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Número de escolinhas duplica em Flores da Cunha

Aumento nas opções para instituições que atendem de zero a cinco anos mostra que a vida estudantil está começando mais cedo

Uma necessidade sempre mais presente no cotidiano das famílias, trabalhar fora já não é função apenas do pai há muito tempo. As mães ganharam o mercado de trabalho, conquistaram cargos, porém, os filhos continuam necessitando de cuidados, estímulos e aprendizado. É nesta etapa da vida que entram as escolas infantis, locais com as mais diversas opções que geram um mercado de ensino que supre a demanda cada vez maior. Em Flores da Cunha, segundo dados da Fundação de Economia e Estatística (FEE-RS), em 2012 existiam seis estabelecimentos privados de educação infantil no município. Em 2013 o número dobrou para 12 escolinhas que atendem crianças de zero a cinco anos. A Secretaria de Educação, Cultura e Desporto atende no total mais de 800 meninas e meninos nesta faixa etária.

Nesta que é uma importante fase da vida de qualquer criança, com os primeiros contatos com o mundo, com outras crianças e com o ensino, é indispensável que os pais busquem um dia a dia saudável para os filhos, podendo sair de casa para trabalhar com a consciência tranquila. As escolas infantis não existem para substituir a babá ou apenas tomar conta das crianças, mas para proporcionar os primeiros aprendizados e estímulos desse ser humano, além da convivência com outras crianças. Estes motivos, somados com a necessidade dos pais em trabalhar para manter a renda familiar, resultam no crescimento do número de estabelecimentos estruturados e preparados para acompanhar os primeiros passos dos pequenos.

Exemplo disso é a pedagoga e empreendedora Vanessa Meneguzzo, que neste ano inaugurou a filial de sua escola de educação infantil, a Lua Encantada. Além da matriz, que fica no Centro e atende a mais de 90 pequenos alunos, a primeira filial construída no loteamento Granja União tem capacidade para mais 36 crianças, esta de zero a dois anos.

Ampliação do mercado
Professora há muitos anos, Vanessa percebeu ainda em 2010 que a procura por escolas infantis estava aumentando, ainda mais por opções diferenciadas e de qualidade. Neste ano adquiriu a matriz da Escola de Educação Infantil Lua Encantada. Daí por diante conquistou clientes e, quatro anos depois, viu a necessidade de atender mais pais. “A demanda maior que percebi era para crianças de zero a dois anos, por isso investi nessa área. No início do ano eram seis turmas nessa faixa etária, hoje são nove”, adianta Vanessa. A estrutura foi sendo ampliada conforme a necessidade, assim como o quadro de funcionários, que tem 15 professores.

Para Vanessa, a busca cresce porque os pais, principalmente as mães, estão trabalhando mais, além de Flores da Cunha receber muitos novos moradores em busca de emprego. “A maioria dos meus clientes vem de outros municípios, chegam aqui em função do trabalho e logo procuram uma escola para os filhos. Temos, inclusive, muitas matrículas feitas pela internet de famílias que vão se mudar para cá”, conta a pedagoga.
Entre as principais preocupações dos pais está o espaço da escola, além de cuidados com alimentação e saúde e, depois, os diferenciais como aulas e atividades. “Hoje as escolas infantis não são creches como antigamente, mas sim lugares de aprendizado e estímulo. Entre as exigências dos pais está o espaço físico. Por morarem na maioria em apartamentos, buscam espaço para as atividades, além da higiene, saúde e alimentação. Depois buscam informações sobre psicóloga, nutricionista, fonoaudióloga e atividades extracurriculares como musicoterapia, inglês, informática, jardinagem, culinária, balé, futsal e capoeira”, enumera Vanessa.

Foto/Camila Baggio

Vanessa Meneguzzo percebeu a oportunidade de negócio e ampliou a estrutura da sua escola.


