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Não se esqueça de usar filtro solar neste verão

Ao mesmo tempo em que o sol é muito importante para a vida, ele pode ser nocivo. Saiba como se prevenir

No início dos anos 2000 um vídeo traduzido pelo jornalista e escritor Pedro Bial chamou atenção de grande parte da população porque dizia: “Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro seria: usem filtro solar”. O texto musicado foi muito reproduzido na época e faz sentido até hoje. Nunca se falou tanto em se proteger do sol, ainda mais no Rio Grande do Sul, área perigosa devido à posição geográfica.

A Capital gaúcha fica sob um ‘buraco’ da camada de ozônio, dificultando a filtragem dos raios ultravioletas que são emitidos pelo sol alertando a todos quanto à exposição solar. A radiação destrói os fragmentos do DNA que são sinal para a produção de tirosina, que é o início da produção de melanina, responsável pela proteção da pele contra os raios UV. Os cuidados com o sol devem ser permanentes, mas com a chegada do verão a atenção deve ser redobrada. A farmacêutica Verônica Sickert Kaltbach alerta para a prevenção de envelhecimento da pele causado pelo sol até doenças graves como o câncer de pele.

O filtro solar tem em sua composição proteção química e bloqueador físico, e pode ser encontrado em loção, gel e até mesmo em spray. A farmacêutica indica o modo loção ou gel, sempre levando em conta o tipo de pele. Por exemplo, pessoas de pele oleosa devem optar pela versão em gel e oil free, e para peles normais e secas recomenda-se o produto em creme. “Levando em conta que nossa pele não é uniforme, devemos cuidar para que o produto, seja gel ou loção, fique bem espalhado”, ressalta a profissional, que produz a versão em gel na farmácia de manipulação Bella Salute, em Flores da Cunha.

Ao mesmo tempo em que o sol é muito importante para todas as formas de vida, com os danos à camada de ozônio, o sol também pode ser nocivo à saúde. Isso por que os raios solares atinjam as camadas da pele, podendo causar manchas, envelhecimento e até mesmo câncer. O principal deles é o UVA, que dá tonalidade à pele – este também é usado nas máquinas de bronzeamento, proibidas devido ao perigo da exposição gradual.

Os raios UVB são mais curtos e têm maior incidência no verão. Eles causam queimaduras e vermelhidão na pele. Os raios UVC são os mais perigosos e ainda são contidos pela camada de ozônio. “A pior consequência da exposição ao sol é o câncer de pele, e como a doença tem seu início na camada mais profunda da pele pode demorar anos pra aparecer”, alerta Verônica. O fator de proteção solar é indicado por números, desde os menores, FPS15, que representam menor porcentagem de proteção, até FPS60 ou mais, com percentual de proteção maior. “Quanto maior o FPS, melhor é a proteção, porém, deve-se observar que a partir do fator 30 o aumento percentual é mínimo, e o custo do produto aumenta muito. A dica é caprichar na quantidade e repassar o produto a cada duas horas”, indica a farmacêutica. A quantidade exata vai depender do produto e da sua espalhabilidade, assim como o tipo de pele.

Os filtros encontrados no mercado devem apresentar 90% de garantia no fator dito no rótulo, e todos eles devem ter proteção UVA e UVB. Conforme Verônica, a diferença entre protetor e bloqueador solar é que acima de FPS30 é considerado bloqueador. “Os fatores menores também protegem, porém o tempo de exposição solar com efeitos danosos a pele é bem menor, e o bloqueador tem maior percentual de absorção dos raios UV, aumentando o tempo de exposição solar”, explica.

O câncer de pele
O câncer de pele não melanoma é o mais frequente no Brasil – corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no país. Se diagnosticado precocemente apresenta altos percentuais de cura. Já o câncer melanoma é considerado mais grave devido à alta probabilidade de metástases (formação de novas lesões tumorais).

Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Rio Grande do Sul está entre os Estados que apresentam maior incidência de câncer de pele. “A descendência europeia com pele clara é a mais prejudicada pelo sol e o nosso Estado tem essa característica. O trabalho rural também eleva os índices, sem falar da área de risco devido ao comprometimento da camada de ozônio”, destaca a farmacêutica Verônica Kaltbach.

Para complementar a proteção nos dias de calor a dica é fazer uso de chapéu, óculos de sol com lentes de proteção UV, e principalmente nas crianças apostar em roupas com tecido de proteção solar. “As doenças de pele como envelhecimento, manchas e até o câncer podem ser prevenidos com o uso de filtro solar. Está ao nosso alcance com o hábito da proteção solar”, frisa a profissional, lembrando que as pessoas não devem se arriscar a ‘pegar um bronze’ com misturas caseiras, que podem ser perigosas e causar lesões graves na pele.


Entenda

A tabela indica o Fator de Proteção Solar (FPS) e a radiação que ele absorve para proteger a nossa pele:

FPS – Radiação absorvida
2 – 50%
8 – 88%
15 – 94%
30 – 97%
45 – 97,8
60 – 98,5%


Dicas para garantir um verão
saudável com a pele protegida


– Evite a exposição solar no horário entre 10h e 16h. Este é o intervalo de maior intensidade de radiação ultravioleta.

– O protetor solar deve ser aplicado meia hora antes da exposição solar, só assim ele estará protegendo a pele. Se aplicar o produto já no sol, ficará desprevenido pelo período do produto agir.

– Cuidado com a luz refletida. A luz do sol refletindo no mar, areia ou concreto atinge a pele mesmo estando na sombra.

– Crianças precisam de mais proteção: até os seis meses de idade evite exposição direta ao sol nos horários críticos.

– Queimaduras solares na infância e adolescência aumentam o risco de câncer de pele no adulto.

– Durante a gravidez o uso de protetor solar é importante para a prevenção de melasma (manchas escuras na pele).

– Use também protetor solar labial e capilar, além de óculos escuros com lentes de proteção UV.


Onde surgiram os filtros solares?

– Devido ao clima tropical e colonização predominantemente europeia, a Austrália sempre sofreu muito com o sol, apresentando altos índices de câncer de pele. Foi um químico australiano, Milton Blake, o primeiro a tentar criar um filtro solar efetivo, mas as inúmeras tentativas não deram certo.

– Por volta de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, os soldados sofriam sérias queimaduras solares na Europa. Um farmacêutico chamado Benjamin Greene criou uma substância vermelha e viscosa, similar à vaselina, que funcionava como bloqueio físico dos raios solares por meio de um produto originário do petróleo. Este foi o começo das pesquisas que chegaram aos modernos protetores utilizados nos dias de hoje.


 - www.freeimages.com/Divulgação
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