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“Sempre sonhei em ter dois filhos adotivos.” Assim o agricultor Ricardo Molon, 53 anos, resume a história que o une a Adriano e Alessandra, seus filhos do coração desde os primeiros dias de vida deles. Morador na capela de Sete de Setembro, Molon sabia desde cedo que não poderia ter filhos. Quando casou com a agricultora Janice Molon, 41 anos, em 1998, eles cogitaram a possibilidade de uma inseminação artificial, mas que logo foi descartada. Sem pestanejar, o casal partiu para a adoção. Depois de quatro anos na fila de espera, eles receberam em seus braços o pequeno Adriano, com dois dias de vida. “Foi o dia que mais chorei de alegria, pois sempre tinha sonhado em adotar uma criança”, conta o agricultor.

A alegria foi tanta que foram mais de 100 fotos batidas ao receberem o menino, hoje com 15 anos. Desde criança, Adriano, que é mais moreno que os pais, soube que era um ‘filho do coração’. E mesmo tendo enfrentado dificuldades com a mãe biológica, o casal se manteve firme na decisão de ficar com o menino. “Faria tudo de novo”, revela Molon.

Com o apoio de toda a família e o pedido de Adriano de querer uma irmã, quatro anos depois a família Molon realizou a segunda parte do sonho de Ricardo. Chegava a casa deles a pequena Alessandra, com um dia de vida. “Certo dia Adriano teve febre e ficava me dizendo: ‘a mana está chegando’. No outro dia, ligaram me pedindo se eu ainda estava disposta a ter mais um filho adotivo. Disse que sim e me disseram: ‘então vem buscar a tua menina no hospital’”, recorda Janice. Com a chegada de Alessandra, hoje com 11 anos, a família Molon estava completa.

A alegria do convívio é visível e hoje os dois se revezam entre os estudos e o auxílio aos pais na colônia – a família está inserida num programa do Sebrae-RS pensando na sucessão familiar. Nos finais de semana passeiam juntos e acompanham Adriano no grupo de danças. “Somos muito apegados a eles e costumo dizer que cuido mais do que se fossem meus próprios”, diz Ricardo, no que Janice complementa: “Sempre digo que a pessoa que quiser adotar não deve olhar cor de pele ou idade, mas sim amar, porque existem muitas crianças pedindo um pouco de carinho”.

Para este domingo, Dia dos Pais, a comemoração está programada. Adriano disse que vai assar um churrasco. Ricardo apenas pediu o amor de toda a família “e um abraço bem apertado dos dois”. Mal sabe ele que uma mensagem escrita pelos filhos o fará se emocionar: “Pai não é aquele que apenas faz os filhos. É aquele que sabe cuidá-los, amá-los e respeitá-los. Pai é uma palavra curta, mas com muito significado. Te amamos.” Com essas palavras, Adriano e Alessandra revelam todo o amor dos filhos do coração.