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Metalbus de portas fechadas desde setembro de 2014

Empresa que fabrica a marca Maxibus está com a produção parada, resultando em dívidas trabalhistas, tributárias e com fornecedores. Metalúrgica está em recuperação judicial desde 2008. Cerca de 120 trabalhadores estão sem receber salários

Instalada desde 2006 no Travessão Marques do Herval, na Linha 80, a Metalbus Indústria Metalúrgica, também conhecida pela marca Maxibus, está de portas fechadas e a produção paralisada desde setembro do ano passado. O empreendimento que fabrica carrocerias para três diferentes segmentos de ônibus (rodoviário, urbano e micro-ônibus) chegou a ocupar o 9º lugar no ranking das 50 maiores empresas de Flores da Cunha, segundo dados do Perfil Socioeconômico. Porém, em 2015, ainda luta para superar o processo de recuperação judicial aberto em 2008. Cerca de 120 funcionários estão sem trabalhar. Alguns deles procuraram o jornal O Florense na semana passada para relatar que estão sem receber salários, 13º e férias desde setembro passado.

Para o administrador judiciário José Paulo Soares, designado pela Justiça para acompanhar o processo de recuperação da Metalbus, o cenário apresenta uma crise no setor de produção de ônibus, com pouca venda e, consequentemente, poucos empresários interessados em investir na área, o que tem dificultado a missão de reativar a empresa. “De setembro para cá temos tentado algumas ações com o objetivo de prosseguir com as atividades do empreendimento. Buscamos sócios, parceiros, aluguéis, ou qualquer outra alternativa para viabilizar a produção, mas até agora não tivemos sucesso”, disse Soares. Ele complementa que a Metalbus está fechada, zelada por seguranças e que “os recursos que a empresa tinha estão lá dentro, no processo de produção e precisariam ser concluídos para poder virar dinheiro e absorver algumas dessas dívidas”.

Segundo o administrador judicial, a recomendação é que os trabalhadores busquem uma recolocação profissional no mercado de trabalho, além de alguns já terem procurado seus direitos trabalhistas. “Tenho recebido as sentenças de alguns processos, porém, eles não estão sendo liquidados pela absoluta falta de recursos. A real situação é essa: a empresa está fechada e existem esforços para reativá-la, mas se não tivermos sucesso nisso, cabe ao administrador judicial requerer a falência e, então, todos entram numa fila de espera. A verdade é que em um processo de falência todos perdem, é um processo de perdas”, garante Soares. A direção da Metalbus foi procurada pela reportagem do jornal O Florense por telefone, mensagem de texto, email e na portaria da empresa, porém, não obteve retorno.

Sobre o caso
O Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul interveio na relação empresa x funcionários em julho do ano passado. De acordo com a entidade classista, por meio de seu presidente Assis Melo, foi feito um primeiro acordo de pagamento. Em agosto a empresa se comprometeu em regularizar os salários dos funcionários, que poderiam se ausentar do trabalho até a regularização. No início de setembro a empresa alegou dificuldades financeiras e falta de produção. O Sindicato interveio pedindo a paralisação da produção, que acabou não sendo retomada. “Para uma empresa que estava enfraquecida, tivemos certa intolerância por parte do Sindicato”, menciona o administrador Soares. O Sindicato encaminhou a demanda para a Justiça do Trabalho, que retornou de recesso nos últimos dias.

O gerente regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de Caxias do Sul, Vanius João Corte, explica que nesta semana o órgão procurou responsáveis pela empresa para a emissão de uma notificação. “Quando a empresa faz um pedido de recuperação, semelhante a antiga concordata, ela recebe alguns benefícios como a suspensão de prazos de dívidas e o juiz nomeia um administrador judicial. Na ausência dos proprietários, ele recebe essa notificação”, explica o gerente. A recuperação judicial abrange dívidas trabalhistas, tributárias e de fornecedores, buscando a retomada do empreendimento.

Informações sobre o caso podem ser obtidas junto ao Sindicato dos Metalúrgicos – (54) 4009.8300 ou no Ministério do Trabalho – (54) 3221.3116.


Problemas em 2008

Instalada em Flores da Cunha há nove anos, a Metalbus chegou a produzir 60 unidades por mês, entre carrocerias para ônibus rodoviários, urbanos e micro-ônibus. Ocupou lugar de destaque nas empresas de maior faturamento no município, porém, em 2008 a direção da metalúrgica entrou com um pedido de recuperação judicial, que foi aprovado pelos credores e homologado pelo Poder Judiciário. Na época, a queda do dólar obrigou a metalúrgica a suspender a exportação, o que resultou em problemas financeiros, já que a Metalbus exportava 100% da produção para Chile, Venezuela, Equador, Peru, América Central, África e Árabia Saudita. Neste período, a empresa quase fechou as portas, dispensou mais de 270 funcionários e acumulou dívidas trabalhistas e com fornecedores. Após, a Metalbus retomou os negócios e, em 2010, tinha produção de um ônibus por dia, média de 20 unidades mensais.


Não há previsão para que metalúrgica volte a produzir ônibus na Linha 80. - Camila Baggio
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