Máquinas são criadas para facilitar a colheita da uva
Produtores de Flores da Cunha elaboram colheitadeiras mecanizadas que têm por objetivo reduzir a mão de obra
Estamos em plena época de colheita da uva e facilitar esse processo, que requer mão de obra e disposição para passar horas exposto ao sol, é o desejo de muitos produtores. Novidades para essa área vitícola são apresentadas diariamente e uma das tecnologias que tem se tornado bastante conhecida é a colheitadeira mecanizada de uva para uso em parreirais latados, esses bastante comuns na região da Serra. O equipamento é empregado em países como Chile e Itália, feitos por empresas reconhecidas como a Pulcinelli. Mas a novidade é que dois produtores de Flores da Cunha têm desenvolvido suas próprias colheitadeiras. É o caso dos irmãos Cassiano Casagranda, 33 anos, e Lucas Casagranda, 28 anos, moradores da Linha 60, e que há três anos têm trabalhado na máquina própria. Cassiano, que tem experiência na área de mecânica, e Lucas, que trabalha com parreirais, se uniram para desenvolver o equipamento na empresa da família, a MCA Casagranda. “Começamos por causa da necessidade, os amigos foram comentando e a partir disso fomos olhando vídeos que estavam disponíveis e aperfeiçoando a mecânica”, conta Cassiano.
O trabalho não foi fácil e do primeiro protótipo muitas mudanças foram feitas. “Houve bastante dificuldade, porque ajustávamos de um lado e aparecia algum problema do outro, até que no final do ano passado a máquina estava concluída”, cita. Até o momento a empresa vendeu três colheitadeiras, sendo dois compradores em Flores da Cunha e um em Antônio Prado. O preço médio é de R$ 100 mil e toda a fabricação é feita na mecânica da família.
A colheitadeira mecanizada é acoplada a um trator e possui alavancas que permitem regular a velocidade de avanço em relação aos requisitos de trabalho e abas laterais que garantem a recuperação do fruto. E, por meio de uma correia transportadora, a uva é colhida e transportada ao recipiente. Um sistema de sucção elimina as folhas e outros detritos. Conforme os irmãos, a máquina tem um sistema de autonivelamento que se adapta em terrenos irregulares ou com desníveis. A sugestão dos fabricantes é que o produtor realize a condução das frutas (processo que é feito durante a poda) para o meio da fileira dos parreirais, evitando assim perdas nas laterais onde a máquina não alcança. Um bolsão está em desenvolvimento para os parreirais que ainda não tem esse sistema de condução. “Estamos muito satisfeitos com a colheitadeira e nem esperávamos resultados tão rápidos. Também ficamos felizes que quem investiu está tendo resultados positivos”, diz Lucas.
Vantagem
A grande vantagem do equipamento é a redução da mão de obra. Os irmãos Casagranda garantem que ela substituiu entre 15 a 20 pessoas e, dependendo das condições do terreno, colhe até 1 hectare por dia. A perspectiva é duas pessoas operem a máquina, uma para conduzir e outra verificando as caixas e controlando demais itens. “Em dois anos de testes a colheitadeira não apresentou nenhum problema de quebra de gema ou danificação da parreira, sendo que a produção se manteve a mesma”, aponta Cassiano.
A partir de agora, os irmãos devem realizar demonstrações em propriedades e continuar com o processo de fabricação. Em média, o equipamento leva 45 dias para ficar pronto.
Protótipo em andamento
O agricultor Anderson Giacomin, morador do distrito de Mato Perso, também trabalha no desenvolvimento de uma colheitadeira mecanizada de uva. Desde 2015 ele realiza os primeiros testes e na safra passada chegou a colher cerca de 60 toneladas nos parreirais da Vinícola Hortência com o equipamento. Neste ano, Giacomin trabalha no aperfeiçoamento da máquina, que também é acoplada a um trator. “Ela tem as vantagens de ser mais compacta com ajustes de largura, facilitando a colheita em vinhedos com diferentes larguras de fileiras”, destaca o agricultor, frisando que para ela funcionar perfeitamente o vinhedo precisa ser modificado. “Tenho uma área hoje de dois hectares que já está sendo feita essa mudança. A videira tem de ser conduzida ao centro da fileira para a máquina passar e colher toda a uva. Nos parreirais mais antigos, demora alguns anos para serem adaptados perfeitamente”, diz Giacomin.
Por enquanto, o agricultor está em fase de testes e não tem previsão para colocá-la no mercado. “Quero fazer a colheitadeira funcionar perfeitamente antes de por à venda, o que tenho encaminhado é o registro de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi)”, pontua.
Assista
Vídeos sobre o funcionamento das duas colheitadeiras mecanizadas de uva podem ser vistos no canal do Jornal O Florense no Youtube e nos links abaixo.
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