Geral

Transporte gratuito, merenda, material escolar, brinquedos, capacitação de docentes, e uma infraestrutura qualificada. Um conjunto de ações que levou o Pequeno Paraíso Italiano a ser, mais uma vez, destaque na educação brasileira. Nova Pádua é a terceira cidade do Brasil – e a segunda do Rio Grande do Sul –, que mais investe recursos na educação básica, conforme avaliação realizada pelo Anuário Brasileiro da Educação Básica, do governo federal.
O município de 2.548 habitantes gasta o valor de R$ 16.518,90 por aluno ao ano – de acordo com dados de 2015 e divulgados na última semana. A Escola de Educação Infantil Professores Bôrtolo Bigarella e Idalino Vailatti – a única municipal –, conta atualmente com 75 alunos de zero a cinco anos – todos possuem a opção de turno integral. A instituição possui mais de 20 profissionais que desenvolvem um trabalho de destaque e recebem incentivos à formação continuada.
A diretora Marisangela Beazuti Triaca, que está à frente da escola há três anos, destaca que a estrutura e o atendimento individualizado de cada aluno é o diferencial da instituição. “O número de estudantes por turma é nosso ponto principal. As turmas não passam de 10 crianças, desta forma, o professor consegue olhar para cada um de uma forma bem individualizada e particular, podendo conhecer bem o aluno, a família, as suas dificuldades e a história das crianças”, valoriza Marisangela. “Além disso, esse destaque nacional se dá porque, sem dúvidas, a escola recebe um bom investimento. Tudo o que solicitamos junto à administração é atendido. Temos uma realidade muito boa e isso é notado por todos que passam pela escola, tendo uma qualidade de ensino cada vez melhor”, enfatiza a diretora.
De acordo com Marisangela, a efetiva participação das famílias junto ao ambiente escolar também é um ponto que deve ser destacado, tanto em presença como em sugestões e ideias.

Investimentos em todas as áreas
A Escola Bôrtolo Bigarella e Idalino Vailatti conta com materiais de pesquisa, brinquedos para todas as idades, materiais de uso diário, além de equipamentos de informática, datashow em todas as salas, notebooks, aparelhos de televisão, rádio, entre outros artifícios utilizados no ensino dos pequenos e pequenas. A secretária de Educação de Nova Pádua, Mônica Corso Pan, salienta que todos os anos novos materiais são adquiridos, principalmente brinquedos. “Ao final de cada ano é realizada uma limpeza geral nos brinquedos. O que é bom permanece e passa por uma higienização, e o que está quebrado vai para o lixo. Dessa forma compramos toda uma remessa nova de itens”, ressalta. 
E os números ficam melhores a cada ano. Se em 2015 (data da pesquisa) foram destinados R$ 16,5 mil por aluno, no ano de 2018 foram investidos cerca de R$ 4 milhões na educação paduense, o equivalente a 28,18% do orçamento municipal. Mônica explica que esse investimento é ramificado em diversas frentes. “Primeiro temos a folha de pagamento, os encargos públicos, a qualificação dos professores, e a infraestrutura da escola, que podemos destacar todas as aquisições de materiais, brinquedos, além de todas as salas possuírem calefação. Temos, ainda, uma assinatura de TV digital, transporte 100% gratuito, além de uma merenda que é feita de acordo com um cardápio elaborado por nutricionistas”, elenca Mônica.
E a instituição também vai além de uma educação tradicional. Disciplinas especializadas são oferecidas aos alunos. As crianças de três a cinco anos possuem Inglês, Artes, Movimento, Informática e Música. Já as crianças de zero a dois anos estão envolvidas em dois projetos: ‘Estimulando e Crescendo’ e ‘Era uma Vez’. A escola também disponibiliza aulas particulares no contra turno como capoeira e ballet.
A diretora Marisangela Beazuti Triaca complementa que um dos futuros projetos é investir na formação para os pais. “Percebemos que quando as famílias têm segurança no que elas estão fazendo com os filhos, isso reflete positivamente na educação aqui na escola. As famílias precisam estar seguras sobre as formas de educar e desenvolver uma criança, e isso é um constante aprendizado”, valoriza Marisangela.