Escola a partir dos quatro anos de idade

Está na legislação e prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB): a partir de 2016 todos os municípios brasileiros deverão matricular crianças a partir dos quatro anos para o início da vida escolar. Em Flores da Cunha o cumprimento da legislação já iniciou. Das oito instituições municipais, quatro localizadas no interior já atendem à educação infantil (Benjamin Constant, no Travessão Rondelli; Francisco Zilli, em Otávio Rocha; Rio Branco, na Linha 100; e Tiradentes, em São João).

Outros quatro colégios estaduais (Pedro Cecconelo, de São Gotardo; Horácio Borghetti, de São Cristóvão; Antônio Soldatelli, de Nova Roma; e Antônio de Souza Neto, de Mato Perso) contam com professores do município para alunos nessas idades. Somando essas instituições, juntamente à Escola de Educação Infantil Irmã Tarcísia, são 500 alunos atendidos pelo município na faixa de zero a cinco anos.

Além dessas vagas, a Secretaria de Educação, Cultura e Desporto adquire vagas nas escolas infantis privadas para as crianças do Centro. São mais 346 postos para meio turno ou turno integral. O auxílio vai de acordo com as condições econômicas da família, podendo ser pago integralmente ou 50%; meio turno ou o turno integral. O valor pago por vaga varia de R$ 135 a R$ 464. “Na maioria das vagas a prefeitura paga 100% do valor. O investimento por ano é estimado em R$ 680 mil, recursos da prefeitura”, complementa a secretária de Educação, Ana Paula Zamboni Weber.

Atualmente, a obrigatoriedade de ensino é a partir dos seis anos de idade, porém, alguns pedidos que chegam por meio da Defensoria Pública ou Ministério Público devem ser cumpridos. “A Constituição prevê o direito à educação quando o cidadão necessita dela, então no município acabou se universalizando o atendimento. Mesmo em 2016, com a obrigatoriedade a partir dos quatro anos, não sabemos como será o repasse aos municípios referente a esses investimentos”, diz Ana Paula.



Para a secretária, a ascensão nas opções de escolas infantis é o mesmo reflexo sentido dentro da administração pública, que aumenta a procura de vagas ano após ano, principalmente na faixa de zero a três anos. Para ter a compra de vagas da prefeitura, a escola precisa estar credenciada e aprovada pelo Conselho Estadual de Educação. “Até um ano atrás tínhamos bastante espera para conseguir uma vaga nessas instituições privadas, mas agora não existe mais esse problema porque a área cresceu muito, afinal, a cidade está crescendo. Contudo, de acordo com estudos, o melhor atendimento da criança até três anos é em casa, com o seu espaço próprio. Por óbvio temos o mercado de trabalho e a maneira como a sociedade está estruturada atualmente, fazendo com que as crianças iniciem sua vida escolar mais cedo”, complementa Ana Paula, que explica que os primeiros anos de ensino são importantes e determinantes para a formação da criança. “O estímulo que elas recebem neste período é que vai favorecer a alfabetização e a aprendizagem depois, por isso é necessário trabalhar com o lúdico. Criança tem de ser bem cuidada, com horário para dormir, para fazer as refeições e brincar bastante. Não é entrar direto em um processo pedagógico com atividades. É o estímulo certo para cada idade”, avalia Ana Paula.

Nova creche municipal
Com o objetivo de aliviar a demanda da educação infantil, a prefeitura iniciou a construção de uma nova creche municipal em 2013. Com capacidade para 224 crianças em turno simples ou 112 em turno integral, o local, que fica no bairro São José, ao lado da Apae, deve ter a conclusão da parte física em janeiro de 2015. Porém, para começar a receber crianças, deve aguardar a vinda de equipamentos por parte do governo federal, o que não tem prazo para acontecer. Até agora a prefeitura recebeu climatizadores e móveis como classes e cadeiras. O investimento total é de R$ 1,72 milhão, sendo R$ 398,5 mil dos cofres municipais.


Aumento da procura se deve porque pais estão trabalhando mais e o município recebe novos moradores em busca de emprego. - Camila Baggio
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