Geral

Medicamentos têm reajuste de 10,89% em abril

Farmácia Básica, Especializada e Solidária são algumas das alternativas para minimizar os impactos causados pelo aumento de preço

Um assunto que vem sendo muito discutido desde o fim de março é o reajuste nos preços dos medicamentos. Em publicação no Diário Oficial, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) – que é o órgão interministerial responsável pela regulação econômica do mercado de medicamentos – havia anunciado, ainda no primeiro dia do mês, um aumento de até 10,89%, o qual deixou o valor dos remédios acima da inflação do ano anterior – em 2021, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 10,06%.
O impacto desse reajuste, que afeta diretamente os medicamentos, não só chega até o bolso do consumidor, mas também nas aquisições da Farmácia Básica Municipal. De acordo com a farmacêutica do Centro de Saúde Irmã Benedita Zorzi, Lívia Soldatelli Oliboni, a CMED regula o teto do preço pelo qual a administração pública pode adquirir remédios, além do valor máximo a ser repassado para o paciente. Já o fabricante/fornecedor é livre para alterar seus preços, desde que não ultrapasse o teto permitido pela regulação. 
A fórmula de reajuste máximo inclui um índice geral de inflação da economia, sujeito a descontos ou acréscimos que variam em função dos níveis de concorrência do segmento de mercado, no qual o fármaco se insere. “Mesmo com essa regulação de preços, que além de proteger o consumidor, tenta reduzir o impacto de gastos com medicamentos sobre as contas públicas, o aumento é evidente e tem um impacto direto, tanto nas aquisições públicas, quanto no bolso do consumidor”, explica Lívia.
Para minimizar o reflexo desse acréscimo – que vem acompanhado de tantos outros nos mais diversos segmentos – cada vez mais os pacientes buscam alternativas para economizar na hora da compra de remédios. Entre elas, em Flores da Cunha, a população pode contar com a Farmácia Básica Municipal, a Farmácia Especializada e a Farmácia Solidária. De acordo com a farmacêutica do Centro de Saúde, a Farmácia Básica oferece uma grande quantidade de remédios: “Disponibilizamos uma variedade de medicamentos que são considerados essenciais para as doenças e problemas de saúde que acometem a maioria da população, tais como: diabetes, hipertensão, depressão, dislipidemia, hipotireoidismo, dor, infecções, entre outras”, informa, ao mesmo tempo em que ressalta que a unidade conta com 214 tipos de medicamentos.
Lívia também explica que os remédios podem ser retirados na UBS mais próxima do paciente, mediante apresentação do Cartão SUS de Flores da Cunha e receita médica e/ou odontológica válida. “São aceitos receituários emitidos por profissionais habilitados vinculados tanto ao serviço público quanto privado, desde que sejam prescritos medicamentos pela Denominação Comum Brasileira (nome do princípio ativo do fármaco), respeitando-se todas as regulamentações e protocolos da Assistência Farmacêutica, definidos pelo SUS, sob gestão municipal”, esclarece, lembrando que para a retirada dos medicamentos de controle especial também é necessária a apresentação de documento de identidade e/ou CNH. Esses medicamentos, em específico, são dispensados apenas na UBS Central e para responsáveis maiores de 18 anos.
A Farmácia Básica também permite que os medicamentos sejam retirados por outra pessoa, além do paciente, neste caso o responsável precisa ter idade mínima – maior de 16 anos para remédios em geral e, menores de 18 anos, exceto se emancipado, para os de controle especial – além de estar munido da prescrição médica/odontológica válida, do cartão SUS de Flores da Cunha do mesmo usuário que consta no receituário e de documento de identificação com foto (RG ou CNH). 
Para ter acesso aos fármacos,  o paciente deve ser morador do munícipio e apresentar o cartão SUS válido. A pessoa que reside em Flores da Cunha há mais de três meses e ainda não possui cartão SUS, pode agendar a emissão do mesmo por meio do setor de Cartão SUS, junto ao Centro de Saúde, localizado na Rua John Kennedy, 2151, no bairro Centro. Os atendimentos da Farmácia Básica ocorrem de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30min e das 13h15min às 17h 30min. Mais informações também podem ser adquiridas por meio do telefone (54) 3292 6800, pelos ramais 820 e 827.