Reconhecimento
“Sempre fizemos o possível para realizar um bom trabalho, e agora o nosso reconhecimento veio”, comemora a secretária de Educação Mônica Corso Pan. Para ela, a Escola Professores Bôrtolo Bigarella e Idalino Vailatti, fundada em 2003, e que desde 2018 possui a creche, está alcançando seus objetivos. De fato, os dizeres da visão da instituição estão se concretizando: ‘Ser uma escola de referência que acredita no poder transformador da educação’. “Estamos muito felizes com a nossa classificação. Percebemos que o nosso trabalho e a nossa dedicação diária em busca de recursos e materiais está dando resultado. A educação é o bem mais valioso que podemos deixar para um ser humano. E com o esforço e a dedicação de um grupo tudo se alcança. Quando o resultado aparece, recebemos um ânimo a mais para seguir em frente e batalhar. Agora sabemos que estamos no caminho certo”, valoriza Mônica. 

O futuro da educação paduense
Com a divulgação dos dados, a importância da municipalização do ensino fundamental de Nova Pádua ganha ainda mais espaço no debate. O prefeito Ronaldo Boniatti enfatiza que o município está investindo na educação básica de acordo com o que a criança necessita, formando os jovens de uma forma global – o que pode ter continuidade quando deixam essa primeira fase de educação. “Investimos na educação infantil, temos todo um cuidado, mas temos uma preocupação que nos motiva ainda mais, que é o fato da continuidade. Por isso a municipalização do ensino fundamental é tão importante. Estamos fazendo a diferença para a criança que está na educação infantil e isso se perde no momento em que ela encontra algo totalmente diferente quando entra na escola estadual. Hoje nós podemos ser o município que mais investe em educação, mas também aquele que tem uma perda posterior”, enfatiza Boniatti. “Estamos estudando bastante esta questão. Acredito que o valor investido por aluno vai cair um pouco, pois o número de alunos vai aumentar. Hoje trabalhamos com 75 estudantes e, se municipalizarmos, vamos passar a atender em torno de 250 alunos. Mas a educação será excelente”, garante a secretária de Educação, Mônica Corso Pan.

E Flores da Cunha?

Conforme o ranking do Anuário Brasileiro da Educação Básica, o município florense está entre os 200 melhores colocados do Rio Grande do Sul, ocupando a posição de número 166 – no total são 487 municípios gaúchos. Conforme os dados, Flores da Cunha gasta R$ 6.092,82 por aluno ao ano e, em âmbito nacional, assume a 510º colocação.
Atualmente Flores da Cunha conta com cerca de 2,5 mil alunos nas 10 instituições municipais, compreendendo desde a educação infantil ao 9º ano do ensino fundamental. Conforme a secretária de Educação, Cultura e Desporto, Ana Paula Zamboni Weber, quatro são os pilares de investimento em Flores da Cunha: transporte escolar gratuito, valorização do profissional da educação, investimento em estrutura física e tecnológica e formação dos professores. “Os nossos investimentos sempre ultrapassam os 25% do orçamento, que são previstos em lei. Investimos nos professores com uma valorização na remuneração; investimento nas estruturas física e tecnológica das escolas, com aplicação inclusive em Robótica. O acesso do aluno à escola é para todos e totalmente gratuito”, complementa.
Para a titular da pasta, além da estrutura física, outro fator fundamental na educação é o humano. “Nós temos outro segmento importante na educação, que é a formação dos professores, pois sem dúvidas o recurso humano é muito importante”, elenca Ana Paula, que frisa que a educação municipal também é avaliada externamente, pelo governo. “Esse ranking é apenas um número. Precisamos observar e avaliar se o investimento está indo para o lugar certo e se esse valor está revertendo em qualidade e resultado na educação. Comparar municípios é muito complicado, uma vez que se envolvem orçamentos e números de habitantes e de alunos”, acredita a secretária.
Ana Paula frisa que, em Flores da Cunha, a educação vem sendo acompanhada e planejada para que todo o investimento feito seja revertido em qualidade no ensino.