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"A união faz a força". O ditado popular abrange bem o espírito de quem no início do século passado realizou o sonho da produção e do lucro por meio da coletividade. Foi o cooperativismo a solução encontrada pelos agricultores para resolver os problemas da comercialização e industrialização do vinho, após a crise de 1929. E parte dessa história – que neste ano celebra os 80 anos dos primeiros movimentos cooperativistas - está registrada no livro As Cooperativas Vinícolas de Flores da Cunha, de autoria do pesquisador e escritor Floriano Molon. O livro será lançado no próximo dia 23 de julho, durante a Noite Cultural na Cooperativa. O evento, que abre as festividades da 36ª edição da Festa da Colônia, e a sessão de autógrafos tem início às 19h, na antiga Cooperativa Otávio Rocha.

A obra apresenta um pouco da trajetória do cooperativismo, com destaque para dois grandes momentos do setor, 1910 e 1929, quando nasceram as primeiras cooperativas da Serra Gaúcha. "Os produtores estavam unidos pelo ideal de trabalho coletivo. Visualizavam o desenvolvimento econômico e social das famílias produtoras de uvas. Os problemas eram consequências do monopólio, pois apenas duas organizações centralizavam a produção de vinhos e derivados no setor", escreve o autor. Segundo Molon, depois de uma experiência não bem sucedida, liderada pelo italiano Stefano Paternò, na década de 1910, o sistema cooperativista teve um grande momento a partir de 1930, graças aos trabalhos, entre outros de Paulo Monteiro de Barros e do italiano Celeste Gobatto. São desta época, algumas das grandes Cooperativas, ainda em funcionamento: Forqueta, Aurora, Garibaldi, Aliança, Caxiense, São João, São Victor, Vitor Emanuel, Emboaba, Alfredochavense, Linha Jacinto, Rosita, Santo Antônio e São Pedro. "Outras dezenas fecharam suas portas, mas por sobre estas bases, nasceram outras vinícolas, diversificando os pontos de recepção das uvas e comercialização dos produtos e serviram ainda, como base para o crescimento de grandes empresas de origem familiar, onde a marca, como questão de honra, é o sobrenome", aponta Molon.

O livro dá destaque para o surgimento das cooperativas florenses, como a Viti-Vinícola Otávio Rocha Ltda, Santo Antônio, Agrícola Trentina, Rio Grande, 3 de Outubro, São João, e como elas se transformaram e se agregaram ao longo dos anos. Nas 168 páginas, o leitor poderá acompanhar os dados históricos dessas cooperativas, os números, os documentos e dezenas de fotografias que ilustram essa trajetória. Além de algumas curiosidades, como a escrita pela professora e historiadora Loraine Slomp Giron, que assina a apresentação do livro. Ela conta que os colonos teriam sido enganados pelos industriais do vinho da zona urbana, que acrescentavam, escondido, água à bebida. "Quando o colono vinha receber o pagamento ficava sabendo que seu vinho não prestava, pois tinha baixo teor alcoólico. O preço era então reduzido. O produtor com medo de ter que voltar para casa com o vinho aceitava o preço vil", escreve Loraine. Segundo o autor, para escrever o livro foram anos de trabalho, entre pesquisa e escrita. A escolha do tema foi por motivos particulares. "Nasci em casa por sobre uma vinícola, sentindo o aroma do vinho e acompanhando a mãe desde criança nas idas a Caxias, “te la cooperativa” para retirar algum dinheiro. Em Otávio Rocha e Flores da Cunha, liderei inúmeras promoções que homenageiam a uva, o vinho, os imigrantes e todos aqueles que têm nestes setores o sustento de suas vidas". O livro tem uma tiragem de mil exemplares e conta com o apoio da Prefeitura Municipal, através do Projeto Memória Histórica e Cultural de Flores da Cunha. O livro estará a venda nos museus municipais Pedro Rossi e Pe. Alberto Lamonatto de Otávio Rocha ao valor de R$ 5.