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Morte de diarista chama a atenção para crimes contra a mulher

Até o momento, 91 ocorrências foram registradas na Delegacia de Polícia relacionadas à Maria da Penha

A delegada Aline Martinelli deve concluir nas próximas semanas o inquérito sobre o incêndio que resultou na morte de Maria José Wolff, em Flores da Cunha, na sexta-feira, dia 17. O corpo da diarista de 39 anos foi encontrado carbonizado no que sobrou da residência localizada na Rua Dom Finote, no bairro São José, depois que as chamas consumiram totalmente o andar superior da moradia. A perícia preliminar apontou que Maria apresentava sinais de agressão e traumatismo craniano. 
Conforme Aline, a suspeita é de que ela tenha sido morta pelo companheiro, de 43 anos, com quem vivia há alguns anos. O homem foi preso no sábado, dia 18, e encaminhado à Penitenciária Estadual do Apanhador, em Caxias do Sul. Acompanhado de um advogado, ele reservou-se o direito de falar apenas em juízo. A Polícia Civil aguarda os laudos periciais.
Natural de São Joaquim (SC), a doméstica chegou em Flores em 2013, acompanhada de dois filhos, um menino e uma menina que atualmente têm 15 e nove anos. O filho mais velho, Cristoffer Souza, hoje com 23 anos, veio no ano seguinte e morou com a mãe até 2019, quando decidiu viver em outra residência com a namorada.
Souza, que é montador de móveis, diz que as discussões entre a mãe e o companheiro eram frequentes. Ele conta que na noite de quinta-feira, dia 16, estava na casa de Maria quando o companheiro dela chegou com sinais visíveis de embriaguez. Segundo o jovem, houve uma briga verbal entre a mãe e o homem. “Eu não queria presenciar isso e falei que ia para casa e que tinha que trabalhar no outro dia. Fui embora. Acredito que era umas 21h. Lá pelas 23h, recebo uma mensagem do meu irmão dizendo que a mãe tinha brigado e estava em Caxias. Aí eu chamei ela para conversar. Pra mim ela não dava todos os detalhes, mas o meu irmão passou pra mim que ela estava com dores no pescoço e que era bem provável que ele devia ter tentado enforcá-la. Daí ela acionou a polícia, que levou os dois para Caxias onde ela fez o boletim de ocorrência contra ele. A viatura trouxe os dois juntos (de volta para Flores da Cunha). Deixaram a minha mãe na casa dela e levaram ele para uma parente dele”, conta o filho.
Antes de Maria e o companheiro serem levados para Caxias, seu ex-marido, o eletricista Paulo Bailker, esteve na casa para buscar os dois adolescentes.
De acordo com a Polícia Civil, no dia do incêndio o suspeito afirmou que não havia retornado à casa após a discussão. Na delegacia, ele relatou que, depois da briga, ficou na casa de uma tia, no interior do município. O fato foi confirmado pela parente, porém, durante a investigação, os policiais descobriram, por meio de imagens de câmeras, que ele teria retornado para a residência de Maria antes do incêndio e deixado o local logo após o início do fogo.


O crime é tratado como feminicídio. Aline irá representar ao Poder Judiciário pela conversão da prisão temporária, cujo limite é de 30 dias para crimes hediondos (homicídio e estupro), para preventiva, esta sem  prazo pré-estabelecido. O corpo de Maria foi sepultado em São Joaquim.

O último caso de feminicídio registrado em Flores da Cunha foi o assassinato da operadora de injetora Salete Witolowski, 36, em novembro de 2017, no bairro Villagio.

 

Maria José Wolff. - Facebook/ Reprodução
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