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O futuro da agricultura pelas mãos das mulheres

Filhas de Celso Fabian, Carolina e Mariana, querem seguir os passos do pai

“Escolha um trabalho que goste e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida”. A frase do pensador Confúcio é literalmente vivenciada pela família Fabian, de Nova Pádua. Celso herdou do pai o amor pela agricultura e perpetuou esse sentimento para as filhas, Carolina, 21 anos, e Mariana, 17. “Nasci aqui e com certeza na cidade não quero morar, quero morrer aqui. Quero viver minha vida aqui na colônia, quero morrer na colônia e, se Deus quiser, quero morrer trabalhando. Meu pai tem 89 anos e sempre viveu aqui na colônia”, declara Fabian, falando do pai, Pasqual Gabriel Fabian.
Para ele, trabalhar na colônia é uma satisfação muito grande. “Eu peguei a época da transformação, quando o meu pai começou a largar de trabalhar com as mulas, com as carroças, e comprou um trator”, conta o agricultor que diz: “a tecnologia é muito grande na colônia. Mudou muito do tempo do meu pai para hoje, hoje tem herbicida, maquinário”, elenca Fabian. Ele conta que no tempo de seu pai, carpia todas as parreiras à mão e, por isso, tinham poucos hectares de parreira. “Nós somos sete irmãos e tínhamos só três hectares de parreira. Hoje, uma pessoa sozinha consegue cuidar de cinco hectares”, relata. 
E a mudança de pai para filho também é vista através das culturas cultivadas. A família, que não produz mais uva para indústria, passou a cultivar uva de mesa, transformando os parreirais antigos em cobertos, além da plantação de tomate, cebola e alho. “Hoje fizemos Ceasa, temos aviário também. O futuro é produzir o diferencial, porque o convencional todo mundo produz”, destaca Fabian. A mudança foi feita para aumentar a lucratividade. “Vendemos o nosso próprio produto e ganhamos mais do que se vendesse para a indústria”, afirma. 
Sobre as filhas, ele nunca insistiu para elas ficarem na colônia, mas com o amor que Celso mostra o trabalho, é difícil deixar de seguir seus passos. “Eu nunca disse ‘vocês têm que ficar na colônia’. Muitas vezes, pelo bem delas, eu acho que deveriam experimentar o trabalho na cidade para depois valorizarem mais o que se faz aqui”, enfatiza Fabian.
A filha mais velha, Carolina, está cursando Enfermagem, mas não quer seguir na profissão escolhida. “Na verdade, desde muito nova meu pai sempre nos incentivou a estudar para ter a nossa independência. Hoje eu faço enfermagem, penso em me formar, mas, ao mesmo tempo, eu não tenho aquele foco de ir trabalhar na enfermagem, eu penso muito em tocar o que temos aqui”, destaca a jovem, que acredita que, com todos os incentivos e tecnologias, ficar na colônia é muito melhor. 
Mariana, que está no 3º ano do Ensino Médio, ainda está em dúvida no que cursar na universidade, mas a ideia da Agronomia está bastante enaltecida. “Eu gosto disso, então cursando Agronomia já vou estar no caminho e vou poder auxiliar mais”, diz. 
E através da inspiração do pai e do avô, Carolina e Mariana pretendem seguir a mesma linha de cultivares. “Temos experiência e sabemos o que dá certo na nossa terra, mas, ao mesmo tempo, queremos estar sempre inovando e seguindo todas as tecnologias para melhorar cada vez mais o nosso trabalho e os nossos produtos. Sempre seguindo a base”, destacam as jovens. 
Orgulhosos, os três, unidos e seguindo os mesmos passos, acreditam que a agricultura ainda vai mudar muito. “A evolução está muito rápida, mas acho que a tecnologia maior vai ser em relação ao clima, para amenizar as perdas ocasionadas, como cobertura e irrigação”, acredita Celso, que finaliza: “o único medo que eu tenho do futuro é a falta de água e a mão de obra escassa”.  

Celso Fabian e as filhas Mariana e Carolina.  - Gabriela Fiorio
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