “não aceitem ofertas aviltantes”. “O preço mínimo é lei, e vamos empreender todo o esforço possível para que ele seja cumprido”, declara, também reafirmando o já dito noutras ocasiões. Schiavenin prevê uma redução na produção, em Flores da Cunha e Nova Pádua, de 20% em comparação à vindima 2008. Ele nota que, em relação às variedades Niágara e Bordô, as mais prejudicadas pelo clima (o excesso de chuvas no início da fase de floração, em setembro), as perdas foram ainda maiores do que as estimadas inicialmente. Alguns dados da vitivinicultura local Principais variedades de uva, em área de cultivo (em 2007) * Em Flores da Cunha: Isabel, com 1.646,2 hectares, e Bordô, com 1.425,93 hectares. Juntas, as duas respondem por 65,14% da área total de cultivo vitícola local (de 4.716,16 hectares); * Em Nova Pádua: Isabel, com 730,95 hectares, e Bordô, com 158,23 hectares. Juntas, as duas respondem por 61,74% da área total de cultivo vitícola local (de 1.440,04 hectares). Principais variedades de uva Vitis vinifera, em área de cultivo (em 2007) * Em Flores da Cunha: Cabernet Sauvignon, com 107,94 hectares, e Moscato Branco, com 30,4 hectares; * Em Nova Pádua: Cabernet Sauvignon, com 36,91 hectares, e Merlot, com 10,35 hectares.
*** Fonte: Cadastro Vitícola do Rio Grande do Sul 2005-2007.
Movimentação há mais de mês A Fante Indústria de Bebidas é uma das vinícolas locais onde a movimentação em torno da safra já tem mais de 30 dias. Era 6 de janeiro quando, segundo o enólogo da empresa, Cedenir Fortunatti, chegaram as primeiras cargas de Pinot Noir; a partir do dia 20, foi a vez de Chardonnay; na última semana do mês passado, Riesling Itálico. Todas as três, utilizadas como base para a elaboração de espumantes, apresentaram “muito boa qualidade”, diz o enólogo. Ele informa que a Fante estará recebendo, nessa safra, aproximadamente dois milhões de kg de uva – a serem usadas na elaboração de espumantes e vinhos, bem como derivados –, de cerca de 30 variedades. Fortunatti informa que, entre os fornecedores da empresa, a estimativa de quebra na produção esse ano, em relação a 2008, é de 5% a 10%.
Altemir Baldissera, 43 anos, colhendo Niágara branca, na propriedade de Roberto Baggio, no Travessão - Na Hora / Antonio Coloda
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