A opinião dos florenses

Apesar da ampla linha de medicamentos disponíveis na Farmácia Básica Municipal, nem sempre é possível encontrar o prescrito pelo médico. Durante visita ao Centro de Saúde, o jornal O Florense conversou com dois munícipes para verificar como está o atendimento e saber se eles teriam conseguido o que estavam procurando. 
Um deles é Lorinei Antonio de Araujo, que utiliza seguidamente o seviço: “Eu vim buscar um medicamento porque passei agora por um médico e vim saber se tinha os remédios aqui antes de ir para a farmácia. Infelizmente não tem, mas eu já fui muito bem tratado aqui em outras vezes que vim, também. Até eu retiro mensalmente remédios para o meu filho e todas as vezes teve”, relata. 
Outro caso também é o de Rafaela Dalátea Espindola: “Eu vim buscar antibiótico, xarope e remédio para dor e febre. Encontrei alguns e outros não, o antibiótico eu não consegui. Mas eles são bem gentis, o atendimento é bom”, conta a jovem, que retirou medicamentos para a filha.

Farmácia Especializada

Além da Farmácia Básica Municipal, o município também conta com a opção da Farmácia Especializada. Essa unidade é resultado de um trabalho em conjunto entre o município e o estado, por isso os medicamentos ali encontrados têm valores um pouco acima dos oferecidos na Básica. Ela é uma alternativa para quando o paciente não consegue atingir as metas terapêuticas com o que existe na Básica, precisando utilizar algum componente especializado.
Nesses atendimentos, porém, a retirada dos remédios não é de livre demanda – situações em que a pessoa chega e leva o medicamento. Para poder usar esse serviço o paciente precisa encaminhar um pedido, juntamente com um laudo médico, exames e justificar que o uso de outros medicamentos não trata a doença. Mesmo com o encaminhamento da documentação, o paciente não consegue receber o medicamento na hora, pois o acesso depende do deferimento do processo e, quem defere e avalia esse processo é uma equipe do estado.
O município é responsável por estruturar o serviço da Farmácia Especializada. Os funcionários que atendem, que fazem a contagem do estoque e os pedidos, são do município, mas quem avalia, decide quem tem direito ou não, adquire e repassa é o Estado. O governo estadual tem uma lista de medicamentos padronizados, na qual cada um tem seu protocolo específico, por isso, nem todas as pessoas se encaixam para receber determinado remédio. 
As informações sobre quais medicamentos estão disponíveis para cada tipo de doença e quais protocolos são necessários para realizar o encaminhamento do pedido podem ser consultadas pelo site da Farmácia Digital, por meio do link: farmaciadigital.rs.gov.br/consulta/#/geral.

