O vai e vem da energia elétrica
Moradores reclamam das constantes falhas no abastecimento de Flores
No dia 22 de junho de 2018, o Jornal O Florense noticiou a insatisfação do Bairro Colina de Flores com as recorrentes interrupções de energia elétrica. Na época, um grupo de moradores promoveu um abaixo assinado entregue a Rio Grande Energia S.A (RGE) com mais de mil assinaturas e moveu uma ação coletiva contra a concessionária. Hoje, dois anos depois, os problemas ainda persistem.
O morador do bairro, Caetano Muraro Gaio, registrou oito quedas de energia em sua residência desde o início do ano, todas devidamente protocoladas na empresa – duas delas duraram o dia inteiro. “Há um transformador na rua da minha casa que sempre dá problema. Ele cai com qualquer vento ou chuva, não precisa nem ser um temporal. Isso é recorrente nos quatro anos que moro ali”, diz Gaio.
A falta de luz prejudica todo o bairro que, além das residências, possui alguns comércios e indústrias. Caetano apresentou a reportagem sobre as quedas de luz elétrica para dois dos três candidatos a prefeito. A matéria foi citada na Câmara de Vereadores, que aprovou uma moção de repúdio à empresa na sessão de 13 de outubro. “Sem energia elétrica, na minha casa, nada funciona. Minha caixa d’água depende de bomba, meu portão é eletrônico. Conheço pessoas que perderam três TVs em uma queda”, conta o morador.
Mas os problemas não afetam apenas o bairro Colina de Flores. O residencial Florença, no Centro, também sofre com as constantes interrupções de energia. A professora Niura Arienti tem ensinado de forma online em meio à pandemia e já teve suas aulas interrompidas por falhas no abastecimento. “Teve dias em que ocorreram três, quatros picos de energia. Já pensou se chega a queimar o computador?”, pergunta Niura, cujo marido, telemédico, também depende da internet para o trabalho.
No prédio, eles já tiveram consequências graves. Durante uma queda de energia, oito placas do elevador foram queimadas e ele passou quatro dias sem funcionar, prejudicando a locomoção de idosos e mães com crianças pequenas moradores do local. Por muito pouco os estragos não foram ainda maiores: o elevador caiu no poço, que fica muitos metros abaixo do subsolo. “Era impossível enxergar o elevador. Graças a Deus não tinha ninguém ali”, afirma a síndica Nelza Gelain Fontana.
O acidente ocorreu em junho, mesmo mês em que foi aprovado um aumento de 5,22% na tarifa dos consumidores abastecidos pela empresa. Os moradores do residencial Florença tiveram de gastar a quantia de R$ 2 mil no conserto do elevador, em parcelas que ainda estão sendo pagas. Não fosse o seguro, o prejuízo ficaria na casa dos R$ 8 mil.
A RGE admite um volume maior de ocorrências entre os dias 30 de junho e 15 de julho e atribui o aumento ao ciclone bomba que atingiu o sul do país. Segundo a empresa, outras interrupções foram programadas para execução de obras e melhorias na rede elétrica, como parte de um plano de investimentos nos 381 municípios que atende.
A concessionária diz ter observado uma redução de 23% na média mensal de ocorrências emergenciais em comparação ao período entre janeiro e outubro do ano passado. Quanto à capacidade de fornecimento, a RGE informa que a Subestação Flores da Cunha atende com folga a demanda do município, estando preparada, inclusive, para suprir a projeção de crescimento nos próximos anos.
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