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Número de cartões do SUS supera população em Flores

Embora a estimativa populacional seja de 30 mil pessoas, 37 mil estão cadastradas, reflexo de uma saúde pública com cada vez mais demanda

A quantidade de cartões do Sistema Único de Saúde (SUS) ativos em Flores da Cunha destoa e preocupa o poder público quanto à crescente demanda pelo serviço. Embora a estimativa de população seja, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 30.430 pessoas, 37.171 estão cadastradas no sistema. O problema já foi maior, quando havia 45 mil cartões. A redução ocorreu após a Secretaria de Saúde realizar um pente-fino e, quando atualiza os cartões durante os atendimentos, evita que pessoas de outras cidades obtenham o documento. O número é um reflexo do aumento de demanda pela saúde pública – no município estima-se crescimento de 30% nos atendimentos nos últimos dois anos. 

O secretário de Saúde, Vanderlei Stuani, explica que o SUS é um sistema universal, por isso o atendimento para consultas não pode ser negado a nenhum paciente que procura o Centro de Saúde ou as Unidades Básicas (UBS). Porém, serviços como exames e retirada de medicamentos são destinados apenas para quem possui o cartão SUS. “Realizamos a atualização do cartão mediante os documentos que comprovem a residência no município. Com isso temos ‘limpado’ muitos cartões, levando em conta que o atendimento nunca é negado, mas outros serviços devem ser buscados na cidade de origem do paciente. Estamos protegendo a população local e seu acesso à saúde pública”, argumenta Stuani. Embora seja possível identificar as fraudes, não há uma punição para quem tentar burlar o sistema.

Procura crescente
A perda de emprego e a desistência dos planos de saúde contribuíram para a demanda pelos serviços do sistema público de saúde em Flores da Cunha. Para o secretário da pasta, Vanderlei Stuani, nos últimos dois anos a procura cresceu mais de 30% no município, contando com os atendimentos no Centro de Saúde e nas seis Unidades Básicas. “Isso ocorre por fatores como a perda de emprego, que garantia o plano de saúde, além do aumento no custo dos planos, o que fez muitas pessoas abandonarem o sistema privado e buscarem a saúde pública”, complementa.

A Secretaria tem uma média mensal de 9 mil consultas, entre atendimentos de enfermagem e médicos; e mais de 7 mil pessoas que utilizam a farmácia municipal todos os meses. “A demanda é enorme e aumentou assustadoramente nos últimos dois anos, tanto no Centro como nos bairros e interior”, aponta Stuani, que garante que diariamente são atendidos pacientes de outros municípios nas consultas.

Com esse aumento no número de pacientes, alguns serviços acabam ficando deficitários, como é o caso dos atendimentos em traumatologia eletiva, como cirurgias de coluna, de prótese de quadril e joelhos, por exemplo. Atualmente, mais de 50 florenses aguardam na fila para realizar algum desses procedimentos. “A traumatologia é nosso grande gargalo hoje. Atendimentos de urgência e emergência, tanto na alta como média complexidade, estamos mantendo, mas nessas cirurgias eletivas de traumato, onde os valores são mais expressivos e precisamos do auxílio do Estado, infelizmente não estão acontecendo, nos deixando bem deficitários. Mas tem dias em que temos dificuldades em atender toda a população até mesmo em consultas. São reflexos de uma demanda que aumenta constantemente”, argumenta o secretário.

Investimento cresceu mais de R$ 6 milhões
Com a procura pelos serviços da saúde pública crescendo, o orçamento da administração pública também precisou se ajustar à necessidade da população. De acordo com dados da Lei Orçamentária municipal (disponíveis para pesquisa no site da prefeitura) nos últimos cinco anos Flores da Cunha aumentou em 4,73% o percentual previsto da receita aplicada em ações e serviços da saúde – passou de 15,34% (R$ 8,5 milhões) em 2014 para 20,07% (R$ 14,9 milhões) na previsão de 2018. A Lei 141/2012 determina que os municípios invistam o percentual mínimo de 15% de sua arrecadação em ações de saúde.

De acordo com o prefeito Lídio Scortegagna, até o mês de setembro a prefeitura fechou em R$ 10,6 milhões os investimentos em saúde, representando um índice de 18,34%. “Em outras épocas, quando o recurso era menor, se investia em outras áreas, o que não deixamos de fazer agora, mas priorizando a saúde, até porque não podemos deixar que faltem recursos, principalmente para o atendimento básico que vemos que cresce a cada dia, inclusive pela procura de pacientes dos municípios vizinhos”, acredita Scortegagna. 
A saúde, ao lado da educação, são as duas áreas que mais recebem aumento de investimentos. “Esses mais de 20% que vamos alcançar na saúde acabam representando um valor bem investido, mantendo o bom atendimento. E conseguimos conter esse aumento nas contas públicas principalmente com a folha de pagamento, que teve redução em função do novo plano de carreira que aprovamos. Por isso, vamos manter esta mesma linha de investimentos até porque, mesmo assim, estamos entregando obras boas e de porte”, finaliza Scortegagna.

Como fazer o cartão SUS
Quem precisar fazer seu cartão SUS pode ir até o Centro de Saúde Irmã Benedita Zorzi de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30min e das 13h30min às 17h. Os documentos necessários são CPF (inclusive para crianças e recém-nascidos); Identidade; e comprovante de residência (recibos de luz, água ou telefone fixo em nome da pessoa que vai fazer o cartão). Em caso de mudança de município, as três contas são necessárias e, caso o paciente não possua algum desses comprovantes, pode ainda ter como opção atestado de matrícula escolar dos filhos menores; Cartão Família ou contrato de aluguel (registrado em cartório).

Não são aceitos como comprovantes de residência carnê de lojas, carta pessoal, conta de banco, declaração de residência ou Carteira de Trabalho. Informações pelo telefone 3292.6800.
 

Centro de Saúde tem movimento intenso para consultas e exames. - Camila Baggio
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