Farmácia Solidária

Outro meio de adquirir medicamentos gratuitamente é através da Farmácia Solidária, que está aberta ao público desde setembro de 2020. Ela segue a Lei nº 15.339 de 2 de outubro de 2019 – que institui o Programa Solidare no Estado do Rio Grande do Sul. Esse programa tem como objetivo centralizar o recebimento de doações de medicamentos não utilizados pela população, repassá-los às pessoas mais necessitadas, evitar o uso irracional de remédios, bem como a automedicação e a utilização de fármacos vencidos – que pode acontecer com o acúmulo de medicamentos em casa –, além de garantir o descarte correto e seguro dos remédios que não estão mais em condições de uso.
De acordo com a farmacêutica da Farmácia Solidária de Flores da Cunha, Sara Cardoso Boscato, a unidade recebe doações de medicamentos variados, desde os dispensados na Farmácia Básica Municipal até aqueles de alto custo: “Porém, nem sempre podemos garantir a continuidade do tratamento prescrito. Em algumas situações, a quantidade fornecida pode não atender a quantidade prescrita, uma vez que as quantidades disponíveis dependerão das doações recebidas”, explica. 
Ainda de acordo com Sara, a Farmácia Solidária ajuda na economia de algumas famílias que, muitas vezes, encontram medicamentos de alto custo disponíveis, mesmo que seja para um período curto de tratamento, o que, na maioria das vezes, corresponde a um valor representativo no orçamento dessas famílias. “O programa também tem auxiliado quando há faltas e desabastecimentos na Farmácia Especializada, cuja distribuição é realizada pelo estado”, afirma.
 “É um programa importante para conscientização social e também para estimular uma mudança cultural mais profunda, pois em uma sociedade que ainda enfrenta problemas de falta de medicamentos, observamos o acúmulo e o desperdício destes nas residências”, reflete a farmacêutica, ao mesmo tempo em que ressalta que através da doação voluntária, se reduz o perigo da automedicação, que pode causar danos à saúde.
Para quem deseja doar, os pontos de coleta dos remédios destinados à Farmácia Solidária podem ser encontrados na Farmácia Básica Municipal e Farmácia Especializada, ambas no Centro de Saúde, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), prefeitura, museu e Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Desde que iniciou o atendimento foram 98.092 itens arrecadados, uma média de 4.900 por mês. 
Segundo Sara, atualmente a unidade atende em média 45 pessoas por mês, uma demanda muito menor que a Farmácia Básica Municipal, e que, por isso, seu atendimento ocorre apenas uma vez por semana, todas as quartas-feiras, das 13h30min às 16h30min, na sala ao lado da Comissão Assistencial, na rua D. Pedro I, 3.320, no bairro União. “Na Farmácia Solidária não há uma lista padronizada, os medicamentos e as quantidades disponíveis para distribuição dependem totalmente das doações recebidas”, esclarece.
A retirada de medicamentos ocorre da mesma forma que nas UBS e Centro de Saúde, mediante apresentação de um receituário válido, Cartão SUS de Flores da Cunha do paciente e documento de identificação de quem está retirando. “Não são aceitos receituários de médicos veterinários. Além disso, o beneficiário do programa será informado e deverá assinar termo de conhecimento sobre o programa, no momento da primeira retirada”, informa a farmacêutica, ao mesmo tempo em que relata que não são entregues medicamentos para menores de 18 anos de idade, desacompanhados de responsáveis.

Dicas para economizar na compra de medicamentos 

Programa Farmácia Popular 
Pesquise se o remédio que precisa está incluso no Programa Farmácia Popular. Pacientes com hipertensão, diabetes ou asma, podem conseguir os medicamentos gratuitamente nas redes credenciadas do programa. Os locais costumam estar sinalizados para serem identificados facilmente pelos usuários. 
Também são oferecidos pelo programa outros remédios com até 90% de desconto. Para se beneficiar basta comparecer a uma farmácia credenciada, apresentar a identidade e a receita médica – que não precisa, necessariamente, ser de um médico do SUS. Até 2017, o Farmácia Popular possuía uma rede própria, agora, o programa funciona apenas em parceria com redes privadas, que vendem medicamentos subsidiados.

Faça pesquisas 
Quando precisar de um remédio pesquise bem em várias redes de farmácias e drogarias. É possível que alguma delas cubra os valores de outros locais. Uma outra ferramenta útil é utilizar os comparadores de preços, que mostram os locais que estão praticando os melhores descontos.

Cuidado com 'armadilhas'
Até mesmo mais que os supermercados, as farmácias estão planejadas para levar as pessoas a comprarem mais, todo seu trajeto, principalmente nas grandes redes, levam a compra de produtos que não tem necessidade, principalmente os isentos de prescrição, por isso, compre somente o que for preciso e evite produtos que não são seu foco, como balas e chocolates, pois geralmente poderia comprar esses produtos em outro local, e com um valor bem mais baixo. 

Programas de fidelidade
Muitas farmácias aceitam os programas de fidelidade dos laboratórios e os descontos podem chegar a até 70%, dependendo do medicamento.

Desconto para a profissão ou plano de saúde
Caso você seja vinculado a um sindicato ou associação de classe profissional, confira se existe uma parceria com alguma rede, o que também pode dar um desconto na compra. Diversos estabelecimentos ainda dão descontos a usuários de alguns planos de saúde.

Prefira os genéricos 
Solicite ao seu médico que ele prescreva o medicamento pelo nome do princípio ativo, e não pelo nome comercial, para que seja possível escolher o genérico, que sempre é mais barato. Vale a pena também comparar os valores do mesmo genérico de diferentes laboratórios.

Fontes das dicas: Proteste, Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) e site Estado de Minas.

 - Valdinéia Tosetto
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário