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O ato de bravura que valeu uma vida em Flores da Cunha

Amigos que foram ao Arroio Curuzu no dia 25 de fevereiro recordam de como salvaram costureira que quase se afogou

Passados 12 dias da enxurrada que provocou alagamentos e uma morte em Flores da Cunha, o jornal O Florense conversou com os amigos que salvaram a vida da costureira Libera Silveira Sgarioni, 46 anos, namorada do taxista Olásio Minetto, 57 anos, que teve seu carro arrastado pelas águas do Arroio Curuzu, na localidade de São Cristóvão no final da tarde do dia 25 de fevereiro. Libera também estava no Prisma que caiu no córrego e sobreviveu graças à bravura do marceneiro Dalzir Bones, 34 anos, e da pintora de móveis Elaine Vaz, 32 anos.

Os amigos ainda têm na memória todos os detalhes daquele fatídico dia. Os dois contam que no dia do temporal estavam na casa de Elaine, que fica próxima ao prolongamento da Avenida 25 de Julho, quando um vizinho que vinha de Caxias do Sul chegou dizendo que havia muita água no córrego próximo à Fábrica de Móveis Florense. Movidos pela curiosidade, os dois seguiram de carro até o local para ver de perto a força da água. “Nós estávamos passando bem devagar pela rua, quando, próximo ao arroio que passa pelo terreno da Florense, avistei alguém na água. Falei para o Dalzir, mas ele disse que era apenas um pedaço de madeira. Acontece que vi que ‘aquilo’ se mexia. Então, pedi para ele dar ré no carro e percebi que era, sim, uma mulher. Gritei para ele, que na hora parou o carro. Saímos correndo para ajudar”, relembra Elaine. “Ela gritava por socorro”, complementa Dalzir.

O marceneiro recorda que a distância entre a estrada, onde eles pararam o carro, até o local onde a pessoa estava era de aproximadamente 100 metros e que a água cobria todo o córrego. Sem pensar no perigo que corriam, os dois pularam a cerca e adentraram no terreno da fábrica para se aproximar da vítima, que estava sendo levada pela água. Naquele momento a água atingia os joelhos deles. “Ela tinha conseguido se agarrar na cerca quando chegamos perto. Então, erguemos a tela, cada um pegou em um braço e a puxamos para fora da água. Ela estava transtornada e vomitava muito. Não tinha força para ficar de pé. Só falava que o namorado dela estava na água e que nós tínhamos que tirar ele de lá. Acontece que nós não víamos nada, somente água, muita água”, conta Elaine.

Os amigos retiraram Libera do arroio e a levaram para a guarita da fábrica, onde foi socorrida por uma ambulância e levada para o Hospital Fátima. Depois, Bones e Elaine não a viram mais. No dia seguinte os dois receberam a notícia de que os bombeiros tinham retirado um carro de dentro do Curuzu e que, em seu interior, havia o corpo de um homem. “Quando recebemos a notícia ficamos muito tristes, pois gostaríamos de ter salvado os dois. Fizemos o que estava ao nosso alcance naquele dia, ou seja, salvamos uma vida. Quando chegamos ao arroio vimos muitas pessoas olhando e ninguém fazia nada. Então, acredito que não foi por acaso que fomos lá naquele dia”, diz a pintora.

Na tarde de ontem, dia 8, a equipe d’O Florense acompanhou os dois heróis em uma visita à casa da irmã de Libera, onde ela está temporariamente. Ainda abalada com tudo o que aconteceu, a costureira não quis falar sobre o assunto. Mas ela abraçou os dois e agradeceu pela coragem que tiveram naquele dia. “Esses são os anjos que me salvaram. Muito obrigada e que Deus ilumine vocês para sempre”, emocionou-se a sobrevivente.


Dalzir Bones e Elaine Vaz foram até o arroio no dia 25 de fevereiro movidos pela curiosidade. - Camila Baggio
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