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Motorista é condenado a 30 anos de prisão

Somadas as penas, Gilnei Antunes Boeno foi condenado a 30 anos de prisão pelo atropelamento do pedestre Claudir Lazzari em 2015

Terminou por volta das 17h30min de ontem, dia 14, depois de sete horas de debate envolvendo acusação e defesa, o julgamento do motorista Gilnei Antunes Boeno, 36 anos. O réu foi levado a júri popular pelo Tribunal de Júri da Comarca de Flores da Cunha por tentativa de homicídio qualificado e lesão corporal de Claudir Lazzari, 49 anos. As penas somadas chegam a 30 anos, sendo 27 anos de reclusão e três anos de detenção. A princípio o acusado, que já cumpre pena há quase três anos na Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, no distrito de Apanhador, deverá seguir no regime fechado. O julgamento ocorreu no Salão de Júri, no Fórum florense.

Durante a oitiva, Lazzari foi a primeira pessoa a ser ouvida. Ele chegou ao Tribunal do Júri em uma cadeira de rodas. A vítima relatou ao juiz que quase nada lembrava do atropelamento e não conhecia o réu. Questionado se teria visto o carro indo em sua direção, ele disse que recordava apenas o momento que estava tentando atravessar a rua, quando “veio a luz e me levou”, relatou. Em seu depoimento, Boeno negou que, momentos antes do atropelamento, tivesse brigado com a ex-companheira – que teria sido o motivo da tentativa de homicídio.

Ele declarou que depois de ter sido agredido por um grupo de pessoas que estariam com a ex-namorada, foi até o carro com a intenção de ir ao hospital para ser medicado, e que no caminho, no momento que se abaixou para pegar uma toalha, se distraiu, não percebendo que havia atropelado uma pessoa. Perguntado pelo juiz porque passou várias vezes pelo mesmo local, o motorista respondeu que pretendia ver o que havia ocorrido.

Já o promotor Stéfano Lobato Kaltbach foi enfático durante as mais de duas horas de discurso entre réplica e tréplica. Usou a emoção para lembrar da vida que Lazzari levava antes do atropelamento e agora, após os fatos, depois de passar por uma dezena de cirurgias. Kaltbach pediu aos jurados a condenação do autor do crime, que agiu de forma proposital, por motivo fútil e de forma que dificultou a defesa da vítima, que sofre de epilepsia e está em cadeira de rodas. “Ele precisa ficar preso por um bom tempo”, declarou o promotor.

Após ouvir a sentença, o defensor público Juliano Viali dos Santos manifestou interesse em recorrer da decisão. O mesmo deverá ocorrer com o Ministério Público, que tentará aumentar a pena. Conforme a irmã de Claudir, Sali Lazzari Marcolina, mesmo que os danos causados jamais sejam reparados, “pelo que ele (o acusado) fez acho que pena imposta é justa”, declarou.

Para lembrar
O crime pelo qual Gilnei Antunes Boeno foi condenado ocorreu no dia 9 de agosto de 2015, na Rua Barros Cassal, quase esquina com a Borges de Medeiros, no Centro da cidade. Na ocasião, Lazzari foi atingido pelo Escort placas ICK-0584 dirigido por Boeno, quando tentava atravessar a Rua Barros Cassal por volta das 21h30min. Com o impacto, o pedestre foi projetado a cerca de 20 metros de distância do local do acidente. A cena foi gravada por um morador, postada nas redes sociais e logo ganhou notoriedade pela violência. Após o atropelamento, o condutor retornou com o veículo pela mesma rua, quase passou sobre o corpo de Lazzari e ingressou na Rua Borges de Medeiros.

O carro subiu na calçada e quase atropelou um grupo de pessoas – entre elas a ex-companheira de Boeno –, com a qual o acusado havia brigado. O Escort chocou-se contra um poste da rede elétrica e, revoltados, populares agrediram Boeno com pedaços de madeira e chutes ainda dentro do carro.

Claudir Lazzari sofreu várias fraturas e passou 236 dias hospitalizado, a maior parte do tempo em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e foi submetido a mais de 10 cirurgias. Na sentença de pronúncia, o Ministério Público enquadrou Boeno como incurso nas sanções previstas nos artigos 14, 61 e 129 do Código Penal, com diversos agravantes. A sessão foi presidida pelo juiz Roberto Laux Junior e na acusação atuou o promotor Stéfano Lobato Kaltbach. A defesa do réu esteve a cargo do defensor público Juliano Viali dos Santos.

Promotor Stéfano Lobato Kaltbach atuou na acusação do réu e usou da emoção para lembrar das consequências do acidente para a vítima Claudir Lazzari. - Antonio Coloda
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